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No meu quarto, na companhia de um bom livro, depois de um dia corrido no trabalho, isso que é vida! Só assim consigo relaxar e para estragar meu momento o telefone toca.

- Oi sumida, como tá tu?

data-p-id=33a15b3499fa975d608997bb10f37171,- Sumida nada, trabalhadora sem tempo pra vida social isso sim!

- Tô vendo, mesmo assim vou te pedir um favor. Sabe que vivo pra deixar sua vida mais difícil não é mesmo?

- Claro que sim, pode falar linda, se não for dinheiro pode pedir.

- Esse seria o próximo favor que ia pedir a você, mas vamos lá. Vou viajar daqui a pouco, pois amanhã cedo tenho uma reunião com um cliente muito importante e fiquei de levar uns documentos para o advogado da empresa as 12 hrs e tinha me esquecido, mas não vou chegar a tempo, tem como você levar pra mim?

- Não tem problema, onde pego esses documentos e onde levo?

- É só ir no meu escritório e pedir pra Lívia, minha secretária, o endereço de entrega te passo por mensagem.

- Combinado, mas depois vai ter que pagar um suco pra mim, ok.

- Suco? Você se vende por pouco mesmo, suco é uma bebida barata, pago até dois. (risos)

- Esse preço camarada é só pra você, pra qualquer outra pessoa o preço aumenta sua boba.

- É bom mesmo, vou fechar negócio com esse cliente, e fica marcado quando eu chegar vamos comemorar.

- Acho bom você fechar um ótimo negócio.

- Obrigada, senhora anti-social, beijo.

- Até "senhora deixo sua vida mais difícil", beijinho.

Terminamos a ligação com risadas e logo depois recebo a mensagem de Camily com o endereço do escritório do advogado e o horário que ela vai passar em casa pra sairmos amanhã a noite.

Foi muito bom receber essa ligação, faz duas semanas que não a vejo estou com saudades e amanhã a noite resolvemos isso.

Fui trabalhar já prevendo que o dia ia ser daqueles, em plena segunda feira o Hospital Central recebe muitas emergências pois o povo gosta de beber e arriscar no fim de semana. E enfermeira tem que estar de prontidão sempre. Adoro a correria, amo minha profissão e por isso, faço o que é preciso para levar o bem-estar aos pacientes.

No almoço, depois de um rápido banho, resolvo que um lanche é a melhor opção, passo no escritório de Camily e sigo com o auxilio do GPS para a empresa onde preciso levar os documentos, vinte minutos depois chego em frente um prédio comercial muito bonito, todo de vidro espelhado, com uma grande porta giratória e uma calçada de cimento queimado escuro, bem original penso. Entrei e fui direto para a recepcão, uma linda moça com um sorriso enorme me forneceu um crachá me dando acesso livre para o terceiro andar que era um dos andares da Paper Advocacia. Em frente o elevador, outra "modelo" conversava ao telefone me pediu para esperar um minuto e após encerrar a ligação me levou até uma sala, abriu a porta para que eu entrasse e logo em seguida fechou.

Um homem lindo, alto, pele bronzeada, olhos escuros e penetrantes, uma boca perfeita para ser beijada, e terno escuro de três peças me estendeu a mão e me cumprimentou com um aperto firme que me fez formigar dos pés à cabeça.

-Sou Arthur, então você é a amiga de Camily que está facilitando o trabalho dela me trazendo a papelada?

"Que voz de molhar a cacinha é essa?!"

Ignorando totalmente as reações do meu corpo que insistia pra que eu pulasse no colo daquele homem, assim que consigo lhe respondo:

- Sim, me chamo Emma. Como ela deve ter avisado só vim entregar esses documentos.

Com um sorriso travesso que eu jurava não resistir me disse:

- Gostei que ela não pôde vir, vou torcer pra que ela precise de sua ajuda mais vezes.

- Hã? Quê? Imagina, ela dificilmente precisa de alguém, é muito competente. Só foi um imprevisto, mesmo assim obrigada, preciso ir.

Me virando em direção a porta ele segurou forte meu braço, não para machucar, mas firme para me impedir de continuar andado.

- Tão rápido assim? bebe alguma coisa.

- Não obrigada, estou na hora do meu almoço e preciso voltar ao trabalho, mas agradeço.

- Eu insisto Emma, tome algo e prometo que não vou te atrasar. Que tal, um vinho, whisky, suco ou até mesmo uma água?

- Ok, um suco por favor.

- Sente-se, vou providenciar.

Poxa! nenhum "por favor", que mandão!

Sentada em uma poltrona de frente a mesa com telefone, notebook, canetas e alguns papéis, enquanto ele fazia uma ligação pedindo a bebida, dei uma rápida olhada no discreto escritório, com tonalidades neutras que dava um ar elegante aos móveis de madeira na cor carvalho, em volta quadros com cores fortes que fazia o ambiente mais descontraído e de muita personalidade. Acordo do meu tour, com a voz penetrante de Athur.

- Já providenciei o suco, enquanto esperamos que tal me falar um pouco de você?

- De mim?

- Sim, de você! Estou curioso sobre você.

- Sou muito normal, não há nada pra despertar curiosidade de alguém.

- Isso eu decido, agora me conta onde trabalha, o que gosta de fazer nas horas vagas, o que gosta de comer e principalmente se você é solteira.

Que homem direto e cara de pau hein! E lindo muito lindo, já disse que ele é lindo?

- Você é bem direto, mas não acho que a gente se conheça o suficiente para eu responder suas perguntas.

- Por isso mesmo, me responda para te conhecer melhor. Sobre ser direto... gosto disso!

Interrompidos por uma mulher que nos serviu o suco e logo saiu. Ele continuou pra que eu respondesse o seu questionário.

- Vamos lá Emma, não deve ser tão difícil assim me responder depois que você já falou que é uma pessoa "normal".

- Sou enfermeira no Hospital Central, gosto de ler.

- Solteira?

Revirando os olhos para ele.

- Sim, sou solteira. Satisfeito?

- Muito mais do que você pode imaginar. Mas, ainda não entendo uma coisa... Porque solteira se você é uma mulher linda, independente e claramente inteligente?

- Obrigada, mas não ando com tempo pra distrações.

Com os dedos roçando o queixo e me olhando como se estivesse analisando ele diz:

- Hum, muito interessante!

Termino rapidamente meu suco, me levanto e digo que preciso ir, pois, já está na minha hora.

- É uma pena mesmo, gostaria de saber mais sobre você, o que acha de sairmos pra que eu possa matar a minha curiosidade de você?

- Obrigada pelo convite, mas ando muito sem tempo.

- Ao menos um café?

- Não tem como mesmo. Preciso ir.

 Espere te levo até o elevador.

-Não se preocupe comigo, obrigada pelo suco.

Pegando novamente em meu braço, me mostrou que não ia adiantar nada recusar, pois, estava fazendo exatamente o que queria.

- Vamos.

No elevador, alcançando uma de minhas mãos, colocou um cartão, eu tinha certeza que estava ruborizando, era óbvio pela temperatura que estava o meu corpo. Olhei pra ele e senti a fragrância do seu maravilhoso perfume amadeirado que exalava desse homem.

- Meu cartão pra quando estiver com tempo para distrações, me ligue a qualquer hora. Não esqueça, qualquer hora.

O elevador abriu, e lutei até estar em condições de andar. Entrei e me despedi com um leve aceno de mão. Afinal, não conseguia pronunciar uma palavra.


o Misterioso EnganoOnde histórias criam vida. Descubra agora