Esquina 208

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Na esquina 208
Na janela do apartamento mais alto
Onde nenhuma trança de nenhuma princesa permitiria a entrada de seu príncipe
Mesmo se ela tivesse
E mesmo se ninguém soubesse
Ninguém conseguiria chegar até lá
Por que lá do alto da torre
Não dá pra ver ninguém
Só vê chão
E cores corridas
Na esquina 208
Na janela do apartamento mais sozinho
Onde nenhuma bruxa má ousa torturar
Pois é maldade demais prender gente ali
Nem vai ter como lutar por um amor
Por que ali nem de gente vê cor
Ninguém é sedentário
Não dali de cima
Afinal, tudo é corrido
E é apenas uma das mil noites
Mal sonhadas de olhos fechados
Mas bons sonhos de olhos abertos
E a janela fica aberta do pôr do Sol ao anoitecer
Na esquina 208
Na janela do apartamento mais esperançoso
Ela só desejava ser uma heroína
E oferecer um pouco da calma que guarda de todas as manhãs
E dar para as cores que tanto correm
E oferecer o resto do perfume vencido sem ocasião para ser usado
E dar para o que restou da atmosfera
Por que na esquina 208
Na janela do apartamento mais esquecido
Guarda uma menina cheia de livros guardados no peito
E fica presa na desilusão ao olhar para baixo
E enxergar a realidade.

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