Cláudia ( 12 )

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Três meses. Já passaram três meses, mas parece que tudo é tão recente. Depois de eu ter descoberto que o Gabriel estava interessado na minha única quase amiga, decidi dar um tempo sem conviver com eles para conseguir racionalizar. Claro que o Gabriel tentou conversar comigo várias vezes para explicar o acontecido, mas eu não estava pronta para essa conversa. O Patrick acha que eu devia ouvi-los primeiro e depois tirar as minhas conclusões, mas eu não me sentia pronta para essa conversa. Nestes últimos três meses, a minha maior dificuldade tem sido evitar a Vanessa devido à nossa convivência académica obrigatória.

Esta semana, comecei a escrever um diário porque é uma forma que o Patrick arranjou para eu conseguir expressar melhor os meus sentimentos e tem-me ajudado imenso.

Falta apenas uma semana para as férias de Natal. Nesta época natalícia, eu e a minha mãe geralmente passamos sozinhas em casa, mas este ano com o Patrick será diferente. Vamos a um Chalé que fica perto da Serra da Estrela; estou muito ansiosa.

Acredito que tenho amadurecido estes meses pois estou a ver as coisas com mais clareza. A literatura ensinou-me a ver a vida de outra forma, porque aprendi que quando estamos a viver demasiado algo, a " imagem " fica desfocada, mas, quando decidimos afastarmo-nos começamos a ver esta " imagem " de uma forma mais nítida. Então, foi o que eu fiz. Afastei-me do Gabriel para conseguir compreender tudo.

Eu só queria algum tempo para pensar e pedi-lhe que mo desse. Foi o que ele fez apesar de, no fundo do meu coração, eu querer que lutasse mais por mim. Acho que já me começo a sentir preparada, por isso, pretendo contactá-lo depois das férias de Natal.

Às vezes, penso como é que teria sido a minha vida se a Vanessa não tivesse aparecido. Será que alguma vez eu teria conseguido a segunda cara do Gabriel ? Há realmente essa segunda cara ? Ela ainda quer ser minha amiga ?

Isto tudo são questões que seriam facilmente respondidas se eu fosse capaz de as colocar à Vanessa. Por falar em Vanessa, acho que uma vida sem ela teria sido bem mais fácil, mas a verdade é que seria apenas uma mentira. Foi bastante difícil fazer o trabalho com ela. A rapariga com quem o fizemos chama-se Carol.

O clima está horrível, chove há vários dias seguidos e não vejo o sol há outros tantos. Não me lembro de ter vivido um inverno tão frio.

O Patrick e a minha mãe estão ótimos e tornaram-se no meu casal favorito. Perdoem-me, Shakira e Piqué! Nestes três meses, decidi também entrar em várias redes socias ( e até tenho tido bastante sucesso ) e fazer algumas mudanças no meu visual, nomeadamente, cortar o cabelo ( agora uso-o pelos ombros ). Eu gosto imenso deste meu " eu " atual.

Quando olho para o espelho, já não vejo uma menina tão tímida, indecisa e indefesa. Agora vejo uma menina linda, forte e determinada. Eu amo-me e já nem penso no meu pai. Segui em frente. Lembro-me de que em pequena sonhava com ele. Imaginava o meu pai como um homem alto, moreno com barba e olhos iguais aos meus. Foi assim que a minha mãe o descreveu nas poucas vezes que falou dele. Sei também que o seu nome é Manuel e sei-o porque foi obrigado a registrar-me. Nunca soube como é que reagiu quando soube que a minha mãe estava grávida e se a sua esposa ficou, ou não, à par do assunto. Mas a mais pura verdade é que o meu pai é o Patrick porque desde que o conheço tratou-me como sua filha ( algo que só me apercebi agora )

Eu e a Carol estamos muito próximas, ela é fantástica e inteligentíssima. Adoro-a e até estamos a pensar em irmos à casa uma da outra. Afinal, sempre posso ser feliz sem um rapaz.

Perfeito para mimOnde histórias criam vida. Descubra agora