A manhã de domingo estava ensolarada, o que deu um ânimo a mais a Juliana. Ela levantou cedinho e num instante se arrumou, de forma que 7h da manhã já estava pronta para sair, apenas aguardando Valentina chegar. Decidiu ficar sentada no batente da janela, na frente de sua casa, ouvindo música pelo celular.
A batida de "I Follow Rivers", de Lykke Li, ressoava nos fones de ouvido enquanto ela observava a calmaria da rua. Apesar de ser um domingo, muitos vizinhos levantavam cedo, alguns para lavar seus carros, outros para cuidar das crianças mais agitadas que já estavam brincando pelas casas e seus jardins ou simplesmente porque não conseguem quebrar o hábito rotineiro de acordar no início da manhã.
Juliana, em regra, aproveitaria a manhã do domingo para dormir o máximo que pudesse, mas aquele era uma exceção. Estava empolgada com os planos que fizera com Valentina, motivo suficiente para pular da cama. Sendo sincera, se a outra houvesse lhe pedido para acompanha-la para fazer uma faxina numa casa abandonada, ela teria aceitado com o maior gosto, pois além da atividade em si, o que importava mesmo para ela era a companhia.
"Valentina, você está me tornando mais trouxa do que já era." Pensou. Sabia que seu crush já estava se transformando em outra coisa. Lembrou da tarde anterior, o momento em que se pusera por cima da amiga, como seu olhar gravitou para a boca da outra, como seus dedos se entrelaçaram, como ela quase beijara a amiga... Sentiu um frio na barriga só com essas memórias.
Mas precisava deixar isso de lado e rápido. Valentina nunca tinha dado sinais de que gostava de mulheres e se ilusionar com crush em hétero é uma das piores coisas, principalmente quando se tem uma relação tão próxima. As duas sempre foram muito carinhosas uma com a outra e Juliana não podia se deixar iludir que isso significava algo a mais para a amiga.
Para além disso, havia o fato de que Valentina acabara o relacionamento não fazia nem dois dias e por mais que essa relação fosse uma chacota, ainda assim os sentimentos da outra deviam estar abalados. A morena não queria adicionar uma dose a mais de drama na vida de Valentina com um inoportuno "Hey! Adivinha? Tenho um crush desgraçado em você, talvez esteja até me apaixonando. Quer me beijar para descobrir se gosta de mulheres?".
Ela revirou os olhos para si mesma por esses pensamentos. Mas não podia negar o conflito interno pelo qual passava, pois fazia muito tempo que não sentia algo tão forte por alguém.
A chegada do carro preto da mulher que ocupava seus pensamentos interrompeu aquelas divagações. Assim que estacionou, Valentina retirou os óculos de sol que usava e abriu um sorriso para a amiga pela janela aberta.
- Hey, Juls!
"Tô muito ferrada mesmo." Juliana pensou ao sentir borboletas no estômago só com aquela cena. Ela ignorou a sensação e sorriu de volta.
- Hey, Val! – Respondeu, já descendo da janela e pegando a bolsa encostada na parede para entrar no carro.
- E aí, pronta para irmos? – A mais velha perguntou enquanto Juliana se acomodava no banco do passageiro ao seu lado.
- Prontíssima. – A morena disse, animada.
- Então vamos nessa. - Ela recolocou os óculos de sol, ligou o carro e acelerou.
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Meia hora depois Valentina estacionou o carro em uma rua próxima à Save Pet. A rua da ONG já estava lotada, sem espaço disponível para estacionar, então precisaram rodar um pouco para localizar uma vaga.
- Estou impressionada como já tem gente e não é nem 9 horas da manhã. – Juliana comentou enquanto elas caminhavam em direção à entrada do local.
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Love by law
RomansaUm famoso ditado popular diz que "há males que vêm para o bem". Juliana e Valentina não sabiam o quão verdadeiras essas palavras poderiam ser, até passarem por um acontecimento inesperado que desencadeou uma série de mudanças nas suas vidas. A mais...