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17 de maio de 2015

Essas situações haviam entrado num loop infinito. Mais uma noite invadida pelo som agudo que vinha do quarto do lado, novamente deslizei para fora da cama procurando pelos chinelos que tinha deixado do lado da mesma para assim pegar novamente o pequeno. Alexa encontrava-se dormindo o que facilitaria a tarefa. Adentrei o cómodo, cujas paredes eram cobertas em tons de cinzas e pretos, carregando comigo o pequeno ser. Eu me encontrava bem concentrada nos gestos que o bebé fazia nos meus braços, deixando escapar um pequeno sorriso por entre os lábios deliciada com a doçura de Natan. Assim que levantei o olhar para decifrar como eu iria colocar o mesmo sob a cama, me deparei com minha companheira sentada na cama com suas costas apoiadas na cabeceira e os braços cruzados que descansavam no peito da mesma. Alexa me olhava com o olhar mais fulminante que alguma vez aquela mulher havia-me lançado desde o dia que minha colega de trabalho passara a mão pelo meu braço terminando por deixar a mesma descansar na minha cintura.

"Era uma das partes mais gratificantes do meu dia arrecadar Emma após a hora, que dava fim ao dia de trabalho, bater. Carregava na mão dois cafés que havia comprado de passagem pela cafeteria que se encontrava ao lado do local de trabalhado da mais nova, e com eles um sorriso no rosto pois sabia que estava retornando para os braços de quem me deixara esta manhã. Por entre as cortinas de tiras que falhavam na missão de cobrir as vitrines do escritório de Emma, pude ver que a mesma estava acompanhada. Decidi esperar pois entendi que ainda não havia colocado um fim aos seus afazeres. Sem muitas demoras minha companheira saiu de seus aposentos acompanhada de uma senhora que eu analisei como sendo uma colega de trabalho. Talvez uma colega de trabalho com a mão mal colocada eu diria. Até o momento eu não havia conseguido entender porquê a cintura da minha mulher estava servindo de apoio de braço para aquela mulher. Pude sentir meus olhos escurecer á medida que a imagem das duas se aproximava.

- Ah amor, deixa-me te apresentar Lilian.

Acenei com a cabeça numa tentativa de exteriorizar simpatia para a pessoa. Me aproximei de Emma decidida a fazer Lilian entender que ela era minha beijando a mesma suavemente. Para meu espanto a mulher não entendera e eu podia ver sua mão ainda descansando na cintura que em nada lhe pertencia.

- Lilian parece estar com dor na mão. - sussurrei no ouvido da minha companheira a olhando de forma suspeita.

- AI! - um grito de instante ardor saira da boca de Lilian ao sentir minha unhas apertarem a pele fina da mão da mesma.

- Falei que ela estava com dor na mão, amor. - sussurrei de novo no ouvido de Emma que riu disfarçadamente."

- De novo, Emma?

- Amor - suspirei por momentos sentando do lado da mesa - ele é pequeno, não havia outro jeito, minha mãe precisa descansar e Natan precisa comer ou vai morrer de fome.

- E por que razão temos de ser nós a lidar com isso?

- Talvez devido ao facto de que ele é meu irmão e seu cunhado?

- Justo. - barafustou cruzando com mais força os braços junto ao peito. Não podia negar que Alexa era a coisa mais querida que existia quando estava brava com algo. Algo nela deixava sobressair a criança que ainda existia nela quando se encontrava assim e eu não poderei explicar por palavras o quanto isso me fascinava.

- Abre um pouco de espaço, vou deitar, fazer ele comer e depois eu prometo que coloco ele de volta no berço.

- Certo. - resmungou de novo.

Coloquei o pequeno do lado da resmungona me colocando do lado oposto colocando gentilmente a mamadeira na boca do mesmo depois de deixar cair uma pequena gota de teste na minha mão. A cada 10 minutos que passavam minha mão começava a ficar mais mole. O cansaço estava se apoderando de mim, dobrei o braço colocando ele atrás da cabeça para assim apoiar a mesma. Alexa se encontrava fixa nos encarando, perplexa eu diria, algo na expressão dela mudara, parecia calma. Para minha enorme surpresa, ao ver que eu estava a pontos de adormecer quando meu braço falhou por momentos, ela segurou a mamadeira me dando um leve e genuíno sorriso me deixando saber que ela tomaria conta da tarefa a partir dali. Depositou um pequeno beijo na minha testa puxando os cobertores para que eu e Natan ficássemos aconchegados. Sorri, pois sabia que aquela cena era prova da maravilhosa mãe que Alexa um dia seria.

17 De MaioOnde histórias criam vida. Descubra agora