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Quando cheguei em Weston, EUA, percebi o que minha prima quis dizer sobre "cidade pequena".
Eu nasci no México, mas quando as coisas ficaram ruins por lá, precisei me mudar junto com a minha mãe para a cidade de Fort Lauderdale, nos EUA. Era uma cidade com 173 mil habitantes. Não era tão grande mas era confortável. Sendo assim, assim que cheguei em Weston me senti em casa. Depois que minha mãe morreu, a cerca de 4 meses antes, eu falei para Vanessa que necessitava urgentemente de uma mudança e ela me ofereceu seu apartamento. Seríamos nós duas. As primas distantes se reencontrando novamente.
Só não entendi o por quê dela morar exatamente lá. Vanessa não fazia do tipo quieta, mesmo que eu não a visse a anos e tivéssemos sido criadas de lados apostos da fronteira, eu a via sempre em datas festivas depois que vim para os EUA. E ela sempre foi do tipo extravagante e um pouco nariz em pé. Aquela cidade não tinha nada haver com ela.
Dei de ombros e fui ao endereço que ela havia me passado. Cheguei em uma rua com vários apartamentos do mesmo tamanho e andei até o numero 67, que era o dela. Um homem que devia ter cerca de 56 anos estava na entrada, com cabelos grisalhos e uma roupa azul com calça preta. Presumi que fosse o porteiro.
- Boa noite - Falei, botando minhas duas malas pesadas no chão.
- Ah, não senhorita, aqui é um condomínio, não um hotel. Pode achar um a poucos quilômetros daqui.
- Hm, desculpe. Mas eu... eu vim ficar com a minha prima, Vanessa Heard.
O homem olhou para mim e arregalou os olhos.
- Ah, senhorita mil perdões. Eu ando levando esporro do dono do condômino porque, você sabe... essas meninas andam eufóricas! Achei que fosse uma delas.
Dei um sorriso pequeno.
- Posso garantir que não.
- Bom, deixe-me acompanhá-la até o apartamento da senhorita Heard.
- Obrigada - Peguei uma mala e ele se ofereceu para levar outra, o que aceitei de bom grado.
Subimos alguns lances de escada e finalmente paramos em uma porta marrom um pouco descascadas com o número 182.
- É aqui.
- Muito obrigada, senhor...?
- Larry, senhorita.
- Pode me chamar de Mia.
Ele sorriu e se virou para ir embora.
Bati na porta três vezes antes de ouvir passos e então minha prima abrir a porta. Ela usava um short minúsculo e estava só de sutiã. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo e ela parecia ter acabado de sair da cama.
- Mia! Ah, meu Deus! Eu me esqueci completamente que você chegava hoje! - Ela me puxou para dentro e me deu um abração.
- Senti sua falta - Falei.
- Não mais que eu! Como foi a viagem? Me conta! Ah, Mia, faz tanto tempo! Eu sinto muito pela tia Déborah. E como andam as coisas? Como...
- Van, calma, lembre de respirar... respira...
Rimos e ela voltou ao normal, Vanessa tinha a mania de falar muito.
- Desculpa, só estou feliz em te ver.
Começamos a conversar quando uma voz do fundo do quarto chamou por Vanessa.
- Você tem companhia? - Perguntei. Ela riu, sem graça.
- Me esqueci completamente! Ryan, estou na sala! - Ela gritou de volta. - Ele já vai embora, só veio resolver algumas coisas.
Um homem sem camisa e só de cueca box azul saiu do quarto. Ele era musculoso, seus braços tinham pequenas tatuagens, cada uma em uma região não muito específica.
- Você disse que já ia voltar e ficou... - Começou ele, antes de por os olhos em mim e parar. - Hm... quem é... essa? - Ele abriu um sorriso grande e branco.
- Minha prima. Bom, Ryan, ta na hora de você ir.
- Espera... não vai me apresentar a sua... prima? - Ele enfatizou a palavra "prima". Talvez de propósito.
Tinha algo nos olhos dele que eu não conseguia decifrar. Eles eram castanhos bem escuros.
Vanessa oscilou um pouco, bufou e finalmente disse:
- Mia, esse é Ryan Tish e Ryan... essa é minha prima Mia.
Ryan se aproximou de mim e pegou minha mão que estava caída ao lado do meu corpo. Depois, ele deu um beijo de leve antes que eu, sem graça, recolhesse minha mão esquerda de volta.
Ele deu um risadinha.
- Leve-a amanhã, Vanessa - Ele voltou a ela antes de pegar uma calça jogada no sofá que eu nem perceberá que estava ali antes.
- Não acho que seja uma boa ideia... ela acabou de chegar...
- Leve-a - Ele disse com convicção. - Ou então, nada feito.
A cara de Vanessa ficou branca. Me perguntei por quê. Ryan pegou também uma blusa jogada no chão perto do sofá.
- Te vejo amanhã, gatinha - Ele falou, piscando para mim e dando um selinho rápido na boca de Vanessa que continuava com a cara não muito boa.
Antes que dele ir embora, viu minha mala na porta e a pegou, trazendo para dentro.
- Eu ia fazer isso. Não precisava - Falou Vanessa, ríspida.
- Bom... agora tem um trabalho a menos. Até.
- Obrigada! - Gritei antes que ele desaparecesse no corredor. - Hmm, tudo bem, Van?
Ela olhou para mim e deu um sorriso.
- Tudo! Vamos comer, você deve estar faminta.
Sorri.
- Sobre o que que ele estava falando? No que eu tenho que ir? - Perguntei enquanto ela botava quatro fatias de bacon na frigideira.
- Tem um show amanhã no bar mais maneiro da cidade. E a banda local, que daqui a pouco não vai mais estar aqui, vai fazer um show lá. Ryan é o baixista da banda. Ele me conseguiu entrada para o camarim. Eu vou vê-los de pertinho! Principalmente o vocalista, aquele... Gostoso! - Ela estava radiante.
- E como você conseguiu isso?
Ela olhou para mim com os olhos brilhando com algo que também não reconheci.
- Não seja boba, Mia. Como acha que consegui? - Ela riu. Fiquei um pouco constrangida mas continuei com as perguntas.
- Qual o nome da banda?
- BroZond.
- Nunca ouvi falar.
- Eles só tocam aqui e nas cidades vizinhas. Mas já são bem famosos... varias garotas já vem de fora para vê-los. A cidade fica lotada.
- Entendi...
- Eles são bem promissores. As más línguas dizem que já tem até assessor e estão com os dias contados para irem embora. Mas e você? Ja sabe o que vai fazer?
Pensei um pouco.
- Primeiro de tudo eu quero um emprego. Depois, quero começar uma faculdade. Afinal, eu só tenho 19 anos.
- Entendi. Você pode procurar no Cheese Course. É uma lanchonete bem famosinha daqui. Eles contratam especialmente aqueles que não planejam ficar muito tempo.
Sorri.
- Obrigada, Van. Vai ser perfeito.
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Amor Entre Cordas
RomanceJay Collins é um astro do rock. Ele e sua banda vivem passando de cidade em cidade para fazerem seus grandes shows. Jay ama a música e tudo que ela lhe traz... mas as coisas mudaram a cerca de 5 anos quando ele deixou a cidadezinha de Weston, nos EU...