Hailee

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Point of view Lauren

Olhei para meu celular pela terceira vez seguida enquanto estava sentada  no banco do pátio. Já era o segundo dia desde que Sofia sumiu, e até agora nenhuma mensagem. Não que eu estivesse preocupada, mas era no mínimo questionável levando em conta que ela vive enchendo minha caixa de mensagens.

Será que ela voltou atrás?

O medo de ter que aguentar os abusos outra vez me atingiu, e nunca desejei tanto ouvir o bip do meu celular notificando algo. Olhei pela quarta vez para tela do celular e nada, no entanto quando olhei para o portão vi a trope do mal entrando. Meu suor ficou gelado por não saber o que esperar da aparição deles.

O sinal tocou e logo fui para sala, sentindo olhares queimando minhas costas. Sentei no meu lugar habitual, um tempo depois eles entraram, estavam calados, tornando tudo ainda mais estranho, porque eles costumam ser muito barulhentos e não respeitam a aula de nenhum professor.

A aula foi estranhamente quieta, o sinal voltou a tocar avisando o intervalo e todos saíram. Guardei meus livros e segui para o refeitório, mas antes de passar pela porta sinto um líquido gelado molhando o meu uniforme.

- Olha por onde anda, Jauregui! - Sofia diz de forma debochada e seus amigos riem.

Saem em seguida mas ainda consigo entender a latina pronunciar um " Desculpa, Laur! " sem som.

Suspiro em alívio quando eles somem do meu campo de visão, aparentemente o acordo ainda está de pé.

Vou para o banheiro trocar de camiseta; sim, eu tenho mais que uma, era recorrente essa situação. Sigo para o refeitório e sento sozinha, sendo abordada algumas vezes por garotos, ser solitária e sem amigos não impedia dos caras me acharem atraente e tentarem algo. Não dou bola e varro meus olhos pelo local cheio de pessoas, tudo estava na mais perfeita ordem.

- Hey, estranha! - ouço a voz masculina e sinto calafrios. - Saudades de mim?

Bradley possuía um sorriso quase psicótico no rosto.

Ele é mesmo um psicopata.

- Esta com medo? - se senta ao meu lado, sua mão vai para minha coxa por baixo da mesa, ninguém no refeitório notaria. - Eu adoro o medo claro em seus olhos, é excitante.

- O que você quer? - pergunto com a voz trêmula.

- Sofia anda estranha e me pedindo para ficar longe de você.  - Seu olhar parecia me questionar. - Mas não vim falar sobre isso.

Engulo em seco e sua mão aperta ainda mais minha coxa.

- Escuta aqui, sei que você já tentou dar queixa de mim, e também que já  tentou levar esse assunto para a igreja. - Meu coração batia descompassado, não fazia idéia a onde ele queria chegar. - O ponto é que isso pode me trazer problemas, e se me trazerem eu acabo com sua vida inútil. Quero que espalhe por aí a história que contei a sua mãe, diga que era mentira e estava frustrada.

Seu tom era baixo e ameaçador, qualquer um de fora teria a impressão que era uma conversa pacífica.

- Por que eu faria isso? - perguntei com o pingo de coragem que tinha em meu corpo, me arrependendo logo depois quando vi ele sorrir em puro escárnio.

- Porque se você não fizer isso estará fodida... - deu uma pausa mordendo o lábio inferior. - Literalmente fodida, querida.

Meus olhos encheram de água e um flash de todos os abusos que sofri por ele passaram por minha cabeça.

- Está lembrando? - o deboche em sua voz era nojento, assim como ele. - Não se preocupe, se não fizer o que eu disse terei o prazer de reviver tudo isso, não serão apenas memórias. 

Drown in love - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora