O anjo que ela nunca esqueceu

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Por: Daniel


Estava quente, um ensolarado dia de verão. Vienna estava andando ao meu lado pelo parque, enquanto eu apontava para o carrinho de algodão-doce. Nós sorríamos até que minhas bochechas doessem, até que eu não conseguisse mais respirar. Minhas asas estavam abertas em minhas costas e eu desfilava com elas sem medo algum. Minhas bonitas asas.

Vienna comprou dois algodões-doces e nós nos sentamos no gramado para comer. Cael e Gabriel também estavam lá, aproveitando aquela tarde calorosa. Além deles, também vi o Samuel, andando em um dos balanços ao lado de uma garota de longos cabelos ruivos. Será que era a garota que ele gostava?

Foi então que Gabriel sugeriu que voássemos. Voar? Isso era possível? Eu não sabia se era, até que eu subitamente consegui, sem esforço algum, como se aquilo fosse algo tão natural quanto respirar. Meus pés saíram do chão e eu subi pelos ares, enquanto minhas asas batiam em minhas costas.

Uau, aquela era uma sensação indescritível.

Vienna, que estava me olhando do gramado, sorria em minha direção como se estivesse vendo algo bonito. Será que era? Será que me ver voar com minhas grandes asas era bonito?

Quando voltei ao chão, ela me abraçou e afundou seu rosto em meu peito, o que fez com que minhas bochechas corassem e meu coração acelerasse no peito. Eu gostava daquele sentimento, gostava de tê-la perto de mim, do meu coração...


Por que... Por que a claridade está tão forte hoje?


Abri os olhos e me deparei com o sol entrando pela janela do quarto da clínica. Tentei coçar meus olhos e percebi que estava, como sempre, preso na cama. O que tinha sido aquilo? Um sonho?

Levei uma das mãos até minhas costas, apenas para comprovar o que eu já sabia: minhas asas não estavam mais lá. Ao contrário, haviam fundas cicatrizes no local. Tentei me lembrar novamente do sonho, da forma como Vienna sorria para mim, como me abraçava e ficava perto de mim. Aquele sentimento era tão bom...

E então, como em todas as vezes, comecei a me sentir irritado, enjoado, frustrado. Bati em meu próprio peito, eu queria me machucar, queria acabar logo com isso. Era errado sentir aquelas coisas, eu não devia me sentir desse jeito.

Uma lágrima rolou dos meus olhos enquanto eu ainda me batia, embora nem mesmo sentisse dor. Por que eu ficava tão irritado com tudo relacionado à Vienna? Por que eu tinha que ficar desse jeito todas as vezes em que a via ou pensava nela?

 Você está fazendo um bom trabalho, Daniel – Vienna disse e acariciou de leve o topo da minha cabeça – Eu me orgulho de você.

Ela se orgulha de mim...

Parei de bater no meu peito e então levei, levemente, minha mão até o topo da minha cabeça. Acariciei meus cabelos assim como ela tinha feito e repeti suas palavras em minha mente.

Vienna se orgulha de mim, eu preciso melhorar, eu preciso me livrar desses sentimentos ruins...

Peguei lápis e papel e comecei a desenhar, dessa vez o que eu sonhei. Eu estava voando nos céus e ela estava me olhando, sorrindo, como se aquele fosse o melhor momento das nossas vidas.


Por: Vienna


Assim que cheguei na clínica depois da aula, fui direto procurar pelas enfermeiras, com uma sacola na mão. Dentro dela havia algo que eu imaginava que o Daniel fosse gostar.

Estúpido CupidoOnde histórias criam vida. Descubra agora