Ponto de ônibus - Parte 1

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Caro leitor,

Sei que ''Ponto de ônibus'' não é um poema, mas escrevi essa história e gostaria de compartilhá-la com você.Ela é dividida em duas partes,pois contém a versão da moça (Júlia,primeira parte) e a versão do rapaz (Miguel,segunda parte).Espero que goste! Ah, e deixe sua opinião nos comentários!Obrigada e boa leitura!

Eu nem sei por onde começar, então acho que devo começar do começo da história .Sim, a palavra ‘’começo’’ repete-se várias vezes, assim como surge sua voz inúmeras vezes em meus pensamentos,nas horas mais difíceis, nas dores que sinto quando preciso do teu consolo:suas palavras e frases tão consoladoras que você me dizia enquanto eu ficava olhando diretamente para os seus olhos azuis tão claros a ponto de parecer um pedacinho do céu de outubro,quando te vi pela primeira vez.Meu mundo estava desmoronando em pedaços.Estava sem minha família por perto, sem amigos, sem consolos, e depois de um ‘’pé na bunda’,sem emprego.Até que vi um homem vestido com um terno básico sentado em um banco esperando pelo mesmo ônibus que o meu.Você fica muito elegante de terno.Sentei do seu lado,mas acho que você não percebeu que eu estava te olhando porque estava ouvindo música.Eu dei uma espiada na capa da música exposta no seu mp3, e pude ver o cd do Rolling Stones.Droga, esse era meu grupo favorito.Acho que fiquei tanto tempo te olhando que deixei minhas bolsas caírem, com os papéis de rascunho do meu antigo emprego.Você logo me olhou, parou de ouvir música e me ajudou, folha por folha.E como eu queria ter ficado ali, olhando para você e seu sorriso bobo por mais tempo.E nesse momento que nós mulheres chamamos de ‘’paixonite’’, o ônibus chegou.Eu pensei que nunca mais ia te ver, até que você perguntou meu nome. ‘’Júlia’’ eu respondi, quase sussurrando.Você me olhou acompanhado com aquele mesmo sorriso bobo e pude ouvir um ‘’Miguel’’. Então esse era seu nome, moço desconhecido.Sentei do seu lado no ônibus, e acredite, ele nem parecia mais aquele ônibus desconfortável que eu detestava ir.Conversamos até minha parada chegar e despedi de você, sem uma certeza de que veria seu rosto novamente.Mas, quando já estava na rua, pude ouvir a sua voz e seu rosto para fora da janela do ônibus gritando ‘’EU VOU TE VER EM BREVE,JÚLIA.’’ Eu ri, mas achei um pouco estranho você falar com tanta certeza.

  E você estava certo.Todos os dias, eu chegava triste por não ter arrumado um emprego, e via você no ponto de ônibus.Com o terno,  com  seus cabelos escuros e seu sorriso bobo.Eu confiava em você como ninguém.Contei todos os meus segredos,problemas,crises,paranóias,mostrei a minha coleção de camisas do Rolling Stones e descobri que você também tinha.Em troca,você também me contava seus segredos,paranóias,medos. Éramos  quase iguais,tirando o fato de que você amava futebol e era fanático pelo mesmo time que meu pai torcia.E o tempo passou, e nossos apertos de mão tornaram-se abraços, já saíamos juntos para tomar café na padaria em frente ao ponto de ônibus, e depois de alguns dias, os abraços começaram a ficar demorados até que um certo dia, nossos lábios se encontraram pela primeira vez naquele ônibus que eu nunca imaginava que seria um lugar tão romântico.

 Eu já tinha me apaixonado por alguns caras, mas você não era um cara.Você era o Miguel, o meu Miguel.E depois que me apaixonei por você, ficava te esperando todas as tardes no mesmo ponto de ônibus.Eu pensava que não existiria mais alguém nesse mundo que combinasse tanto comigo.Até que um dia, você não foi.Eu te esperei,o ônibus foi embora e eu fiquei ali sentada esperando ver um homem com terno gritando ‘’NÃO ACREDITO QUE PERDI O ÔNIBUS!’’ ou talvez, ‘’NÃO ACREDITO QUE VOCÊ ME ESPEROU NO PONTO DE ÔNIBUS.’’ Pois é, hoje em dia nem eu acredito mais.

E foi assim durante tanto tempo,até que cansei de tanto esperar e lembrei que tinha seu email.Mandei uma mensagem perguntando por que você não ia mais de ônibus.Talvez você teria comprado um carro.Mas, minutos depois, recebi uma mensagem que você havia escrito avisando que estava viajando, e que iria se mudar á trabalho.Porque que você não me disse antes?Eu te contei todos os meus segredos,como você pode me esconder que iria se mudar?Não respondi e passei a tarde no meu quarto.

Sim, eu chorei.Chorei por ter perdido meu tempo, meu carinho, meu emprego, e agora, meu coração estava perdido em algum lugar no ponto de ônibus.E ele permanece sentado ao lado do vazio que preenche meu peito, dois perdidos esperando um ônibus de idas e voltas que minhas lembranças trazem de ti.

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