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Respirei fundo mais uma vez, segurando duas flechas a poucos centímetros do meu rosto. Tínhamos nos separado na mansão, Peter me acompanhava se livrando de qualquer um que aparecesse em nosso caminho.
-Homens... –Resmunguei largando as flechas, bufando de tédio. -Enfermé les sanguinox. –Conjurei um simples feitiço, assumindo um tom calmo com um sorriso nos lábios... vendo dois encapuzados caírem a minha frente, cuspindo uma mistura de sangue com saliva.
-Drogo? –Vejo Peter abrir uma sala qualquer no corredor, arregalando os olhos ao ver um pequeno grupo de caçadores correndo em nossa direção.
-No andar de cima! – Fecho o punho no exato momento em que a porta se tranca a sua frente, nos separando dos bárbaros, que batiam freneticamente querendo sair. –Alcançarei vocês em breve.
-Aonde vai? – Peter quis saber, limpando as mão ensanguentadas nas roupas. –A última coisa que quero agora, é Viktor no meu pé.
-Eu sei me cuidar muito bem sozinha... –Respondi fitando toda a extensão do corredor, focando na porta vermelha no final. –Converso com ele depois.
-Então me deixe ir com você. –Sugeriu ele, parando bem diante de mim. Vi a suplica em seus olhos esperando que eu concordasse, mais não o fiz.
-Desculpe-me Peter, mais não posso. –Falei tentando não me abalar com seu desânimo. –Encontraram Drogo em uma sala do lado de uma janela quebrada, bem no fim do corredor.
-Se por acaso demorar... eu mesmo irei atrás. –Falou ele após suspirar. Peter não insistiu, muito menos prosseguiu em me fazer mudar de ideia, ficamos em silencio por um par de segundos. O silencio era algo que tínhamos em comum, era confortável... mas pesava sobre nós.
Senti sua mão em meu ombro, se sentia culpado em me deixar sozinha... como se fosse um erro. A preocupação o consumia e a aflição em encontrar Drogo o martelava impertinente, mais deixou a ideia de lado ao pensar que algo aconteceria comigo. Ele se afastou, mais percebi o quão difícil foi fazê-lo.... apenas seguiu minha orientação sem questionar. Segui para a porta vermelha, descendo degraus empoeirados em uma escada de pedra em espiral. Havia tochas espalhadas até o fim dela, mais o corredor a frente se mantinha sem luz. Parei sentido o chão úmido, o cômodo estava fétido, com o som de respingos acumulando-se em um pequena poça a minha frente.
-Irascitur Incendía. –Sussurrei para mim mesma, deparando-me com as tochas no canto da sala queimarem uma após a outra. Iluminando o local.
Observei atentamente as poucas selas, quatro no total. Caminhei pacientemente com os dedos entrelaçados fitando os acorrentados, magros, pálidos e a maioria com feridas expostas nas costas, encolhidos com medo. Não eram vampiros, pouco menos bruxos... eram lobisomens. As feras que li nos livros, criados em matilhas, poderoso e imbatíveis, as bestas selvagens em forma humana... que os via agora tão fracos e impotentes. Assim como eu.
-Quem teria coragem, de fazer tal atrocidade? –Não percebi as lágrimas que derramei. Me aproximei de uma sela onde uma mãe agarrava-se ao filho desacordado... não tendo forças para chorar, já que fizera horas atrás.
-Foi seu povo, bruxa megera. –Um velho cospe as palavras com dificuldade, da sela ao lado.
Tentei não me mostrar ofendida, sequei as lágrimas me virando para encara-lo que encolheu-se um pouco, fazendo o tinir das correntes ecoarem pelo cômodo.
-Que povo? –Questiono levantando uma das sobrancelhas. –Minha mãe foi morta por me dar à luz, não faço parte de nenhuma comunidade de bruxos.
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(Viktor Bartholy) -Promessas sangrentas.
Vampiros"O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui." Da famosa peça (A Tempestade), quando Shakespeare disse isso ele certamente não sabia o que eu sei sobre demônios. Afinal, sei que vivo rodeada de seres sobrenaturais com integridade, honra e ve...