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Mafalda

Despertei assustada com um som.

Percebi em segundos que era apenas o telemóvel a tocar. Procurei pelo objeto, este no tapete caído, ainda a piscar. O nome do Rúben estava no ecrã.

Admirei-me por me estar a ligar, embora não ter atendido a tempo. Reparei que tinha duas mensagens do moreno.

Uma perguntava se estava tudo bem e a outra se queria ir jantar com ele.

As mensagens tinham sido enviadas há duas horas atrás. Eram nove e meia da noite, apesar de estar esfomeada. Ocorreu-me uma pequena ideia, apesar de me gostar coragem para pedir e recebê-lo em minha casa.

No entanto, respondi ás mensagens.

Rúben Dias

Desculpa! Adormeci no sofá

Ahhh
Não faz mal. Desculpa por te ter acordado

Sem problemas!

Suponho que não jantaste..

Por acaso não. Até estou tentada a pedir-te um favor, mas ao mesmo tempo... 😌

E que favor seria esse? Podes pedir

Apetece-me gorduras
Como um cheese do Mc Donald's e uma caixa de nuggets ☺️

Dá-me vinte minutos

Não! Rúben, não é preciso

Também tenho fome! Assim junta-se o útil ao agradável e desfruto de companhia para comer
Isto.... Se me deixares entrar

Sim, claro
Obrigada! Até já 🥰

Ainda estava a tentar cair em mim.

Até que as palavras da Daniela e as insinuações da Bruna a amaldiçoavam-me. 

Por fazerem sentido. É evidente que há qualquer coisa entre mim e o Rúben. O famoso interesse que nunca senti por ninguém durante sete anos. E, com tanta facilidade, mensagens e encontros, desabafos e risadas.

Tudo a acontecer demasiado rápido, mas para mim, no tempo certo. E pelas suas atitudes, no tempo certo para ele também.

Era esquisito como há pessoas que demoram a formar um laço, uma ligação.

E como connosco bastou um dia na Serra.

Queria aproveitar isso. Conhecê-lo e deixar-me levar dia após dia. Sentia-me confiante de mim mesma, confiava no rapaz e não encontro nada que se revele um contra.

Parecia estar tudo a favor. A nosso favor. Toda a simplicidade e intimidade nas conversas e na forma como éramos sarcásticos.

O jeito de flertar comigo através de mensagens, o que tinha imensa piada.

Tudo nos aproximava dia após dia.

Os vinte minutos passaram num instante e a mensagem de Rúben a pedir que lhe permitisse entrar no prédio chegou ao meu telemóvel. Não abri só a do prédio, mas também a minha. Uns nervos ligeiros deram sinal.

Avistei o moreno a sair do elevador com os dois sacos de cartão do Mc. Um sorriso apareceu em ambos os nossos rostos.

Beijou a minha testa. Cedi-lhe então, passagem para o meu aparamento.

O primeiro rapaz a entrar no meu cantinho.

- Combina contigo. - Comentou, sentando-se a meu lado no sofá. Puxei a pequena mesa, onde pousou os sacos. - É bonito e calmo. - Encarou o espaço e depois, a mim.

- Obrigada pelo jantar. E pela entrega.

- Não tens que agradecer. Fica por minha conta também. Foi uma desculpa para te ver.

Arqueei a sobrancelha.

- E por estar com fome, claro! - Soltou a sua tão conhecida risada. - Come! Estás à espera que o hambúrguer esfrie mais?

Revirei-lhe os olhos, explorando o saco. Peguei nas batatas primeiro, observando o Rúben pelo canto do olho, este a morder o seu Big Mac. Os seus olhos apanharam-me.

Curvei os meus lábios, balançando a cabeça. O calor nas minhas bochechas voltou.

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