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Não vi a hora que cai no sono para ser sincera, não conseguia me lembrar de boa parte dos acontecimentos da noite passada, o que estava me incomodando bastante, visto que acordei aquela manhã na minha cama. Com ninguém menos que Peter Bartholy, em uma poltrona adormecido logo ao lado. Espreguicei-me com vontade, testando a sensibilidade dos meus músculos. Sentia-me bem melhor.
Sem dúvidas, incontáveis vezes melhor... quer dizer, a dor de cabeça havia sumido, mais uma desconfortável dor nas costas incomodava-me. Fazendo-me trincar os dentes assim que joguei as pernas para fora da cama, de modo que estava sentada frente a frente com Peter. Vampiros raramente dormiam, o que achei engraçado a cena diante... e honestamente, me senti horrível por ter que acordá-lo de um sono aparentemente sereno, embora eu soubesse que dormir em poltronas não era nada confortável.
-Peter? – Chamei com bastante paciência. -Peter?
Ele pestanejou devagar, acostumando-se com a claridade da manhã. Seu corpo procurou uma posição mais confortável e ereta no assento, enquanto seus olhos tentavam me pôr em seu campo de visão.
-Bom dia. –Saudei sem graça.
-Você está bem? –Ele quis saber, coçando os olhos.
-Sim. –Minto. –Me diz que não fiz nada de errado ontem à noite. –Disse tentando mudar de assunto.
-Bom. –Ele desviou o olhar mordendo o lábio inferior, pensando seriamente se devia prosseguir... então resumiu. –Os caçadores bateram em retirada, quer dizer... os poucos que sobraram e os lobisomens que você salvou, foram embora logo em seguida.
-Fico feliz que eles conseguiram escapar. –Respondo aliviada. –E quanto a Drogo? Ele está bem?
-Sim... ele vai sobreviver. –Peter responde levantando-se, arrumando o casaco amassado. –Encare o atual estado dele, como um severo resfriado.
-Interessante sua comparação. –Ambos rimos.
-Você se importa em sair? –Falei cansativa. –Preciso me trocar.
-Sim, claro. –Ele sorriu de lado andando meio sonolento, sumindo pelo corredor.
Me levantei indo ao banheiro, sentindo uma ardência nas costas acompanhado de uma leve tontura. Observei meu reflexo no espelho, logo depois puxei a linha que amarrava meu pijama formando uma pequena pilha no chão... Entrei na banheira sentindo uma fina cicatriz nas costas ao massagear o local dolorido, lembrei-me de fragmentos da noite passada, corpos espalhados, gritos de horror e depois a matança.
Lapso de memórias passavam diante dos meus olhos, o vento soprou em direção contrária... ouvi passos se aproximando e meu corpo guiado por uma força incontrolável, caminhava para aquela direção sem medo ou receio. A lua minguante se escondeu atrás de uma nuvem na penumbra da noite e meus olhos de fera, não parecia ver bem o rosto a minha frente. A silhueta era de um homem, mais sua face estava borrada como uma lembrança distorcida.
A cada movimento que me levava para perto da presa, meu coração acelerava, o rosto do homem misterioso me fizera duvidar que quanto mais me aproximava... havia a certeza de que eu não o conhecia. Primeiro o homem sacou uma pequena faca de prata, e sem que eu pudesse impedir seu movimento, cravou sem qualquer pudor a lâmina. Um uivo de dor ecoou pela clareira, a dor que me queimava por dentro era insuportável. De repente me via indefesa deitada no chão, o caçador se aproximou com um sorriso nos lábios segurando a faca ensanguentada... já não via o corpo de um imenso lobo, agora observava uma mulher ferida. Meu corpo tremia, o corte não se curou como imaginei que aconteceria, pelo contrário, doía como o inferno.
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(Viktor Bartholy) -Promessas sangrentas.
Vampire"O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui." Da famosa peça (A Tempestade), quando Shakespeare disse isso ele certamente não sabia o que eu sei sobre demônios. Afinal, sei que vivo rodeada de seres sobrenaturais com integridade, honra e ve...