Family ties

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Peter havia me deixado no jardim, Nicolae o havia chamado para resolver um pequeno probleminha referido aos empregados que limpavam a mansão desde o início do dia. Bom... pude perceber que Nicolae e Peter confiavam bastante um no outro, e de certa forma isso me confortava. Ambos eram muito atenciosos e receptivos, o que de fato achei estranho ao compara-los com os vampiros sádicos que li nos livros. Talvez a bondade nos dois não teria sumido completamente... Ainda. Imaginei que não desligaram a humanidade por completo, já que assim como eu. Relembravam de suas vidas antigas. Um memorável passado, que os impedia de se tornar os monstros que nasceram para ser.

Andava por entre as paredes de arbustos, o labirinto. Virei-me de lado ouvindo um grito abafado, entre passagens e mais passagens semelhantes. Sem demora... saltei perante duas paredes pousando firmemente na grama verde do chão, reparei atenciosamente a cena medonha há poucos metros a minha frente. O jardineiro estava deitado no chão, um vampiro de cabelo loiro saciava a terrível cede, se deliciando com o sangue da vítima segundo após segundos.

- Devo deduzir, que você é o único que não segue as regras nessa casa. –Cruzo os braços ao perceber que meu flagra e minha presença, tão pouco fez o garoto parar o que estava fazendo. –Você é o drogo, não é?

Faço um simples gesto com a mão, vendo o corpo ferido do pobre empregado arrastar-se para perto dos meus pés, desacordado. Porem vivo, por pouco. O rapaz impaciente levanta-se limpando a boca com o punho, seus olhos vermelhos pairou na caça próximo a moça... encarando a jovem com desdém.

-Algo me diz que você será tão irritante quanto Nicolae. – Drogo volta aos olhos âmbar, observando-me de cima a baixo. –Você deve ser a protegida do Viktor.

-Somos amigos, mais acredito que nem o próprio Viktor aprovaria seu comportamento. –Respondo cutucando o velho com o pé, vendo o ferimento em seu pescoço cicatrizar rapidamente.

-Não preciso da aprovação de Viktor, ele não é meu pai! –Ele aumenta o tom de voz. Suspirei mantendo-me calma, não queria dá uma de grossa ou mau educada perante a discussão, mas não resisti.

-Sei que não... -Disse com convicção. -Mais enquanto carregar o sobrenome Bartholy, fara parte dessa família... goste você de ter Viktor como pai ou não. Ele se silenciou abaixando a cabeça, passei pelo criado dando a volta no corpo deitado. Me aproximei o suficiente estendendo um lencinho, para que ele se limpasse adequadamente.

-Vamos entrar, antes que os meninos notem nossa ausência. –Disse entrelaçando meu braço com o dele. – Você não é nada discreto.

- Não ligo para o que é adequado... muito menos discreto. –Respondeu ele, sorrindo largo.

-Você e Viktor se merecem. –Reviro os olhos sorrindo.

-A uma certa diferença entre nós, mais no quesito crueldade... Viktor está no topo. –Falou sem desviar o olhar. – Viktor tem um hábito de colecionar itens raros... Nicolae é um ótimo telepata, Peter é um excelente rastreador e eu... –Ele dá uma pausa. –Consigo acessar lembranças com um simples toque.

Arregalei os olhos tentando me soltar, pensando na possível ideia dele ter usado a habilidade no decorrer da nossa conversa... mas Drogo puxou-me sorrindo de lado, dizendo:

–Estou aprendendo ainda... não se preocupe. Quando conseguir dominar, você será a primeira.

-Nem tente. –Suspiro aliviada.

Drogo me lançou um olhar de deboche diante da provocação, logo depois sorriu ao perceber meu leve susto. –Me pergunto o que você é, sei que Viktor não é tolo o suficiente para deixar qualquer um entrar em casa.

