CAPÍTULO 9-DECEPÇÃO!

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A música estava alta e o carro aumentava a velocidade à medida que os jovens se afastavam do centro.

Eduardo ia sentado no banco da frente, visto que ele era mais espaçoso e confortável para um cadeirante, ao lado do motorista.

De repente, Cleiton parou de rir e enfiou a mão debaixo do corpo e, em seguida, a levou até o nariz dando um berro:

_Puta merda, cara! O que é isso?

O cheiro inconfundível encheu rapidamente o carro que tinha as janelas fechadas por causa da chuva que aumentara.

_Ah não, gente...quem fez essa porcaria aqui dentro?_perguntou Sheila tampando o nariz.

_Espere aí, gente...meu traseiro está cheio de merda!_disse Cleiton diminuindo a velocidade do carro instintivamente, olhando para o rosto de Eduardo que virara uma máscara de pânico.

Finalmente, o carro parou e os ocupantes saltaram para a chuva, como se temessem alguma contaminação. Cleiton olhou para o assento do carro encharcado e pôs a mão na cabeça.

_Mas que merda, Edu! Você não está de fralda, cara? Olha o que você fez comigo e olhe o que você fez com o banco do carro do meu pai!_berrou indignado._Meu Deus! O velho vai me matar! Tem bosta até no teto, porra!

Eduardo sentiu como se o mundo caísse sobre sua cabeça, pois olhou pra fora do carro e viu os amigos e a namorada a olhá-lo nauseados, enquanto a chuva escorria pelos cabelos da garota e dos amigos do advogado.

Enquanto isso, Cleiton continuava a xingar, sem se conter:

_Você vai ter que me dar um banco novo, cara, pois esse puta fedor desgraçado não vai sair nem com ácido, pode apostar!

Mais meia dúzia de palavrões foram ditos, enquanto eles andavam de um lado para o outro, passando as mãos pelos cabelos e falando entre si, parecendo trocar acusações e tentando achar uma solução para o problema.

_Espere aí, gente...e agora? Vamos entrar novamente ou vamos ficar aqui nesta chuva?_disse Sheila se esquecendo, momentaneamente, que o rapaz que estava naquela posição constrangedora, sozinho dentro do carro, era o seu namorado.

Como se tivesse tirado, finalmente, uma venda dos olhos, Eduardo observava os amigos e a namorada que iam e vinham até o carro e voltavam cuspindo e tampando o nariz, com nojo do que percebiam.

Estava claro que eles preferiam encarar a chuva forte, do que encarar o cheiro que se espalhava quente e pesado feito um gás pelo interior do veículo.

Cleiton já tirara a calça jeans e, agora, andava de um lado pra outro só de cueca, após jogar fora a roupa suja no acostamento.

De repente, pedaços do diálogo que eles travavam fora do carro chegavam até Eduardo, sem que os jovens se preocupassem em ocultar o que estavam sentindo.

_Eu te falei, caralho, que não dava mais pra sair com esse aleijado...

_Gente, estou encharcado, temos que arranjar outro carro pra voltar...

_Não quero te desesperar não, Cleiton, mas este fedor não vai sair mesmo. Pode se preparar pra dar um banco novo pro seu pai...

_Vai lá, Hugo...você que é o de estômago mais forte da turma e tire a gente daqui...

_Ficou louco? Eu é que não vou me sentar em cima daquela bosta toda! Isso se ele não mandar mais merda pra cima de mim!

A realidade não caíra, até então, sobre a cabeça de Eduardo de forma tão intensa!

NOSSO ENCAIXE É PERFEITO!-Armando Scoth Lee-Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora