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Mafalda

O meu telemóvel marcava as duas e meia da manhã e os dez porcento da bateria. Depois de abordarmos temas tão pessoais para ambos, o ambiente ficou mais leve.

Falávamos de coisas aleatórias, algo que podia simplesmente passar pela nossa mente naquele instante, por qualquer motivo.

Falamos até da vida em Lisboa, do trânsito, de maus condutores e de carros.

- Amanhã tenho treino ás oito da manhã e não quero nada levar-te a casa Mafalda. - Esboçou um pequeno sorriso. - Não queres vir comigo? Para a minha casa.

Arregalei os olhos, com a falta de ironia.

- Um bocado cedo demais... - Semicerrou os olhos, dando-lhe um ar engraçado. - Não achas jogador? - Brinquei.

- Por acaso já são duas e meia da manhã... Não podia ser a hora ideal!

Deixei escapar uma gargalhada.

- Leva-me lá à minha casa e vai descansar. - O moreno assentiu, ligando o motor.

- Obrigado, desabafar contigo fez com que tirasse um peso enorme de cima.

Manteve os olhos na estrada. Como me sentia a aquecer com as suas palavras. Sem referir toda a vez que me dirigia olhares.

Ele deixava-me bastante envergonhada. Como se me tivesse a descodificar.

Os olhares tão intensos, aqueciam cada parte do meu rosto. Não sei até que ponto corava e o moreno percebia isso... Talvez por ser morena, esse vermelhão não me denunciasse.

Estávamos quase a chegar.

O rapaz voltou a agradecer por ser uma boa ouvinte, agradecendo pela confiança por lhe ter contado sobre a minha família.

Esbocei um sorriso replete de alegria. Parecia uma criança a olhar para um doce.

Após sair do carro, entrei no prédio e subi de elevador para o meu apartamento. Sentia-me a típica mulher apaixonada num filme romântico de Nicholas Sparks. Não era o caso, apenas me sentia bastante leve.

Sem qualquer preocupação. Ele tinha esse poder em mim, embora as poucas vezes juntos, o que era raro acontecer-me.

Não conseguia perceber o porquê. Talvez pelos modos em que nos conhecemos.

Tentei tirar o rapaz da minha cabeça, trocando de roupa para um pijama. Verifiquei as janelas, portas e gás, antes de me deitar. Uma paranóia que adquiri da minha mãe.

Confirmar tudo antes de dormir.

Peguei no telemóvel, reparando que eram três e quarenta da manhã. Já há imenso tempo que não dormia tão tarde.

Tirando estes dias com as loucas das minhas amigas, que não me deixaram antes da uma da manhã nas últimas noites. Motivo pela qual as minhas energias não se esgotaram.

Motivo pelo qual aguentei tantas horas a falar com o moreno, sem um único bocejo.

Rúben Dias

Não sei como isto vai soar
Estou a gostar bastante de falar contigo
Sinto-me à vontade
Não sei se foi por te ter conhecido nas circunstâncias em que conheci ou se por tudo à minha volta ser tão mais do mesmo, o que me faz desmotivar
E por seres uma escapatória de tudo isso. Por seres tão genuína e por também te deixares conhecer tão facilmente
Mas estou a gostar imenso de te conhecer, por isso não desapareças

Não desapareço, se não desapareceres primeiro. Também estou a gostar de te conhecer Rúben
Independentemente das circunstâncias em que não conhecemos, surpreendes-me pela positiva quando estamos juntos. Não desmotives, é só uma fase má

Obrigado miúda, mesmo

Podes contar comigo 😚

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