-Isso é irrelevante. – Falei desviando o olhar, enquanto a ele franziu a testa sem entender. Drogo não quis voltar ao assunto, tão pouco quis falar da minha vida. Estava em mystery spell para "Recomeçar do zero" como Viktor falou na carta, ele indubitavelmente não gostaria de passar por todo aquele mar revolto em Nova Orleans, não quando sabendo que... minha vida tomaria outro rumo. Em uma nova cidade. Um novo futuro. Um novo destino.

Entramos na casa dando de cara com Nicolae e Peter, que pararam a conversa quando nos viram adentrar em um corredor.

-Onde estava Drogo? – Nicolae cruza os braços, percebi de cara que o mais velho tinha seu lado paternalista rígido... ainda mais quando se tratava de regras.

- Bom, eu... –Drogo desvia o olhar guardando meu lenço sujo discretamente, percebi que ele não estava nervoso, mais a ansiedade em pensar em uma ideia convincente o fez travar.

-Ele estava me acompanhando no jardim... –Tomo a frente. – Foi um ótimo momento para nos conhecermos, não acha Drogo?

-Sim! –Ele fala rapidamente. Nicolae levanta uma das sobrancelhas duvidoso, tão pouco soube se meu teatro foi capaz de cobrir a cena que presenciei no jardim. Mais eu tinha que tentar pelo menos, mesmo que, se houvesse uma segunda vez... não pouparia Drogo novamente.

-Fico feliz que tenham se dado bem. –Nicolae responde cabisbaixo, mas sorridente. Estava aliviado.

Peter conteve o sorriso mordendo o lábio inferior ao encontrar meus olhos, um mordomo aparece, tirando a atenção de todos.

-Senhor Bartholy... –Se dirige exclusivamente para Nicolae a minha frente, que assente indo conversar com o velho barrigudo sobre algum assunto importante.

-Não deveria acobertar os erros de Drogo. – Peter adverte, quando Nicolae se fora pelo corredor acompanhado.

- Primeiro e último... –Levanto os braços em forma de redenção.

-E eu achei que tinha conseguido uma cúmplice. –Drogo cruza os braços, virando o rosto indignado.

- Não vou amolecer com você Drogo, muito pelo contrário... – Respondo com a voz embargada, enquanto cutucava o bolso no qual ele tinha escondido a prova do crime. –Pretendo ajudar com a falta de controle, não é impossível.

-Terei que concordar com ela. –Peter responde.

- Estou diante de um complô nessa casa. –Drogo provocou, analisando minha reação com um risinho sínico. –Não vou me tornar um fraco vegetariano, bebendo sangue de animais.

-Serio Drogo? Acha mesmo que vou permitir sua livre satisfação em assassinar gente inocente? –Respondi com deboche e ele pareceu entender o recado, arqueou as sobrancelhas rindo.

- Minha alma está corrompida "irmãzinha", não pode me salvar... não cabe a você obrigar-me a ir contra minha natureza. –Enquanto ele dizia isso, vi um misto de raiva e profunda tristeza passar em seus olhos que dificilmente deixava transparecer alguma emoção.

- Tem razão... mais pretendo salvar o pouco que resta de sua humanidade, dos dois na verdade. –Dou leve tapinhas no ombro de Peter, que arregalou os olhos de imediato – Não vou desistir de vocês, resolveremos esse problema passageiro... como uma família.

Peter assentiu confiante, Drogo virou o rosto fechando a cara... Não dando a mínima. De longe parecíamos uma família normal, em meio a tantas objeções que passamos ao longo dos anos, encontrar conforto em momento como esse era um privilegio, nunca pensei que um dia voltara a sentir isso novamente mais lá está a velha sensação calorosa... de estar rodeada de laços importantes. Laços familiares.  

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Notas do autor:

Iae! 
O que acharam amados? kkkkk 
Divulguem a fanfic e comentem bastante! (P.S: Não esqueçam de votar! Na estrelinha)

Notas finais:

(Family ties-> Laços de familia)


(Viktor Bartholy) -Promessas sangrentas.Onde histórias criam vida. Descubra agora