Camila já não era mais a mesma, desde a morte de Victória. Já não acreditava mais em contos de fadas, em um mundo bom. Ela descobriu que as pessoas eram maldosas. Mas, ela tentava ser melhor... Ela tentava... Mas, a maldade, ambição, inveja, ódio e...
Não teve mais o que Patrícia argumentar. Ela apertou o maxilar, sentindo a mesma dor que sentiu quando matou Victória. Amava aquele hospital acima de qualquer outra coisa, sentia sua alma sendo arrancada, se é que ela tinha uma.
Havia perdido aquela batalha. Mas, aquilo não ficaria assim, porque a guerra estava apenas começando e assim como ela tirou todos do seu caminho, ela tiraria Camila também.
---- . E agora como diretora, eu informo as todas acionistas que eu vou vincular o Estrabão com o SUS. A reunião está encerrada, se todas estiver de acordo. ---- determinou Camila.
Patrícia rangeu os dentes de ódio, repulsa, com uma vontade imensa de matar. Ela ergueu seu olhar, olhando para Camila e engoliu em seco, sentindo a saliva rasgar sua garganta.
---- . Isso é um absurdo. ---- esbravejou Patrícia ---- . Eu não vou permitir que você destrua um legado de décadas por causa dos seus caprichos. ---- levantou-se revoltada, fazendo Camila levantar o queixo e a sobrancelha com firmeza ---- . O que você pretende fazer? Encher o hospital de gentinha que não tem onde cair morta? Porque eu tenho certeza que essa gente que você trouxe pra cá, não tem nem como pagar o transporte para chegar até aqui. ---- disparou com raiva, perdendo literalmente a sensatez.
---- . A situação de calamidade na saúde pública é algo revoltante, desumano, humilhante, Patrícia. ---- rebateu Camila e levantou-se, confrontando-a.
---- . Isso não é um problema meu, é problema do governo federal, do ministério público, seja lá de quem for. Só não é meu, não é nosso. ---- retrucou de forma ardilosa ---- . O meu problema é: se tem dinheiro pra pagar, bem, se não, que enfrente fila do SUS.
Camila sorriu, um sorriso amargo, com incredulidade e desdém.
---- . Então é isso? Todo essa sua defesa por um legado de anos nada mais é pelo que, dinheiro que não vai entrar no seu bolso? ---- Camila negou veementemente com a cabeça, chocada com o que ouvira ---- . Você consegue se ouvir? Consegue ouvir os absurdos que está dizendo? ---- bateu de frente com a mulher dando um passo a frente, enfrentando-a ardilosamente ---- . Claro que não. Mas, não se preocupe, titia. Porque isso não afetará seu bolso. Se o problema é dinheiro, eu pago cada centavo.
Patrícia cerrou os dentes, com os lábios entre abertos, tremendo de tamanho era seu ódio e soltou o ar que prendia.
