XIV

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    Eu provavelmente deveria acordar falando coisas bonitas sobre a vida e refletindo sobre o jeito que tudo mudou desde que comecei a estudar no Le Rosey, ou talvez ficar observando Seungcheol dormir ao meu lado depois da nossa primeira noite de amor. Mas nada disso aconteceu, primeiro porque eu estava com uma dor terrível no corpo e cheio de marcas. Não que eu estivesse reclamando da noite gloriosa que tivemos, eu não trocaria aqueles momentos por nada no mundo, foi mais perfeito do que eu sequer podia imaginar, mas isso não me impedia de ficar dolorido. Eu também não podia parar para pensar na minha vida porque eu estava atrasado. 

    Havia combinado com os meninos que nos encontraríamos no aeroporto para nos despedirmos antes de cada um seguir para seu respectivo país. Ainda faltavam duas horas, mas sabia que até chegar no aeroporto todo esse horário seria usado no percurso, então eu estava relativamente atrasado.

    E eu também não poderia observar Seungcheol dormindo porque ele não estava mais lá quando acordei. Se eu não estivesse tão desesperado com o horário e preocupado com os acontecimentos do dia anterior eu pararia para pensar que era bem triste ele ter saído sem se despedir depois da nossa noite. Eu sabia que Seungcheol jamais seria o tipo de cara que some depois de transar com alguém que ele diz gostar, mas ainda sim eu estava preocupado e alguns porcento decepcionado.

Enquanto eu tomava banho e me trocava no banheiro, ouvi a porta do quarto abrir e logo imaginei ser Mingyu que havia passado a noite fora. Depois de vestido, perfumado e pronto para terminar de arrumar as coisas da viagem, sai do banheiro às pressas. Foi assim que encontrei Seungcheol sentado em minha cama aparentando um nervosismo incomum nele.

Ele já estava banhado, com roupas limpas e segurava em sua mão seu celular. Por um momento imaginei que talvez o assassino tivesse mandado outra mensagem e por esse motivo Seungcheol estava agindo tão desesperado.

Sentei-me ao seu lado, tocando seu ombro o mais delicado que conseguia, preocupado com o que podia ter acontecido.

- Hey, Cheol. - seus olhos pousaram no meu rosto, com aquele mesmo olhar cheio de brilho que ele costumava me lançar. - Você está bem?

- Bem não é uma palavra que me define no momento. - brincou. Seus lábios curvados em um pequeno sorriso ansioso. - Eu estou nervoso, tremendo e morrendo de medo de fazer besteira.

- Que besteira você poderia fazer?

- Não acredito que vou mesmo fazer isso. - ditas as palavras, Seungcheol respirou fundo antes de segurar em minhas mãos e prosseguir: jamais me imaginei dizendo isso para alguém com tanta convicção quanto estou prestes a fazer agora, porque desde sempre achei que jamais sentiria algo assim por uma única pessoa. Mas você chegou na minha vida de modos estranhos e nada convencionais, e talvez esses fatores tenham contribuído para eu sentir tudo o que sinto no momen...

- Respire, Cheol. Diga com mais calma e ten...

- Eu gosto de você! - não foi bem um grito, mas foi algo que me assustou. Certamente porque suas palavras tinham um impacto devastador em mim. Eu gostava de Seungcheol, não negava isso de modo algum, meu olhar bobo sobre o mesmo e o jeito que eu admirava qualquer coisa que ele fazia eram provas irrefutáveis sobre isso. Ter Seungcheol admitindo os mesmos sentimentos por mim era um sonho se tornando realidade, era como flutuar nas nuvens e conhecer das mais doces sensações que a vida podia me proporcionar. - Caraca, achei que ia ser mais difícil dizer.

- Você...

- Eu precisava dizer te dizer isso antes que você fosse para a Coreia. E preciso fazer mais uma coisa. - em três passos firmes, Seungcheol chegou mais a frente e apertou minhas mãos ainda mais, era notável que ele estava nervoso já que não parava de tremer as mãos. - Namora comigo?

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