XI

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    Já estávamos na terça-feira, três dias depois do acidente. Bom, acidente não era a palavra certa para descrever o ocorrido.

    Depois que apaguei no estacionamento, fui levado junto com os outros garotos para o hospital onde acordei em pânico, mas logo Wonwoo - que era menos machucado - me tranquilizou dizendo que todos estavam bem. O médico me examinou e apenas ganhei algumas recomendações e um curativo na testa por ter ralado a mesma.

    Os outros garotos estavam inteiros, o mais ferido era Jun que havia machucado o braço esquerdo na queda. Mas ninguém parecia verdadeiramente bem, principalmente quando dois policiais entraram na enfermaria onde nos encontrávamos e começaram a nos fazer perguntas sobre o ocorrido. Eu expliquei tudo que me lembrava, mesmo que não fosse muito, mas não estava entendendo nada do que acontecia.

    Então, enquanto os policiais conversavam com Minghao, Jihoon se aproximou de mim e me explicou. A van não explodiu sozinha, alguém havia causado aquilo. Contou também que ouviu seu pai falando com os oficiais sobre alguém ter plantado uma bomba de timer no motor, e a principal parte da história, aquele ocorrido tinha ligação direta com a tentativa de assassinato ao Seungcheol. Haviam tentado explodir o carro com ele dentro, e por pouco nós treze não morremos juntos.

    Depois que fomos liberados do hospital e os oficiais terminaram as perguntas pudemos enfim voltar ao colégio. O clima não estava nem de perto agradável, os alunos - que provavelmente já sabiam da explosão - nos olhavam preocupados, com medo, curiosos, mas ninguém abria a boca para dizer qualquer coisa.

    Nosso domingo não foi muito emocionante, alguns se recuperando, outros tentando esquecer o ocorrido focando nos estudos, mas tinham aqueles que ficavam pensando sobre a explosão, tentando entender porque estavam fazendo isso, e perdiam o sono. Eu estava desse jeito.

    No final da noite eu - que não havia saído do quarto o dia todo - descobri por uma mensagem de Chan que haviam policiais pelo colégio, policiais para garantir a segurança dos alunos e principalmente a segurança de Seungcheol.

    E aquela terça-feira não estava sendo muito diferente.

Eu estava na aula, mas isso não significava que eu estava concentrado. Meus olhos acompanhavam curiosamente o policial - gigantesco - que ficavam andando pelo corredor fazendo a guarda daquela ala. Ele passava a cada seis minutos e checava as salas pelas janelas de vidro, não que eu estivesse contando. Aqueles movimentos dele só me deixavam mais nervoso, e era possível ver isso por minha perna que eu não conseguia parar de mexer.

A professora estava falando a minha frente, mas minha mente estava totalmente desligada das suas palavras, pois elas estavam vagando até a noite de sábado tentando repassar tudo e, mais uma vez, entender os acontecimentos.

Sabendo que eu não conseguiria nada muito produtivo naquele dia, resolvi ir ao banheiro para esfriar a cabeça - ou pelo menos tentar colocar os pensamentos em ordem. Assim que recebi a permissão da professora de filosofia para poder me retirar da sala, segui ao banheiro. Os corredores estavam tão silenciosos, tirando o barulho irritante das botas de borracha dos policiais quando eles passavam por mim.

O meu celular começou a vibrar em meu bolso, ele sempre ficava sem volume durante as aulas para não atrapalhar minha concentração, mas como eu estava fora da sala peguei o mesmo para checar quem estava me chamando.

Era Seungcheol.

sinto que é um ótimo momento para te mandar mensagem

Eu ri assim que li a frase.

você anda me espionando?

Le RoseyOnde histórias criam vida. Descubra agora