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                         17 de maio de 2023

Alexa corria de um lado para o outro, ambas nos encontrávamos agitadas e apressadas desde a madrugada implorando para que o tempo corresse e a hora de sair de casa batesse. Pois hoje, hoje era o dia que traríamos nossa filha para casa. Ella Stewart Collins.
Dois anos de luta por um processo de adoção, repletos de acontecimentos, e inundados de desespero de vir a ser impossível concretizar um sonho que era agora nosso. Havíamos conseguido. Em um quarto extra que fora guardado até hoje para um dia nosso rebento ocupar, cortinas claras foram instaladas e paredes haviam sido pintadas por ambas de um cor-de-rosa claro.

" — Amor! Não! — fugi de Emma que teimava em perseguir-me com um pincel encharcado de tinta.

Minhas pernas não foram mais rápidas que minha companheira que, com dois passos conseguira alcançar-me traçando uma risca ao longo de minhas costas. Virei-me mostrando-me surpresa. Pelo canto do olho consegui avistar um prato de tinta que repousava em cima de uma banco a uma distância curta de mim, inclinei meu corpo mergulhando ambas as mãos no liquido colorido e as usei como arma contra minha esposa. Sem dar espaço para escapatória, coloquei ambas as mãos no pescoço da mesma deixando nele minha impressão e beijei-a. O doce beijo durara uma dúzia de segundos, separei então nossos lábios cruzando nossos olhares, e com a pouca distância que se encontrava entre nós, tracei um pequeno coração de tinta cor-de-rosa na bochecha de Emma."

Os aposentos do novo hóspede, encontravam-se repletos de mobília de tamanho reduzido, brinquedos, cores vivas e todos os utensílios que minha pequena princesa precisaria para se divertir entre sonhos e invenções.
A hora chegara. Alexa segurou minha mão beijando a mesma e arrastou-me para fora do apartamento.
Encontrávamos-nos diante da grande porta do centro de adoção, decidira-mos entrar com o pé direito numa superstição de que isso nos traria boa fortuna e nos dirigimos até ao balcão ali presente. Um mulher jovem e simpática nos atendera sem demoras, após tomar conhecimento dos nossos nomes acompanhou-nos até uma sala onde uma pequena menina loira rabiscava um papel, outrora branco, de todas as cores que completavam o arco-íris, acompanhada de uma senhora mais velha que se aproximou assim que entrara-mos.

— Alexa e Emma Collins, é um prazer vê-las ambas aqui de novo.

— Viemos buscar a nossa menina. —  troquei um olhar apaixonado com a mulher do meu lado que abraçou minha cintura mais forte.

— Finalmente. — acrescentou me devolvendo o olhar.

— Venham, ela nem conseguiu dormir bem por causa da ansiedade de saber que viriam. Há horas que pergunta quando vão chegar. — de forma simpática a mais velhas nos encaminhou até a menina. — Ella?

A criança levantara o olhar de forma doce e algo tímida, segurou a mão que a senhora lhe estendera e com um ar surpreso se aproximou de nós. Ella era uma criança encantadora ainda vivendo a flor dos seus três anos de idade, visitara-mos a mesma diversas vezes e de todas elas as memórias que guardo são de momentos de alegria repletos de amor.

" — Ella? Tu  — olhei minha esposa em modo de permissão à qual assentiu sorrindo — gostavas de ter-me e à Emma, como a tua família?

A mais nova pensou por momentos levando o pequeno lápis de cera até sua bochecha.

— Não.

Ambas trocamos olhares confusos, e antes de que minha companheira tivesse a oportunidade de falar algo, Ella tomou a palavra.

— Mamã, vocês já são a minha família. — deixou que as palavras saíssem com naturalidade, retomando seus rabiscos no papel.

Nesse momento ambas percebemos que, para aquela menina de fios de ouro seguros por dois elásticos de cada lado da sua pequena cabeça e de uma pele morena que se assemelhava á minha, aquilo era normal, pois um papel jamais ditaria as pessoas a quem podemos chamar de família, mas sim o amor que por elas em nossos corações se fazia sentir."

Ella segurou ambas nossas mãos com sua pequena mochila nas costas, completamente preparada para embarcar nesta aventura comigo e com Alexa e sem demoras levamos nossa filha para nosso lar.

17 De MaioOnde histórias criam vida. Descubra agora