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Seu tom de voz estava tentando ao máximo não beirar ao rude, mas se tornou claro que Viktor estava perto de esbravejar. Sorri, inclinando a cabeça para analisar as linhas suaves de preocupação. Não estava surpresa com sua reação. Viktor tentava esconder a própria confusão bem ali, no V desenhado entre suas sobrancelhas.
-Você nunca me escuta. –Viktor repete as mesma palavras da noite passada. –Aonde diabos está sua cabeça, afinal? –Questionou assim que nos encontramos isolados no cômodo.
Aparentemente, meu comportamento tranquilo parecia deixá-lo ainda mais zangado. Era engraçado, quase nunca o vi tão incapaz de lidar consigo mesmo, assim de maneira tão evidente.
-Não preciso da sua proteção. –Provoco mais um pouquinho.
-Pare de dizer isso! Eu sei que não, mais não significa que não devo protegê-la! Que droga! –Em algum momento entre suas frases, Viktor socou a parede mais próxima dando as costas para mim.
Não tinha feito muito estrago apesar de sua frustração, eu realmente o invejava por fazer aquilo sem comprometer o resto do elemento. Minha sala de arte em Nova Orleans ainda tinha um buraco enorme na parede, que cobri com um quadro, afim de esconder o estrago. Viktor ainda mantinha o punho na parede. Não me movi, apenas observei seus ombros reagirem a respiração pesada, até que seu perfil e seus olhos me alcançaram.
-Sei que precisa cuidar das coisas fora dos muros dessa mansão... –Comecei. –Sei que está ficando ainda mais pesado carregar tudo nas suas costas, eu sei de tudo Viktor.
-Não foi fácil conseguir ler você plenamente como faço agora, mais aqui estou eu. –Continuo me aproximando. –Sinto o peso tanto quanto você, eu sei me cuidar.
Viktor Bartholy, o homem que sobreviveu ao tempo para contar a própria história... Virou-se para mim, encarando-me com os olhos marejados, os mesmo olhos que em outra época já foram tão frios de emoção quanto as inevitáveis tempestades de neve.
-Ao longo de minha existência, jamais senti um incômodo de ontem. –Disse ele com a voz baixa, senti que o proceder de suas palavras foram ditas não para mim e sim para si mesmo. –Eu nunca quebrei...
-Uma promessa? –Completei. –Pensei que você não tinha medo de nada.
-Noite passada eu tive.... –Viktor suspirou abaixando a cabeça. –Pensei que fosse te perder.
Meu coração em dado momento errou uma batida, me mantive estática, incapaz de dizer algo pelos próximos segundos. Eu sabia que desde o momento que nos conhecemos, Viktor foi capaz de tirar-me da vala que minha vida se encontrara. Ele me ajudou... estendeu a mão e me ensinou a prosseguir de cabeça erguida. Tudo o que passei, a dor que senti e as lágrimas que derramei foram secadas por ele, mais não pude comparar nenhuma dor como aquela que ele estava sentindo. Por muito tempo fomos uma família, apenas eu e ele. E não pude imaginar a metade do que lhe causei, por arrogância da minha parte.
-Desculpe-me. –Sussurrei, de maneira quase inaudível.
Eu não queria chorar, odiava-me por ser sensível.
Antes que eu pudesse dá uma pausa para enxugar minha desgraça, o braço de Viktor envolveu minha cintura, puxando-me mais para si. Arregalei os olhos pelo choque, mal tinha notado seus passos furtivos até mim. Nunca estivemos tão próximos, meu nariz estava prestes a tocar o dele, visto que nossas respirações se misturavam com violência. Pude ver a dor atravessar seus olhos. Viktor baixou o olhar, derrotado, apoiando a testa na curva do meu pescoço. Não contive meus braços e nem quis, jogando-os sobre seus ombros e afundando minha cabeça logo em seguida. E em seu colo me permiti chorar. Por um momento, considerei a ideia de permanecer ali para sempre, segura no seu abraço.
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(Viktor Bartholy) -Promessas sangrentas.
مصاص دماء"O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui." Da famosa peça (A Tempestade), quando Shakespeare disse isso ele certamente não sabia o que eu sei sobre demônios. Afinal, sei que vivo rodeada de seres sobrenaturais com integridade, honra e ve...