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Ouvi as batidas do coração da mamãe se intensificarem mais... ela estava nervosa. Com medo. Vulnerável. Mas em nenhum momento apresentou fraqueza. Eu era a única que ouvia seu coração na sala, não só o dela... mais reconheci o cheiro de todos por debaixo do capuz.
Me perguntava se era um dom o que tinha, uma habilidade única em um membro da família.... Mais depois daquela dia, descobri o motivo de tal natureza.
-Eu não tenho nada a esconder. -Minha mãe quebra o silêncio, erguendo a cabeça.
- Todos vocês aqui...vieram me julgar pelos meus erros. - Ela dá um sorriso de lado encarando o papai, mais volta a atenção ao S.r. Osborne.
-Por favor... continue. - Ela cruza as pernas confiante. Os cochichos de todos vieram à tona no segundo seguinte.
- Margareth, negas a prática proibida da magia negra? E o caso... ou melhor, relação que teve com um lobisomem sete anos atrás? - A senhora Darcy se levanta da cadeira com alguns papéis nas mãos, encontrando os olhos da mamãe.
-Não, faria tudo de novo se tivesse a chance. - Minha mãe cruza os braços, ela lança um sorriso a meu pai quando percebeu o desconforto vindo do marido.
Todos da arquibancada começam a discutir em alto e bom som sobre o assunto, alguns a olhavam indignada e outros aproveitavam o momento para zombar e criticar.
-Pensei que fosse impossível a junção de duas criaturas tão distintas, e resultar... nisso. - O senhor Osborne faz um simples gesto para meu lado ao terminar a fala, no mesmo instante em que minha tia me empurra para frente.
- Essa criança é diferente e única, híbrida em todos os sentidos. Parte bruxa... - O senhor Osborne se levanta do assento para me encarar, mais pude perceber com quanta repulsa ele falou as últimas palavras. - E parte lobo.
-Impossível! - Um dos membros na arquibancada se levanta questionando.
-Conheço Rosalie desde de sempre, e ela nunca apresentou comportamento estranhos. -Uma mulher na arquibancada se levanta duvidosa.
- Margareth fez um feitiço antigo para esconder o lado lobo da menina. - A voz do meu pai finalmente é ouvida, ele desce as escadas e vem a meu encontro ao falar.
- Papai... - falei baixo quando ele se agachou, meu nervosismo perante a tudo me fez hesitar quando ele encontrou meus olhos.
- Esse colar... - Ele arranca o pingente de cristal azulado em meu pescoço, e se levanta dando as costas para mim. - Essa é a prova, a única coisa que aprisiona a besta nessa criança.
O mundo parou de imediato, meus olhos se encheram de lágrimas enfeitando meu rosto. Me via em um pesadelo real, meu pai que um dia amei me ignorava por completo, minha irmã não me olhava como antigamente... e todos me observavam como um palhaço de circo, uma aberração da natureza. Um monstro.
Olhei para minha mãe, ela se via com tanta vergonha de si mesma, que não lançou um olhar se quê para meu lado desde que o julgamento começou, fitava os olhares dos outros para não me encarar. Eu queria apenas um sorriso vindo dela, isso seria a única evidência que iria me tranquilizar, pensei " Tudo vai ficar bem", mais nada disso aconteceu.
- Margareth é culpada por traição, por essas e muito mais.... Retirem- na da sala! - A senhora Pierce faz um simples gesto, e que no mesmo instante vejo dois homens se aproximarem da mamãe agarrando-a pelos ombros, um em cada lado.
- Mamãe.... - Falo mais alto a vendo ser arrastada para fora, ela olhou pelo ombros ao me ver mais virou o rosto escondendo sua face.
- Say something! - Naquela altura, minhas lágrimas já haviam se secado no rosto e a raiva me consumia. Meu pai se virou para mim, não encontrando os olhos da garotinha que viu os primeiros passos e sim olhos exóticos, chamativos e dourados.
Meu pai deu um passo atrás, e vi de relance minha mãe arregalar os olhos ao encontrar os meus.
Todos olharam para o único canto da sala onde a pequenina se encontrara, estavam chocados, incrédulos e ao mesmo tempo.... Assustados.
A senhora Parker apoiou a mão no meu ombro fazendo os mesmos relaxarem, ela não esperou as críticas ou conversas virem à tona... já me via sendo guiada em um corredor até parar em uma sala fechada que dava ao jardim.
- Rosalie... - Ela suspira vendo meus olhos voltarem ao normal, segurou meu rosto com as mãos após me sentar em uma poltrona macia.
- Fique aqui está bem... irei consertar isso. -Ela enxugou uma lágrima solitária que escorria pelo meu rosto com o polegar e cedeu um beijo na minha testa.
Ela saiu pela única porta do cômodo e em alguns segundos que pareciam horas, me via sozinha e quebrada... todos deram as costas para mim. Cresci cercada por uma mentira e todos me odiavam por um erro que não era meu.
Me encolhi mais na poltrona abraçando minhas pernas, os passos rápidos do que parecia três homens se aproxima mais do lugar onde estava. Me aproximei da porta ouvindo a voz familiar que vinha do corredor onde dava a meu cômodo, era questão de segundos até chegarem onde me encontrara.
-Be quick... Just a little girl. - Reconheci a voz do meu pai ao terminar. Sem hesitar, mesmo com a mão trêmula... fui capaz de girar a chave da porta me trancando. Dei um passo para trás ouvindo as batidas continuas, tentavam várias vezes abri-la girando a maçaneta mas foi em vão.
Por precaução, afastei uma cadeira encostando na porta, sei que era idiota e talvez fosse... mais por um momento, pensei que meus esforços iriam valer a pena a ponto de me manter segura.
- Abra a porta Rosalie! - Ele grita do outro lado batendo novamente.
Me encostei na parede tampando os ouvidos próxima a janela de cortinas de renda, a essa altura não sabia o que fazer... ficar ou fugir? E se fugisse, para onde eu iria? Me levantei e abri a grande janela, me sentei na beirada do batente calculando a altura.
A queda não me mataria, mais sairia com algumas lesões. Sem pensar duas vezes pulei, no exato instante em que eles forçaram a porta o bastante, a ponto de desaba-la no chão.
Eu corri, me apressei o suficiente e sai da casa Osborne. Meus pulmões imploravam por descanso e meu joelho martelava uma dor insuportável. Ignorei a dor, no decorrer que corria pensando em local seguro... meu lar estava fora de cogitação, seria o primeiro lugar em que iriam procurar.
Apenas continuei correndo, não me importava se minhas vestes se encontrava sujas. Afinal, cai em cima de uma roseira, algumas pétalas e folhas enfeitavam meu cabelo e meu vestido preferido se encontrava sujo de areia. Na praça, todos olhavam a garotinha chorona que corria, até que entro em um beco qualquer e me escondo próxima a algumas caixas empilhadas. E lá escondida e encolhida, me limitei a chorar por tudo.
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Notas finais: Oie gente tudo bom?
O que achara desse capitulo? Meio tenso não? kkkkk
(Tradução)
Olhar dourado--> Golden look
Fale alguma coisa!--> Say something!
Sejam rápidos... é só uma garotinha.--> Be quick... just a little girl.
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(Viktor Bartholy) -Promessas sangrentas.
Vampiro"O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui." Da famosa peça (A Tempestade), quando Shakespeare disse isso ele certamente não sabia o que eu sei sobre demônios. Afinal, sei que vivo rodeada de seres sobrenaturais com integridade, honra e ve...