cap. 9

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  • Dedicado a Bruna Santos
                                    

Resolvi não vestir a camisola que me tinha saído no kit e apenas me desloquei ao quarto da Anny que ainda estava a dormir e tentei acorda-la o mais devagar possível imaginado cada palavra que podia ser dita da melhor maneira para a surpreender com os bilhetes e com o dia que lhe esperava. Pus tudo o que lhe pertencia em cima da cama, mesmo ao fundo dos seus pés.

Ela finalmente acordou e esfregou os olhos, fazendo-me lembrar quando eu era mais nova que acordava quase todos os dias cheia de sono, especialmente quando era época de testes. Finalmente ela olhou para o lugar que eu queria e lágrimas escorreram pelo seu rosto e os seus pequenos braços apertaram firmemente o meu pescoço. Missão cumprida. A minha irmã, depois de tantos anos, encontrava-se neste momento feliz e ansiosa, como todas as crianças deviam estar, como eu desejava que todas se sentissem.

"Vamos ter um dia em grande, não achas?", senti os meus olhos molhados depois de pronunciar cada palavra, adorei ver toda as suas emoções naquele momento. Adorou ver-se ao espelho com a camisola do Harry e adorou as canetas que levaria para o princípio do ano letivo, o cachecol também estava à volta do seu sensível pescoço. Depois disto senti arrepios. Aquela parte do seu corpo fazia-me mal. Ela estava vaidosa com tudo aquilo, ela quis arranjar-se e mais uma vez abraçar-me depois de lhe pentear o cabelo e lhe marcar a cara com "1D", tenho a certeza que ela quer parecer, e é, a melhor fã.

Tomamos o pequeno-almoço. Os avós sentiam-se felizes por verem algum tipo de vida em Anny e eu mais feliz ainda por poder transmitir à minha irmã momentos destes, para que uma vez em muito tempo ela usufrua daquilo que mais gosta. Apesar de todos sermos diferentes, encontro em nós a semelhança de ter vontade de viver os nossos sonhos, todos nós sonhamos. E eu sonho com uma Anny feliz, uma mulher de sucesso enquando é e sempre será a minha mais que tudo no mundo.

Não sabia o que vestir quando me olhei no espelho do meu quarto. Encontrava defeitos em tudo, até tinha medo de sair à rua naquele estado tão depressivo. Provavelmente vão pensar que tenho qualquer tipo de doença. Os meus olhos estão fundos apesar da animação do dia de hoje. As minhas covinhas estavam salientes, era verdade, mas a minha pele continuava pálida e morta. Decidi espalhar alguma base pelo meu rosto e procurar todos os meus acessórios de maquilhagem que tinha espalhados por uma caixinha feita pela minha mãe no seu antigo atellier mágico, amava ir para lá e desenhar artigos novos que ela adorava produzir. Muitas vezes tinham sucesso o que me deixava orgulhosa e ainda mais sonhadora do que neste momento sou. Acho que muitos dos meus sonhos deixaram de existir. 

Deixei-me de pensamentos e experimentei pelo menos quinze camisolas e vinte calças, saias e calções. Parecia que nada me ficava bem, parecia que nada que eu vestia era meu ou que alguma vez me interessei em comprar tudo aquilo. Arrumei tudo, estava demasiado aborrecida para escolher uma peça de roupa destas antiguidades todas. Não quero que eles reparem em mim, claro que não, mas também não quero parecer mãe da Anny, ou então pior, a avó. Deitei-me na cama e este dia não estava a ser tão animado como eu gostava que fosse, mas sim apenas muito depressivo e stressante. Enquanto fechava os olhos para combater as minhas dores de cabeça, alguém bateu à porta do meu quarto.

"Sim, pode entrar.", dei ordem.

"Estás bem querida?", era a minha avó com os seus cabelos grisalhos a entrar pelo meu quarto com os seus pés de fada que faziam qualquer um se encantar e se contagiar deixando-se falar com ela, como se falassem com uma fada madrinha, ela era a minha fada. Ela antes de ser minha avó, era minha mãe e era a grande influência, ou melhor, a única verdadeira e boa influência que eu tinha na vida. Era trabalhadora, dedicada à família e linda de morrer. Se eu fosse como ela, embora mais nova, acho que podia vertir um fato de treino e ir ao concerto.

"Sim, acho que estou bem, só não tenho nada de jeito para vestir.", a minha avó ficou pensativa e depois sorriu e saiu do quarto, deixando a porta aberta.

Por ti, que lhe fizeste falar - Harry Styles.Onde histórias criam vida. Descubra agora