O jogo da sedução

Capítulo 20

Karol

Nunca pensei que ia ficar observando alguém dormir com tanta felicidade. Eu sei que estava correndo risco de quebrar a cara porque todo relacionamento tem esse risco mas eu não estava me importando. Eu queria curtir o agora com Ruggero e o resto que se dane. Beijei sua bochecha devagar e fui dormir. Acordei me sentindo estranha, com um pressentimento ruim. Detesto quando acordo assim. Levantei devagar para não acordar Ruggero e fui para cozinha.

-Bom dia Karol. - Lina entrou na cozinha sorrindo.

-Bom dia gata.

-Ruggero está aí?

-Sim, por que?

-Quer dizer que eu ganhei a aposta?

-Tá louca? Quer que ele escute isso? E não, você perdeu. Ele se declarou primeiro.

-Mas isso quer dizer que você está apaixonada por ele? - dei de ombros como resposta e ela sorriu. -Eu sabia que isso ia acontecer. Você apostou de bobeira.

-Para de falar nessa aposta.

-Ah Karol, ele ainda está dormindo. Você no começo apostou que ia fazer ele se apaixonar por você porque você queria continuar transando com ele mas depois você percebeu que já estava se apaixonando. Foi fácil demais ganhar aquele par de sapatos exclusivos.

-Uma aposta? É isso que eu significo para você Karol? - quando ouvi a voz de Ruggero, meu corpo arrepiou inteiro mas diferente das outras vezes, foi por medo. Medo de perder ele.

-Não é isso que você entendeu Ruggero. - Lina falou assustada.

-Me deixa conversar com a Karol por favor Carolina. - falou tão friamente que eu estremeci.

Lina saiu da cozinha correndo e eu respirei fundo.

-Rugg, eu posso explicar.

-Eu ouvi tudo Karol, não tem o que explicar. Você apostou que ia fazer eu me apaixonar por você? É isso mesmo?

-Sim. - sussurrei com nó na garganta. Ele fechou os olhos e sua respiração ficou alterada.

-Por que?

-Eu... - ele levantou a mão.

-Não quero nenhuma explicação. Eu já ouvi muito. - ele foi em direção ao meu quarto e eu corri atrás.

-Ruggero, não faz isso. - falei enquanto assistia ele se arrumar rapidamente.

-Não quero ouvir sua voz Karol, eu to com raiva e posso acabar fazendo uma besteira. - ele respirou fundo e me olhou. - Eu me arrependo agora de ter ido atrás de você. Você só me fez de idiota esse tempo todo. - as lágrimas apertaram, e eu as deixei cair e eu vi ele sair do quarto. Fui atrás e entrei na frente dele.

-Eu amo você. - ele deu um sorriso frio.

-Amor é o que eu sinto por você mas você é imatura demais para saber o que é esse sentimento. - ele me tirou da frente dele e abriu a porta do apartamento. - Não me procura mais, tá legal? - ele bateu a porta com força e com isso as lágrimas continuaram caindo.

Eu corri para o quarto e deitei na cama. Lina entrou no quarto e me abraçou.

-Ele não vai me perdoar nunca, né? -falei chorando.

-Ele vai te perdoar, só está com a cabeça quente. - ela limpou minhas lágrimas. - Me desculpa?

-Esquece isso, uma hora ele ia acabar descobrindo mesmo. - dei de ombros e levantei.

Fui até o closet e peguei a merda daquele par de sapatos. Voltei até aonde Lina estava.

-Toma! - entreguei e ela negou com a cabeça.

-Eu só fiz a aposta para poder ver você apaixonada. Sabia que Ruggero era o cara certo para você, ele iria derrubar a muralha que você construiu em volta de si mesma.

-Ele conseguiu e você também. - respirei fundo e as mais lágrimas vieram. - Mas de qualquer forma não quero ver mais esses sapatos na minha frente. - deixei no chão. - Se quiser fique com eles, ou dê para outra pessoa.

-Tá bom. - ela levantou. - Quer que eu fique com você?

-Não, eu preciso ficar sozinha. Vou colocar meus pensamentos em ordem.

-Me liga se precisar de qualquer coisa.

-Obrigada. - deitei na cama e assim que ouvi a porta ser fechada, eu chorei, chorei por mim, por magoar os sentimentos do Ruggero.

Chorei por ter me tornado uma pessoa tão fria, depois de tudo que passei. Eu estava com raiva, triste, e magoada por ter feito aquela aposta, com medo de Ruggero nunca me perdoar e eu ficar sozinha. Quando eu consigo me entregar novamente alguma coisa acontece. Mas quem não vai desistir agora sou eu. Ele vai ser meu ou eu não me chamo Karol Sevilla. Vou deixar ele esfriar a cabeça hoje e amanhã eu vou na revista. Ele vai ter que me ouvir, se ele não quiser me ouvir, vou passar uns dias com os meus avós, porquê é tudo que eu preciso no momento carinho e amor de mãe.