- Cláudia está na hora de acordares - acorda-me o Patrick.
Acordei meio confusa por ver o Patrick no meu quarto, mas depois lembrei-me dos acontecimentos da noite passada. Ele e a minha mãe estão oficialmente a namorar. Quando eu era criança isso era o meu sonho, e agora estou a vivê-lo.
- Dormiste cá ? - perguntei
- Dormi e fiz o pequeno-almoço para ti. - informou-me
- Que horas são ?
- São sete horas
- Já devia estar em pé - disse, caminhando para à casa de banho
- Não precisas de ter tanta pressa. Agora eu vou levar-te a escola de carro
- Sério ?
- Sim
- Podia habituar-me a esta vida
- Podes habituar-te mesmo porque a partir de hj será sempre assim
- Patrick, obrigada- agradeci com um sorriso radiante no rosto
- Por quê ?
- Por tudo - respondi dando-lhe um abraço
- Prepara-te - ordenou
- OkayHj vai ser o melhor dia da minha vida : não vou chegar atrasada, vou conseguir tomar um pequeno almoço incrível preparado pelo meu padrasto, vou tomar banho sem me preocupar com o tempo e talvez até vá maquilhar-me.
Comecei por fazer a minha cama, arrumar os livros na mochila. Depois de vestida fui tomar o pequeno almoço.
- Bom dia, mãe - cumprimentei- a
- Olá, querida - retribuiu o cumprimento
- Hoje, o Patrick fez panquecas
- Sério ?
- sim
- Que fixe !! Onde estão ?
- Estão no balcão
- hummmmm - acabei o meu pequeno almoço em silêncio e depois lavei os dentes.Das escadas, ouço o Patrick a chamar por mim
- Já vou - respondi enquanto secava as mãos com a minha toalha verde
- Bom dia - disse- me, dando um beijo na testa
- Olá
- pronta ?
- Sim, PatrickDurante a viagem, ouvimos RFM - a rádio das melhores músicas. Ficamos em silêncio enquanto apreciávamos as músicas. Um silêncio nada constrangedor. Na minha opinião, quando se conhece muito bem uma pessoa , o silêncio acaba por não ser constrangedor. Não é preciso palavras para eu e o Patrick nos comunicarmos.
- Pronto, estás entregue - anuncia o Patrick
- Adeus e obrigada
- Boa escola
- Obrigada;bom trabalho. - agradeci
Desci do carro e fui logo para o laboratório porque a primeira aula do dia de hoje é biologia. Olhei para o ecrã do meu telemóvel e vi que ainda faltavam sete minutos para o início da aula.
- Bom dia, Cláudia - olhei para cima e vi o Bernardo. Ele foi meu amigo quando eu era bastante conversadora e amiga de todos. Quando era criança...
- Olá, Bernardo - cumprimento
- Nunca mais te vi. Como estás ? Estes dias tenho pensado muito em ti
- Eu estou bem e como é que tu estás ?
- Eu também estou bem, mas estou um bocado ansioso, porque hoje começa a eleição do capitão de equipa. - confessou
- Vais ganhar como a do ano passado - disse com a intenção de o acalmar
- Espero que sim
- E o que tens pensado sobre mim ?- perguntei curiosa
- Tenho pensado nos tempos do infantário. Eu lembro-me que era apaixonado por ti
- Sério ? - questionei muito surpreendida.
- Sim, gostava mesmo muito de ti
- Mas nós éramos crianças - expliquei
- E eu era uma criança apaixonada
- Eu não sabia disso.
- Às vezes, pensamos que ninguém gosta de nós, mas há sempre alguém que goste mesmo ao nosso lado. Pode estar mesmo à frente de nós.
- Okay
- Okay
- Tenho de ir para a eleição
- Okay - tenho mesmo de aumentar o meu calão, pensei para mim mesma
Alguns minutos depois, apareceu a professora Estefânia.
- Olá, pessoal. Já têm os grupos feitos ?
Trabalhos de grupo... odeio-os. Sou sempre a última a ser escolhida por acharem-me esquisita e faço sempre o trabalho sozinha. Os trabalhos realizados em grupos lembram-me o quanto é que eu sou considerada uma falhada. Sinto-me muito desconfortável durante a execução destes.
- E tu Cláudia , já tens grupo ?
- Stora, queria mesmo falar consigo a esse respeito. Eu queria saber se há alguma possibilidade de eu fazer o trabalho sozinha...
- Fora de hipóteses, Cláudia. A escola não é apenas um lugar para vocês aprenderem a matéria, mas também aprender a interagir com outras pessoas. Vais ter de arranjar um grupo urgentemente porque senão tens zero no trabalho.
- Percebido - respondi um tanto chateada e nervosa por haver a possibilidade de tirar zero no trabalho
- Olá, Cláudia. - cumprimentou-me uma cara nova
- Olá
- Eu sou a Vanessa, sou nova na escola. Eu também ainda não tenho grupo. Posso ficar contigo?
- Claro, mas temos de arranjar mais uma pessoa
- Eu trato disso até ao final da aula.
- Okay - eu e o Okay...
Entramos todos para o laboratório. Durante a aula reparo que a Vanessa está a perguntar aos colegas se já têm grupo. Acho que se ela soubesse como eu sou considerada aqui na escola não aceitaria fazer trabalho de grupo comigo.
O Patrick explicou-me que eu não sou anti-social, mas eu sou considerada uma para a gente nova e não gosto. Eu sou apenas uma rapariga introvertida. Se as pessoas acabassem por conviver comigo, viriam que eu apenas sou mais reservada e calada. Eu não acho que ser introvertido seja um defeito, muito pelo contrário. As pessoas introvertidas sabem melhor quem são os seus amigos por conviverem com poucas pessoas. Por outro lado, as extrovertidas podem ser facilmente enganadas por expressar os seus sentimentos. Acho que com as pessoas certas eu também posso demonstrar os meus. Talvez o Gabriel seja uma dessas pessoas certas.
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Perfeito para mim
RomanceCláudia é uma jovem finalista que tem imensas dificuldades em socializar, culpando a falta de um pai por isso e escondendo-se nos livros. Gabriel é um rapaz desportista proveniente de trás-os-montes e que procura uma vida nova, após a separação...