cap. 19

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“…Everybody wanna steal my girl

Everybody wanna take her heart away

Couple billion in the whole wide world

Find another one cause she belongs to me…”

 

Admito que ele é maravilhoso, ele é tão melodioso que me faz sentir uma canção. Eu não devia estar rigorosamente encantada por ele. Afinal, quando estas portas se abrirem ele vai esquecer-se de mim e dos momentos espantosamente engraçados que teve ao meu lado. Ele era tão bom para mim e eu sabia que não iria admitir isso, nem eu mesma me admitia. Eu queria-o fora da minha vida, assim como o queria dentro. Queria-o a escavar as profundidades de mim e a mostrar-me o que é isso de estar esplendorosamente apaixonada por alguém. E se ele me destroça? Me esmaga literalmente cada osso do meu corpo com alguma palavra? Com algum ato. Eu não quero fazer parte de ninguém. Deixava-me morna ainda a sua voz, assim como me esfriava a distância da diferença de personalidade que nos alcançava. Ao mesmo tempo ele era tão eu que me adoçava. Sentia-me uma chávena de chá quente por adoçar e com o adoçante bem ao lado. Falta a colher entre nós, falta a sensibilidade para sermos mexidos e depois bebidos, ingeridos, saboreados. Podíamos também saborear o sabor intenso e doce nos lábios. Partilharmos a sensação do repouso dos lábios na borda da chávena e queimamos. Queimar pode doer, mas sabe tão bem. Será que ele gostará de me queimar?

“Vais continuar pensativa? Não sei que horas são mas adoraria não passar a noite toda calado. Não faz muito parte da minha maneira de ser estar em silêncio.”, chutou duas frases que me iludiam. Seria apenas passar tempo comigo ou queria falar? Quereria ter uma conversa que nos despertasse? Eu despertaria, qualquer sentido. Mesmo com medo de me sentir controlada por ele.

“Queres conversar sobre quê?”, eu no fundo não sabia que tipo de conversa gostaria de ter com ele, gostava de lhe dizer que já não o odiava assim tanto e perguntar-lhe se os seus lábios sabiam a cereja. Saberiam?

“Primeiro gostava de saber que idade tens. Acho que faz parte de um casal amigos saber a idade um do outro”, ok… Ele disse que somos um casal? Quer dizer um casal amigo? Sei que tenho uma forte ligação com ele mas não sei se somos amigos. O que ele fez por mim para sermos amigos? O que eu fiz por ele? Aturei-o um par de horas. Nem sequer sei muito bem se foi exatamente isso que eu fiz. Adorei atura-lo se assim for. Adorei roubar aquele olhar para mim este misero par de horas.

“Tenho 18 anos e tu?”, de repente sinto que o queixo dele desce em expressão de admiração. Não entendi porquê. Deveria eu aparentar menos idade… Mais idade? Não sei. Desde criança me dizem que tenho cara de menina e corpo bastante desenvolvido comparativamente às raparigas que me acompanhavam na escola.

Lembro-me de como eram grandes os meus seios quando olhava para a minha parceira nas aulas de educação física. Sentia vergonha e tinha medo que os rapazes me comentassem a todo o momento.

“Eu tenho 20. Mas sinceramente não estava à espera que não soubesses a minha idade”, lá estava ele novamente com a sua drástica mania de achar que o mundo roda à volta dele. Acho que por mais que eu lhe explicasse que as coisas não aconteciam assim e que ele era apenas o Harry Styles de uma banda qualquer denominada One Direction ele nunca se iria conformar.

“Pessoalmente, acho que tinhas mais sucesso como padeiro, dava-te mais valor!”, agarrei na minha barriga e ri como uma doida, obviamente que a expressão dele não estava como a minha mas sim um pouco interrogada e pensativa. O olhar dele continuava perpétuo e senti falta das covinhas no seu rosto num acompanhamento perfeito ao seu sorriso branco como neve. Sabemos que gostamos de alguém quando admiramos as suas particularidades e as dele eram sem dúvida as minhas favoritas.

“Antes de ser um membro da banda, eu trabalhei numa padaria, como esta.”, os olhos dele percorreram a pouca extensividade da cozinha da padaria do senhor Grogan, mais que meu chefe meu amigo, que se encontrava numa confusão perfeita, sem linearidade e sem deslumbramento qualquer. Tal como eu. Não importava isso agora, o seu sorriso tinham voltado e acreditava eu que fosse por relembrar bons momentos que passaram e fizeram.

“Incrível, temos alguma coisa em comum.”, atirei-lhe com esta simples frase de um verbo e quando o seu rosto se encontrou com o meu, eu senti que o sorriso dele me pertencia e que os olhos de um magnífico verde se gostariam de se fundir com os meus. Não gostava de admitir que o admirava como nunca admirei ninguém, mas ele tem um charme que me lembra o meu pai quando sorria docemente para a minha mãe sempre que se sentavam frente à lareira da casa da aldeia e bebiam chocolate quente até ser horas de deitar. Sentia falta disso, mas na verdade sentia mais falta da presença corporal do Harry que a poucos minutos, não sabendo eu quais, iria largar aquele espaço e majestosamente desapareceria no horizonte.

“Acho que temos duas coisas em comum”, no final do pronunciamento desta sua frase senti-me ligeiramente surpresa mas interrogada. Não saberia exatamente da segunda coisa que nos ligava, haveria alguma ligação com o passado? Eu queria saber, mas não havia a coragem de lhe perguntar o que era, o que ele achava disto tudo. Iria eu ter oportunidade de o ver mais uma vez? Não peço duas, é tanto. Mas só mais uma tarde como esta, afinal isto tudo aconteceu porque me queria ver, não foi? Senti-me deliciosa por fazer tão parte daquilo que ele queria, mas isto era só o meu coração a falar, porque o meu psicológico mantêm-me fria e distante, como ele o queria ou não.

De repente agarrou na minha mão e com os seus dedos longos e ossos destes perfeitamente rígidos e intactos massajou os nós dos meus dedos, deixando-me perdida naquele movimento regular em volta das partes remotas de uma mão que era a minha.

Um bater na porta estridente começou e ele não teve tempo de acabar o que começou e o cavalo no meu peito estava a matar-me vezes e vezes sem conta. 

Por ti, que lhe fizeste falar - Harry Styles.Onde histórias criam vida. Descubra agora