♦ Capítulo 6 ♦

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Culpa:

Responsabilidade por dano, mal, desastre causado a outrem.


    PENNELOPE HAVIA DEMORADO ALGUNS minutos, mas logo conseguira encontrar algum corredor que lhe parecia familiar.

    No fim, acabou encontrando uma outra escadaria que dava para o primeiro andar, agradecendo internamente por não levar tanto tempo. Coincidentemente, quando estava prestes a descer, a imagem de Vanya se fez presente ao pé das escadas. Ela parecia preocupada, e a expressão de cansaço ainda se mantinha em sua face exatamente como na noite anterior. Pennelope suspirou, descendo lentamente os degraus, mas ao ouvir outra voz ela parou. Sua curiosidade falou mais alto e ela se abaixou, para que ninguém a notasse ali.

    — Pratrick... Não...! — Era uma voz feminina, e parecia prestes a chorar. Em seguida, a garota ouviu o som de algo batendo em outra coisa, mas não soube dizer o que era. 

    — Você está bem? — Agora quem perguntava era Vanya, e Pennelope conseguia vê-la de onde estava, através do corrimão da escada. Ela parecia preocupada. 

    — Sim. — A outra mulher respondeu depois de um tempo. A voz parecia muito mais firme agora.

    — Bem, eu nunca conheci seu ex-marido, mas...me parece um cretino. — Vanya parecia tentar a consolar, e pelo que a garota entendeu, Patrick era o ex-marido.

    — Essa é a palavra pra ele. — A outra voz respondeu, num sussurro. 

    — Quer saber? Provavelmente está melhor aqui.

    — Não, estou melhor com a minha filha! — A maneira grossa com que a outra mulher soara fez Vanya estremecer, e isso havia tirado Pennelope do sério. Não é por que  tua vida tá uma merda que você tem que descontar nos outros.

    — Claro. — Vanya murmurou, arrependida de suas palavras anteriores. — Desculpa, eu não queria- — Ela fora interrompida.

    — Sabe, seu eu quisesse um concelho, Vanya, não se ofenda, não seria de você. — Pennelope arregalou os olhos ao ouvir as palavras da mulher, se contendo para não sair de onde estava e a dizer umas poucas e boas. A visão de Vanya absorvendo tais palavras a fizera estremecer. Porque todos pareciam ser tão cruéis com ela? Ontem Five, e hoje aquela mulher.

    — O que quer dizer com isso? — Vanya perguntou. Sua voz soara tremula. 

    — Você não tem filhos. — A maneira como a dona da voz dissera aquilo, como se justificasse toda a sua grosseira, fez a raiva em Pennelope aumentar. — Nunca teve um relacionamento!

    — Isso não é verdade. — Tentou contrariar a mais baixa.

    — Então sabe como é amar alguém assim? Como se, ao estar longe dela, você não conseguisse respirar? Que morreria, quero dizer realmente...morreria...pra saber se ela está bem e feliz. — A visão de Vanya abaixando a cabeça, se deixando ser atingida por aquelas palavras, fez Pennelope engolir em seco. Aquelas palavras também haviam a atingido, e Pennelope podia senti-las a corroendo. Aquela mulher não entendia a força das palavras que dizia, porque todas elas estavam cobertas de culpa, arrependimento. Ela não amava ninguém daquela maneira, só se sentia culpada demais por algo que havia feito. Pennelope tinha certeza disso. — Você se distanciou de tudo e todos, sempre foi assim. — E então a pequena garota explodiu, rindo de maneira exagerada e chamando a atenção de ambas as mulheres para si enquanto se levantava. Aquela mulher havia tocado na ferida de Pennelope, mesmo que não fosse intencional, e ela nunca deixaria isso passar.

Mission Of The CopyCat ※ Number FiveOnde histórias criam vida. Descubra agora