Eternamente ao lado dele

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Querida Bela,

Primeiramente, é um prazer falar com você novamente. Confesso que debati muito se deveria te mandar essa carta, se estou agindo certo, mas quando descobri que haveria uma forma real de entregar minhas palavras a você, não pude simplesmente rejeitar a oferta.

Meu coração ficou triste em saber as dificuldades pelas quais você tem passado, mas também feliz em saber que se encontra bem, viva e saudável. Eu também estou assim, bem, vivo e saudável.

Eu sei que as coisas não são mais as mesmas, sei que nem você e nem eu somos mais o que éramos, que tudo o que vivemos juntos modificou muito o nosso destino. Porém, eu nunca me arrependi do amor que tivemos e dos bons momentos que passamos juntos, eles estarão para sempre em minha memória, e espero que na sua também.

Apesar de tudo, desejo que elas sejam apenas boas memórias e que você possa seguir sua vida humana em frente. Te desejo toda a sorte, luz e amor do mundo, e que você possa encontrar em alguém como você todo o amor que você merece.

E eu continuarei fazendo o meu melhor, não se preocupe comigo nem por um segundo.

Talvez um dia, em outras circunstâncias, nós possamos nos encontrar de novo. Enquanto esse dia não chegar, cresça com a luz que você sempre teve e se torne a mulher admirável que eu tenho certeza que você será.

Deixe-me ir do seu coração, minha adorada Bela, eu repito, mantenha-me apenas como uma memória. Esse é meu último pedido a você.

Daquele que sempre torcerá pelo seu sucesso, Samuel.


Por: Daniel


– Eu não entendo...

Vienna ergueu os olhos e me encarou confusa, seu semblante cheio de dor. A carta de Samuel balançava em suas mãos trêmulas e finas lágrimas rolavam de seus olhos.

– Eu não entendo, Daniel – ela repetiu – Por quê? É uma carta tão bonita... Por que ela teve que morrer?

Olhei para ela, ainda irritado e chateado. No início, achei que eu estivesse regredindo, que ia começar a ter uma crise como no passado. Porém, logo percebi que não era da mesma forma, não era o mesmo sentimento. Eu olhava para Vienna e me sentia desapontado, magoado, mas de um jeito tão... humano.

As emoções negativas, eu não estou muito acostumado com elas, como um anjo eu raramente sentia algo assim. Mas eu sou um humano agora e como um humano, deve ser normal sentir esse tipo de coisa.

Eu não odeio a Vienna pelo que ela fez, ao invés disso, eu me sinto chateado por ela não ter falado comigo antes de tomar aquela decisão.

– Meu Deus, eu matei alguém – ela concluiu perante o meu silêncio e cobriu o rosto com as mãos, para logo cair em um choro pesado.

Ela estava errada, ela fez algo ruim. Eu devia estar com raiva, mas então por que eu me sinto mais piedoso a cada segundo?

– Você não a matou – falei por fim, mas ela não me deu atenção e apenas continuou chorando - Eles acham que ela teve um ataque cardíaco, o corpo dela provavelmente não aguentou o choque ao receber essa carta. 

Droga, agora eu estou me sentindo errado por ter brigado com ela. Eu não acho que Vienna tenha matado aquela garota, também não queria que ela chegasse a uma conclusão como essa. Eu só fiquei chateado por ela ter decidido algo tão importante sem mim.

– Você está partindo o meu coração...

Levantei da cama e caminhei até ela. Sem conseguir controlar meus instintos, acariciei o topo de sua cabeça como costumava fazer. Vienna chorou ainda mais alto e eu coloquei meus braços ao seu redor, para que ela chorasse em meus ombros.

Estúpido CupidoOnde histórias criam vida. Descubra agora