Assim que chegou na casa dos pais, Eduardo deu ordens para que Isabel arrumasse as roupas dele e, mesmo diante dos protestos da mãe, que assustou-se com aquela partida tão repentina, voltou para o apartamento.
O cadeirante pediu à empregada que o ajudasse a ir para a cama, apagou a luz e disse a ela que poderia deixar o comprimido para dormir sobre um móvel que ficava ao lado da cama, junto de uma garrafa de água. Ele o tomaria depois, mais tarde.
A mente do advogado estava um turbilhão. As perguntas não conseguiam obter respostas, por mais que ele as procurasse.
Depois de concluir que o enfermeiro mentira ao afirmar que era gay, imaginou que, talvez, ele também não usasse drogas.
Lembrou-se de que, realmente ele nunca quisera participar das reuniões que Eduardo fazia com os amigos, alegando que só usava drogas à noite, após o trabalho e que não gostava de usar a erva estando em serviço. A postura dele era até admirável, Eduardo concordava, mas por que ele mentira a respeito da sua sexualidade?
Lembrou-se do rosto lindo e cheio de vida da garota que falou, alegremente que eram namorados há quase três anos!
Por que Gabriel não contara a ele que tinha uma namorada? A pergunta parecia retumbar em seu cérebro chocado pela descoberta!
O fato dele ter uma namorada jogava por terra todos os planos de Eduardo contar a ele o que sentia em relação ao fato dele o ter tocado daquele jeito, da sensação da falta pelo toque do outro e mesmo a certeza de que eles poderiam se tornar grandes amigos (quem sabe até algo mais???), já que não lhe sobrara mais nenhum dos antigos amigos!
As perguntas não davam trégua e pareciam pontas de lanças afiadas que o torturavam no quarto escuro e silencioso!
Era estranho pensar em Gabriel não sendo gay, mas fazendo aquilo com ele...o chupando daquele jeito para reativar o fluxo da urina pela uretra!
A troco de quê um hétero...um homem que gostava de mulher... se sujeitaria àquele papel?
Se fosse outra pessoa, ele até poderia avaliar a possibilidade de Gabriel ser um depravado que aceitava fazer um oral em qualquer pessoa, um pervertido que alimentava fantasias como aquela...mas não! Ele não conseguia ver Gabriel dessa forma! Ele não conseguia imaginá-lo fazendo oral com a namorada à noite e vindo fazer oral no patrão no dia seguinte!
Talvez por isso ele tivesse pedido o dobro do salário...talvez por isso ele tivesse titubeado no início, ao notar que mentira num momento de nervosismo e que não conseguiria manter a mentira!
Mas, pensou Eduardo, se ele dissera aquilo tudo em um momento de irritação, talvez imaginando que eram justamente aquelas as respostas que os candidatos anteriores não tinham dado, o que fizera o futuro patrão dispensá-los, por que não desmentira tudo no dia posterior?
Eduardo já estava com dor de cabeça quando concluiu que Gabriel falara que era usuário de drogas, que aceitaria suborno e que, finalmente era gay, para irritar o entrevistador tão arrogante...mas isso fora num primeiro momento. Talvez, no outro dia, tendo pensado melhor, tendo pensado que ganharia o dobro do que estava acostumado, que teria tantas vantagens, resolvesse fazer aquele sacrifício para manter o emprego...era isso, concluiu o advogado cada vez mais decepcionado com o ex-futuro-único-amigo!
Pensar que Gabriel não tivera dificuldades ou mesmo repulsa por ele era uma coisa...mas saber que ele se obrigara a fazer aquilo apenas por dinheiro, deixou Eduardo totalmente arrasado!
O advogado não tomou o comprimido...não se permitiria dormir...não queria dormir...queria ficar ali...acordado e esperar o dia amanhecer...precisava esclarecer aquilo tudo! Precisava reencontrar Gabriel e a ansiedade seria a sua companhia naquela noite traumatizante!
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NOSSO ENCAIXE É PERFEITO!-Armando Scoth Lee-Romance Gay
Romance(IMPRÓPRIO PARA MENORES DE 21 ANOS) Eduardo é um jovem advogado que adora curtir a vida com sua namorada e seus amigos "fiéis". Gabriel é um rapaz que vê sua vida arrastar-se lentamente como cuidador de idosos. Uma reviravolta fará com que os dois...