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17 de maio de 2017

- Amor! Não é assim, estás a colocar isso ao contrário.
- An?

- As barras encaixam assim. - retirei a proteção anti-queda das mãos de Alexa colocando a mesma na posição certa para que ficasse bem presa à nossa cama.

Bati as mãos umas na outra deixando escapar um sorriso de orgulho de mim mesma esquecendo do olhar de repreensão que minha companheira me lançava no momento. Beijei a mesma assim que me levantei, em forma de pedido de desculpas. Natan estava cada vez mais travesso dormindo, era quase impossível fazer ele acordar no mesmo lugar, o que nos obrigara a colocar barras de proteção na lateral da nossa king-size. Após uma ideia de génio agora conseguiamos começar e terminar nossa noite sem que qualquer centímetro nos separasse, ainda que sempre houvesse um membro inferior ou superior e por vezes o próprio monstrinho em cima de nós.

A hora de Natan sair da creche, que o guardava todos os dias, se aproximava. Minha mãe havia decidido que seria uma boa influencia para o pequeno e meu pai em nada discordara. A missão que se seguia havia sido atribuída a Alexa que não se opusera em momento algum. A mesma vinha se habituando á presença da criança e isso me confortava um pouco relativamente ao assunto "descendentes". A acompanhei até ao veículo, lembrando a cada momento os critérios da lista de compras que ela não poderia esquecer. E vi ela partir.

"Meu olhar insistia em se fixar nas grandes barras do portão numa tentativa falha de me abstrair da quantidade de crianças que por mim passava. Uma docente da escola anunciara a turma que seria entregue aos país em seguida, e essa seria a de Natan. Em voz alta nomes eram gritados na esperança de que o som chegasse até os respetivos progenitores para que nada falhasse e nenhuma criança ficasse perdida. Emma ligara para a creche mais cedo avisando que seria uma tal de "Alexa" que deveria recolher o pequeno, para que deixassem o mesmo vir comigo.

- Natan Stewart. - gritaram.

Apressei o passo até a mulher de meia idade que segurava meu cunhado e deixei que ela analisasse meu cartão de cidadão confirmando assim que eu era de confiança. Coloquei a mochila num só ombro, segurei a criança retribuindo o abraço forte que ele havia me dado e deixei escapar um largo sorriso com o delicado beijo que ele depositara na minha bochecha. Deixei que ele descesse do meu colo para fazer um doce carinho daqueles que apenas Natan sabia fazer, num cão de porte pequeno que uma senhora transportava.

- Olá Natan. - a senhora saudou.

Não sabia de quem se tratava mas presumi que fosse já conhecida do nosso pequeno de outras andanças. Bagunceei o cabelo do bebé vendo a forma divertida com que ele afagava o canino e tentava, por entre palavras incompreensíveis, ter uma conversa com a mulher.

- Vamos Natan? A tua mãe me mata se eu chegar muito tarde contigo.- ele sorriu e acenou parar o animal e para a dona do mesmo em forma de despedida.

- Tchau meu lindo. - colocou sua mão no meu ombro para logo soltar as palavras que estragariam meu dia- Tem aqui um filho muito simpático.

Congelei. Minha expressão fechara assim que o som das palavras atingira meus ouvidos. A imagem da mulher ficava cada vez mais destorcida à medida que ela se afastava com seu animal e eu sentia-me como numa montanha russa. Conseguia ouvir ao longe o balbuciar do meu nome, um "Aexa" que era inconfundivelmente de Natan. Agarrei no mesmo do jeito que pude tentando, com todas as forças que em mim ainda habitavam naquele momento de crise, chegar até á minha viatura que se encontrava relativamente perto. Coloquei, ainda tremendo, a criança na cadeira de segurança e entrei para o lugar do condutor. Sabia que não me mexeria dali então liguei pra quem eu sabia que me salvaria sem colocar qualquer questão."

Mal sabia eu que enviara a mulher que amo para as garras de uma crise de pânico e nesse momento o conforto sobre descendentes terminara novamente.

17 De MaioOnde histórias criam vida. Descubra agora