XIII

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O relógio sobre a escrivaninha ruía levemente ao que os ponteiros andavam, o quarto estava silencioso o suficiente para que o barulho pudesse ser ouvido claramente pelo cômodo. Jeonghan se encontrava sentado em sua cama, com a cabeça apoiada nos joelhos e os olhos focados na última gaveta de sua cômoda onde havia escondido o pequeno embrulho com o bilhete carinhoso.

Havia se passado um pouco mais de uma hora desde que havia recebido o pacote. Desde aquele momento havia tido algumas crises, ficou com medo, então se desesperou, deitou-se na cama para se acalmar e por último tentou bolar um plano e resolver aquela situação sem que ninguém saísse machucado. No final, não havia chego a lugar algum.

Queria contar a polícia, queria pedir ajuda a seus amigos, queria gritar por não saber quem era a pessoa que estava causando um tumulto em sua vida. Mas não podia fazer muita coisa.

Jeonghan, decidido do que iria fazer, resolveu que deveria encontrar alguém.

Antes que sequer pudesse se levantar da cama, algumas batidas altas soaram na porta assustando o garoto que se mantinha alheio ao que ocorria a sua volta. Não precisou dizer qualquer coisa para que a pessoa do outro lado ouvisse porque logo a porta foi aberta com delicadeza mostrando um Seungcheol com um olhar preocupado.

Os olhos do mais velho, assim que pousaram em Jeonghan, adotaram um alívio incomum junto de um brilho que deixou seu rosto mais iluminado. Os lábios foram puxados em um sorriso carinhoso que mostrava claramente o quão contente Seungcheol estava por encontrar Jeonghan ali.

    - Seungcheol...

    - Se eu pudesse medir em metros o quão feliz eu estou de te ver aqui, ir até o Sol e voltar não seria o suficiente. - Seungcheol sussurrou enquanto, em passos lentos, se aproximava da cama do mais novo. Seu sorriso murchou por alguns segundos ao perceber que Jeonghan não parecia tão bem quanto imaginava que ele estaria assim que o encontrasse. - O que houve?

    - Nada. - respondeu Jeonghan rapidamente. Essa velocidade só deixou mais clara sua mentira.

    - Hannie, por que você parece tão triste? - Seungcheol se sentou na cama em frente ao outro. Os dois ficaram se olhando por alguns segundos, como se conversassem apenas pelo olhar, trocassem sentimentos que não eram percebidos por outros.

    - Só... - Jeonghan parou para pensar em sua resposta. Se dissesse a Seungcheol o que havia ocorrido tinha uma grande chance de levar uma bronca ou eles brigarem. Mas se mentisse iria se sentir péssimo. - Estou pensando se vou sentir saudades.

    Não era uma mentira. Apenas uma ocultação. Era o que Jeonghan pensava enquanto olhava para o mais velho a sua frente. Mas ele se esquecia que meia verdade é uma mentira inteira.

    - Você ainda nem foi para a Coreia. - brincou Seungcheol encostando-se na parede ao lado da cama.

    - Sempre fomos eu e Seungkwan. Nunca precisei sentir saudades dele porque passávamos parte das férias juntos. - suspirou deitando a cabeça no colo do outro. - Agora eu tenho onze pessoas a mais na minha vida.

    - Digo por experiência própria, a saudade vai existir, mas as férias são tão pequenas que quando perceber eles já estarão de volta.

- Deve ser solitário ficar no colégio enquanto todos vão para casa no Natal. - Jeonghan virou-se ainda deitado para olhar diretamente para o mais velho.

- Faço isso a tanto tempo que não me importo mais. - os dedos de Seungcheol se enroscaram nos cabelos do outro enquanto tentava lhe fazer um carinho. - Meus pais sempre viajam nessa época do ano, mas não sei se farão dessa vez.

Le RoseyOnde histórias criam vida. Descubra agora