17 de maio de 2016
As cinco da manhã batiam, estava claro que minha progenitora não iria descer de forma alguma para acalmar o mais novo. Alexa e eu nos encontrávamos acordadas revezando filmes que eram do agrado de ambas aproveitando a companhia uma da outra, nos braços onde habitava nossa paz. Minha companheira sempre me passava segurança e conforto, o poder que a mulher tinha em mim me deixava fascinada. Cada respiração que seu peito produzia, me fazia perder toda a concentração do filme e viajar entre as possibilidades de respostas á pergunta que pairava em minha mente. "O que eu fiz para ter a sorte de te ter?". Sua mão passeava sobre o meu braço fazendo um carinho calmo e reconfortante. Era mágico as surpresas que a madrugada poderia guardar.
— Amor — colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha para que seus olhos encontrassem os meus — trás o Natan.
— Tu queres que eu vá buscá-lo? — era surpreso vê-la pedir tal coisa.
— Talvez. — assentiu baixo escondendo o rosto na dobra do meu pescoço, depositando um pequeno beijo no mesmo pedaço de pele.
Deixei um pequeno beijo na testa de Alexa que me fixava. Obriguei meu corpo a levantar e me dirigi ainda cambaleando para salvar meu irmão. A demora não fora tão imensa quanto deduzira, o mesmo se acalmou assim que sentiu meus braços em volta de seu pequeno corpo e se concentrou na sucção da pequena chupeta que eu lhe colocara na boca. Me encaminhei para o meu quarto sem desviar o olhar do pequeno rebento que transportava. Poucos meses de vida e Natan, passara todas as noites que esses meses continham, no meio de Alexa e eu. Apesar das aversões que a mesma demonstrara no início, ela acabara por tomar hábito. A visão que eu desgostava neste momento era prova irrefutável disso: minha namorada aconchegava a cama o mais possível e abria todo o espaço que ela agora sabia que o pequeno necessitava. Natan havia 3 meses de idade, o tamanho e o peso faziam sentir-se assim como as travessuras do mesmo. Agora, era tão fácil colocar ele pra dormir como outrora, mas também não era um caso de missão impossível.
— Adormeceu? — a mulher soou carinhosa.
— Acho que esta vai ser uma daquelas noites.— suspirei desviando o olhar até encontrar os olhos esbugalhados do menor.
— Bom, não é nada que não consigamos. — Sorriu batendo na cama com a palma da mão. Eu não estava entendendo a calmaria e alegria que atingira a mesma. Há tempos que ouvia o mesmo indagar, as mesmas "queixas" que expunham factos, verdadeiros em certo ponto, como a quantidade de meses que não houvera intimidade entre ambas pois a criança não o permitia e eram raras as que tínhamos qualquer tipo de contato durante a noite. Sempre que havia uma ponta de clima propício a acontecer, Natan nos interrompia e se ele não nos parasse de seguida ele iria dar tudo por tudo para nos fazer parar em questão de minutos. Ainda assim, hoje Alexa parecia feliz.
— O que te deu hoje? — ri para que a mesma percebesse meu tom de brincadeira.
— Não entendi, Emma.
Coloquei o pequeno, que brincava com a ponta dos pés minúsculos, do lado de Alexa que cutucou a bochecha do mesmo franzindo o nariz e acompanhando o gesto com um sorriso.
— Tu, toda entusiasmada por Natan estar aqui hoje. — levantei a sobrancelha encarando a mesma.
— Ah, tornou-se um hábito tê-lo aqui. — deixou seus olhos caírem.
— Alexa Collins gosta de crianças?
— Só não te bato porque Natan está aqui. — ameaçou segurando um travesseiro na mão — Agradeça ao seu irmão.
Me aproximei do mesmo sussurrando perto dele.
— Obrigado irmãozinho, mas ambos sabemos que ela não o faria de qualquer jeito. — fiz aparecer minha língua.
Algumas horas haviam passado, eu e Natan havíamos adormecido, mas não fôramos acompanhados por minha companheira. A mulher de cabelos escuros permanecia acordada.
"O tempo congelava agora. Congelava sempre que eu tinha o privilégio de admirar dois anjos em seus sonos profundos. Emma sempre tivera uma pele macia como neve acabada de se acumular nas ruas em dias de inverno, sempre muito pálida, muito doce e por obra do destino, muito minha. O rebento em tudo se assemelhava á irmã, a calmaria em que se encontrava depositando uma leve força no meu indicador que se encontrava envolvido por sua pequena mão. A paz que ambos exalavam contagiara-me. Deixei que minhas mão fizessem leves carícias nas mãos de meus dois companheiros de cama e por fim então me juntar aos mesmos."
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17 De Maio
Teen FictionUm historia de Emma e Alexa. Talvez para uns atravessar meros centímetros de baixo de uma escada fosse superstição de azar, talvez para outros azar era a tradução de consequências de atos outrora mal empregados, e para uma minoria azar era mero mit...