Capítulo 14

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  Sentado na grama Henry observou o céu estrelado enquanto em silêncio conversava com Deus.

- Esta tudo bem, filho? - questionou o pai dele preocupado.

- Eu vou ser pai e essa é uma notícia maravilhosa, mas é que estou com medo de não ser o bom suficiente para a criança - confessou ele.

  Aaron colocou a mão sobre o ombro do filho.

- Tudo bem se sentir assim. Eu também já tive esse mesmo sentimento quando soube que seria pai, mas nunca deixei que esse medo me dominasse e estou muito feliz que serei avô - um sorriso emocionado surgiu em seus lábios. - Deus tem sido muito generoso conosco.

  Henry sorriu levemente e ambos permaneceram em silêncio com os olhos fixos no céu.

...

  Desde que Henry recebeu a triste notícia que o pai havia falecido ele sentiu o seu mundo desabar sobre os seus ombros num piscar de olhos.

  As lágrimas escorreram pelo rosto dele e ele se sentou no degrau da escada fechando os olhos enquanto recordava dos bons momentos ao lado do pai.

  Ele sentiu o cheiro do perfume da esposa e abriu os olhos encontrando os seus marejados.

- Eu estou bem aqui. Pode encostar a cabeça no meu ombro - disse Eleanor com a voz calma. - Eu prometo ficar quietinha se a única coisa que você quiser ouvir for a sua respiração.

  Henry assentiu e encostou a cabeça no ombro dela. Eleanor afagou os cabelos dele e depositou um beijo carinhoso em sua testa.

   Henry abriu os olhos devagar e piscou algumas vezes encontrando a esposa ao lado da cama.

  Ele passou as mãos pelo rosto e quando foi se sentar na cama ela aproximou-se de forma rápida e o ajudou.

- Quem é você? - ele franziu a testa.

  Eleanor o olhou com o semblante preocupado e mordeu o lábio inferior nervosamente.

- Não, não! De novo não!

- Calma estou apenas brincando, baby - ele deu uma gargalhada.

- Você me assustou - ela deu um tapa no braço dele e se sentou de frente para o marido.

  Henry aproximou-se deixando os seus rostos próximos e colocou uma mecha do cabelo dela atrás de sua orelha. Ele depositou um beijo na testa da esposa e ela o olhou atentamente.

- Eu me lembro... Eu me lembro de tudo, baby - confessou ele com os olhos cheios de lágrimas.

- Você...

- Sim, minhas memórias voltaram.

  Um sorriso emocionado surgiu nos lábios de Eleanor e os seus olhos ficaram marejados.

- Isso é maravilhoso. Deus é maravilhoso.

- Sim, ele é - admitiu Henry. - Queria que a minha mãe estivesse aqui.

  Ele respirou fundo.

- Ela faleceu enquanto dormia e Talvez... talvez tenha sido isso que fez eu recuperar as memórias - disse ele com a voz embargada. - A dor de perdá-la.

- Eu sinto muito - ela afagou os cabelos do marido. - Sei como é perder alguém que tanto amamos, mas lembre-se Deus não é indiferente a nossa dor.

  Henry assentiu com um balançar de cabeça.

- Mamãe, nós já podemos entrar? - ouviu a voz impaciente de Melina.

  Eleanor olhou para o marido e ele assentiu.

- Sim, vocês podem - respondeu ela.

  A porta do quarto se abriu e as gêmeas correram para perto dos pais.

  Eleanor beijou as bochechas das filhas, em seguida as ajudou subir na cama e elas abraçaram o pai.

- Oi, minhas pequenas - ele depositou um beijo demorado na testa delas.

- O senhor está bem, papai? - questionou Melina.

- O senhor nos deu um baita susto - admitiu Amina.

- Sinto muito, mas agora lhes asseguro que estou bem - disse ele de forma gentil - Eu amo muito vocês - abraçou as filhas novamente e com os olhos fixos na esposa ele sorriu.

  E finalmente compreendeu que as vezes Deus coloca situações difíceis em nossa vida para que possamos entender que não estamos sozinhos e mesmo parecendo que a tempestade nunca terá fim Ele está ao nosso lado nos mostrando que nem tudo é no nosso tempo e sim no tempo dEle.

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