Capítulo 9

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  Eleanor fixou os olhos no pai que estava com o olhar fixo no céu enquanto dizia algo que ela não conseguiu compreender.

- Você está me ouvindo? - questionou Elena.

  Ela piscou os olhos passando as mãos pelo rosto e em seguida encarou os irmãos.

- O que acha de irmos falar com ele? - sugeriu ela se levantando do banco.

  Elena fixou os olhos esverdeados na direção que a irmã estava olhando.

- Você está maluca?

- Não, eu não estou maluca - ela cruzou os braços acima da barriga. - Ele está com câncer e acima disso ele é nosso pai. Não podemos deixar que ele morra sem que saiba da existência do amor de Deus. Não devemos ser tão egoístas assim.

- Nossa irmã tem razão, Elen - disse Benedict que até o momento estava em silêncio. - Mesmo se ele não fosse nosso pai é nosso dever como cristão perdoar se não fazemos isso então quando orarmos em oculto ao nosso pai que está nos céus dizendo: Pai perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. Do que valerá essas palavras?

- Tudo bem então vamos - Elena levantou-se e entrelaçou o braço no da irmã.

- O que fazem aqui? - perguntou o pai de forma rude, assim que os filhos aproximou-se dele.

- Estou aqui para dizer que o perdoo pelas inúmeras vezes que o senhor machucou a mim e aos meus irmãos emocionalmente, pai - Elena foi a primeira que se pronunciou com os olhos marejados.

- Essa é uma decisão horrível uma pessoa como eu não merece perdão - ele os olhou friamente.

- Jesus Cristo diz em sua palavra que não importa quantas vezes o nosso próximo errar contra nós devemos sempre o perdoar até sessenta vezes sete se necessário - disse Benedict.

- É tão fácil assim para vocês perdoar as pessoas?

- Não, não é - negou com a voz calma. - Mas para que possamos ter um relacionamento com Deus é necessário.

- E como eu faço para me livrar da dor e me achegar a Ele? - questionou Jeremy de forma curiosa.

- Apenas ore. Deus ouve as nossas orações mesmo quando somos capazes de orar somente com nossas lágrimas.

- Antes de vocês irem eu quero lhes pedir perdão por tudo que os causei mesmo não sendo digno de tal gesto - fixou os olhos nos filhos.

- Eu já o perdoei desde que eu era um garotinho, pai.

  Jeremy encarou a caçula com o semblante esperançoso esperando pela resposta dela.

A arte de perdoar, não envolve eu e quem me feriu. E sim o meu relacionamento com Deus. É por essa razão que o ato de perdoar tem que ser feito de coração.

- Eu te perdoo - disse ela com a voz firme.

- Obrigado - agradeceu. - Posso até não demostrar, mas eu amo vocês, meus filhos - ele levantou-se do banco e os puxou para um abraço apertado.

🕐

  Eleanor encostou a cabeça na janela do carro respirando fundo e colocou a mão sobre a barriga.

- Eu tenho medo de ter o mesmo destino da nossa mãe e acaba falecendo após o parto não podendo assim vê-las crescer - confessou ela quebrando o silêncio.

- Não fique, El - Benedict parou no sinal. - Isso não vai acontecer. Tudo ficará bem - ele a olhou atentamente. - Apenas tenha fé.

  Ela sorriu.

- Eu amo você, Ben.

  Ben sorriu de volta.

- Eu também amo você, irmãzinha.

  Benedict estacionou o carro na frente da casa dela e a ajudou descer do veículo.

  E antes que um deles tocasse a campainha Mary abriu a porta.

  Ao entrar na sala eles observam em silêncio Henry colocando a sobrinha para dormir. Angel deitou a cabeça no ombro dele e fechou os olhinhos.

- Obrigado por cuidarem da minha ruivinha - agradeceu Benedict.

- Não precisa agradecer, Ben - disse Henry a entregando nos braços dele. - Sua filha é um amorzinho.

- Obrigado mesmo assim. Fiquem com Deus.

- Se cuidem, meus amores - Mary os abraçou, mas com certo cuidado para não apertar a barriga de Eleanor.

- Vão com Deus - ele beijou a testa da mãe.

- Bom, preciso de um banho - Eleanor ficou na ponta dos pés e depositou um beijo na bochecha do marido.

  Em passos lentos ela subiu os degraus da escada até o banheiro e ao chegar lá tomou um banho colocando roupas confortáveis.

  Eleanor entrou no quarto e ficou na frente do espelho com as mãos sobre a barriga a acariciando com o polegar.

  Ela sorriu abertamente.

- Falta pouco para vocês nascerem, minhas garotinhas.

  No reflexo do espelho Eleanor viu o marido encostado na porta com os olhos fixos nela.

  Ela se sentou na cama e ele aproximou-se sentando ao seu lado.

- Como foi o seu dia? - ele tirou uma mecha de seu cabelo da frente do rosto dela.

  Eleanor contou o que aconteceu enquanto o marido ouvia atentamente.

- Você estava certo, amor. Até mesmo o coração mais duro pode ser quebrantado por Deus - concluiu ela com um sorriso.

- O impossível é apenas uma das especialidades de Deus - ele sorriu de volta deitando ao lado dela.

  Ela deixou um bocejo escapar de seus lábios e piscou algumas vezes tentando fica acordada.

- Você precisa descansar, baby.

- Não, eu não estou com sono - negou ela deitando a cabeça no seu peitoral.

  Ele passou os braços ao redor da cintura dela e depositou um beijo demorado no topo de sua cabeça.

  Eleanor ergueu o olhar para o rosto do marido e observou cada detalhe dele. Os cabelos loiros de um tom puxado a castanho, os olhos azuis, a barba por fazer e a forma fofa de quando ele sorri fazendo suas covinhas ficar visíveis.

- Eu amo você, amor.

- Eu também amo você, baby - ele beijou a ponta do nariz dela. - Eu também amo vocês - colocou a mão sobre a barriga dela a acariciando.

  Um bocejo escapou novamente dos lábios dela e ela fechou os olhos deixando o cansaço a vencer.

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