Cheiro:
Sensação produzida no órgão olfativo pelas partículas voláteis que emanam de certos corpos.
PENNELOPE COMEU SEU LANCHE em silêncio, assim como Five.
Depois da conversa anterior, ninguém ousou falar mais nada, temendo tornar aquele momento mais constrangedor. A garota ainda podia sentir a insegurança correndo em suas veias e o medo de estar fazendo a escolha errada a consumindo, além da confusão que sentia continuamente lhe fazendo questionar o que era mais importante. Mas, sempre que olhava para o garoto, sentia-se acalmar um pouco, como se apenas a sua presença significasse estabilidade. Ela o tinha por perto. Se decidisse o matar, ele estava ali, e se continuasse a tentar salvar a humanidade, era só continuar o seguindo por ai.
Five, por outro lado, se sentia cada vez mais curioso quanto a garota. Era difícil compreender quais eram seus objetivos enquanto o seguia, mas sempre que ela se dispunha a ajudá-lo de maneiras que ninguém antes se dispôs por si, ele se sentia estranhamente bem. Era uma sensação nova e nunca antes experimentada por ele, mesmo que ele não soubesse o que o fazia se sentir assim.
O fato era que Pennelope, de sua maneira silenciosa e frequentemente irritante, o trazia afeto. Era algo que ele nunca soubera o sabor real além dos pequenos petiscos que recebera durante a infância. Reginald Hargreeves nunca os ensinou sobre isso, muito menos os deu, e nenhum dos irmãos sentiu necessidade de aprender por si só. Havia passado tantos anos longe de qualquer interação realmente humana, carregada de emoções reais e frustrações reais, que não tinha recordação nenhuma sobre isso. Sobre ser preservado por outro alguém.
Quando terminaram a refeição, a garota bocejou. Já faziam dias que não descansava, e mesmo que Five estivesse acostumado com isso, já podia sentir os sinais de exaustão correndo por suas veias. Pennelope se levantou, se espreguiçando e levando seu prato até a pia, sendo seguida por Five que fizera o mesmo. Ambos se encararam em silêncio e ela bocejou novamente, o contagiando.
— Você está dormindo de pé. — Five observou, e a garota o olhou cinicamente. — Devia ir dormir, pode ficar na minha cama.
— Ah e você não está nem um pouco cansado, não é? — Pennelope perguntou, cheia de sarcasmo. — Preciso tomar um banho. — Murmurou para si mesma. Five suspirou, pensando se deveria dormir também. No fim, concluiu que era uma boa ideia.
— Posso ver se acho algo pra você. — Sugeriu. — Talvez no quarto da Allison ou da Vanya. — Ela o encarou, o olhando de maneira engraçada. Parecia o analisar. — O que foi?
— Você está estranho, sabia? — Pennelope levou as costas de sua mão ao rosto do garoto. Seus dedos estavam frios quando tocaram a pele de Five. — Não tá com febre. — Five se desvencilhou do toque da garota, se afastando.
— Eu tô bem.
— Eu sei, é só que você vem sendo...não sei dizer, mais doce...? — Ele franziu o cenho. — Não me insulta nem revira os olhos pra mim já faz um bom tempo. — Ela deu um sorriso fraco. Five arqueou as sobrancelhas.
— Quer que eu faça isso? — Ela riu.
— Não não, gosto desse Five. — Comentou. — Mesmo que eu já esteja acostumada com você agindo como se eu fosse uma intrusa.
— Eu não faço isso. — Se defendeu, soando como se isso fosse um fato. — Mesmo que você seja realmente irritante.
— Eu?! Sou um anjo. — Protestou. Em seguida, bocejou novamente. Ela não se lembrava da ultima vez que havia dormido. Havia sido a três ou quatro dias atrás? Ou teria sido mais do que isso? — Um anjo exausto. — Five riu, e por um momento, Pennelope se viu apreciando aquele som. O garoto não ria com tanta frequência, e isso era uma pena. Ele tinha um sorriso adorável.
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Mission Of The CopyCat ※ Number Five
AdventureApós ser promovida a supervisora e passar anos sem receber missões de campo, Pennelope, The Copycat, recebe a difícil e estranha tarefa de executar um ex-agente. Ela só não esperava que essa se tornasse a única missão que talvez não fosse capaz de c...