II
"Aqui me encontro, parada no ponto de partida. Sem saber com clareza como fiz deste o meu destino, mas sabendo do destino que este lugar me proporcionou. Anos atrás aqui nos encontrávamos, sob o mesmo céu cinzento que me cobre hoje, as mesmas árvores desfolhadas estrategicamente alinhadas completando uma paisagem divinal. Naquele dia minha paisagem predileta eras tu. Não posso deixar de olhar para a mesa do meu lado, que se encontra agora vazia, mas contida nela a sua miragem daquele dia. De livro na mão, certas expressões faciais denunciavam tua opinião sobre o momento que estava degustando, era percetível o quão perdida se encontrava nas linhas que nele continha, suponho esse seu jeito focado me contagiou a focar em ti. O vestido florido que cobria tuas pernas até o joelho me fazia duvidar se alguma vez olharias para mim de um jeito amoroso, e talvez eu gostasse de desafios. Lembro de me aproximar da morena esbelta com meu jeito desgrenhado e roupas largas, meu sorriso bobo no rosto denunciando minhas intenções e a falta de coragem nas palavras que saiam gaguejadas. Tu eras tudo e eu não era nada. Mas...me aceitaste com meu erros e defeitos e fizeste de mim o teu tudo, da forma mais genuína que no teu ser habita, a forma mais simples, pura, a forma mais tua. Anos passaram e hoje eu me reencontro aqui, mas sem ti e a probabilidade de te ver naquele banco acariciando as páginas de um livro é escassa, nula mesmo, porque eu passei a ter o privilegio de admirar essa mágica cena todos os dias no parapeito da casa onde me acolheste. Te acolhi no meu peito uma vez, sem qualquer arrependimento ou duvida, e não tenho qualquer duvida de que quero te acolher mais de mil vezes para o resto da vida, pois tu pegaste no meu "nada" e me fizeste sentir tudo. Deixa-me partilhar contigo o meu tudo e aceita ser minha mulher Emma Stewart."
Me encontrava inundada pelas lagrimas, os olhos de um vermelho fulminante, e meu rosto rosado, sentia que aquele choro não cessaria tão cedo e em tudo se assemelhava ao amor que sentia por aquela pessoa, que se encontrava diante de mim de joelho em terra. Deixe que o papel encharcado descansasse em cima da pequena mesa redonda da sala de estar para então segurar a mão que me era estendida. Sem demoras, mas ainda gaguejando com os olhos marejados, ali..
— Emma Stewart, aceita ser minha esposa?
Assenti com a cabeça levando a mão até minha boca numa tentativa de prender os gritos que dentro de mim ecoavam. Mas fora em vão. Deslizou o anel de prata, pelo meu dedo anelar, simplesmente simples mas com uma beleza surreal, e uma pequena pedra diamante bem no centro, da mesma forma que Alexa era o meu centro. Me ajoelhei junto com ela num abraço demorando o que se assemelhava a uma eternidade, pois ali, no mesmo chão onde fizéramos amor pela primeira vez, onde meu irmão dera seus primeiros passos, onde noites de filmes foram realizadas, começava nossa eternidade.
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17 De Maio
Teen FictionUm historia de Emma e Alexa. Talvez para uns atravessar meros centímetros de baixo de uma escada fosse superstição de azar, talvez para outros azar era a tradução de consequências de atos outrora mal empregados, e para uma minoria azar era mero mit...