Quando os céus me enviaram um anjo cupido

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Por: Vienna


Existe aquele momento na vida de várias garotas no qual elas ficam obcecadas por alguém, como se, de repente, essa pessoa comum se tornasse o centro do seu mundo, a razão de sua existência e todo um teatro melodramático com o qual muita gente se identifica. É claro que essa fase geralmente rola na adolescência, quando os hormônios estão à flor da pele e tudo é motivo de riso ou de choro – ou de ambos, ao mesmo tempo.

No entanto, eu nunca tinha passado por uma fase assim. Quer dizer, eu já tive umas paixonites em certos vocalistas de bandas, mas não é desse tipo de coisa que eu estou falando. Eu me refiro àquelas paixões de escola, de surtar quando vê o menino no corredor e ficar passando em frente à sala dele apenas porque sim. E eu já vi isso acontecer com muita gente, pelo menos com a maioria das garotas com as quais eu estudei. Mas, e quanto a mim? Nada. E era bem por isso que os idiotas da minha sala me apelidaram de "Vienna coração de gelo".

Pera aí, qual é o problema de não ficar de suspiros por aí por causa de algum marmanjo barbado?

Enfim, o fato foi que a escola – graças a Deus – acabou e eu continuei imune. Comecei a pensar que talvez eu tivesse algum problema, que eu não gostasse de pessoas e que fosse envelhecer com quinze gatos em um sítio, completamente sozinha. Não que essa opção seja de todo ruim, até porque, que homem pode competir com quinze gatos?

Noah Hwang, talvez. E bom, aqui temos o começo do meu problema.

Eu descobri que era "normal" logo na primeira semana na universidade e que o problema da minha vida sempre tinha sido os garotos desinteressantes da minha antiga escola. E como foi que eu descobri isso?

Bem, eu me lembro como se fosse ontem. Eu estava saindo da minha última aula da tarde junto com o Oliver, meu melhor amigo. Nós dois somos tão parecidos – e tão fracassados – que até mesmo escolhemos o mesmo curso na mesma universidade. E ele também é do tipo que não cai de amores por qualquer garoto por aí, por isso ele sempre me entendeu. 

Isso até eu conhecer o Noah, que é o ponto de toda essa história.

Nós atravessamos os prédios do lado leste do campus, onde a maioria dos alunos se reunia para praticar esportes nas quadras disponíveis. Nem eu e nem meu melhor amigo tínhamos talento para qualquer coisa que envolvesse esforço físico, então é claro que passamos reto e nos sentamos na sombra, debaixo de uma árvore. Eu ainda me lembro de como Oliver falava alguma coisa sobre sua nova aquisição para a coleção de miniaturas de personagens de filmes que ele tinha e eu tentava prestar atenção nele, enquanto pensava nas duas provas que teria na semana seguinte e descabelava meus fios castanhos de um lado para o outro.

Foi então que...

Sabe aqueles efeitos ridículos de filmes onde um personagem, geralmente um cara charmoso ou uma menina bonita, ficam em câmera lenta, diante de outro personagem que o encara como um bobão? Foi basicamente isso. Em um momento eu estava lá, me descabelando, e no outro, meus olhos estavam fixos no sorriso brilhante, olhos pequenos, cabelos sedosos ao vento, e claro, abdômen sarado de Noah Hwang, o garoto mais bonito que eu já tinha visto em toda a minha existência nesse mundo cruel. E então, como em um passe de mágica, "Vienna coração de gelo" se tornou "Vienna coração em chamas", ou algo brega por aí.

Eu achava que amor à primeira vista era ridículo demais para ser real, mas lá estava eu, com meio quilo de baba dentro da boca e suspirando como se meu mundo simplesmente tivesse parado de rodar.

– Quem é esse anjo?

Oliver ergueu o rosto e foi só naquele momento que percebeu que eu tinha parado de ouvir sua história sobre alguma miniatura da Marvel e estava congelada na direção do garoto de descendência asiática que limpava o suor do rosto em uma toalhinha branca no canto da quadra de basquete. Oh meu deus... ele era realmente maravilhoso.

Estúpido CupidoOnde histórias criam vida. Descubra agora