Por: Daniel
Gabriel ainda não tinha conseguido seu primeiro trabalho como anjo cupido e aquilo estava deixando-o muito irritado, tão irritado que tinha gritado dentro do supermercado e chutado uma lata de lixo do lado de fora. Eu não preciso lembrar que somos anjos, né? Chutar e gritar não são atitudes angelicais, mas todo mundo perdoou o Gabriel porque sabia que ele não estava em seu estado normal.
Ou talvez estava.
– Sou defeituoso – ele disse enquanto enchia a boca de salgadinho de queijo – Só posso ser um anjo defeituoso, por isso que não me chamam para essa m****.
Pausei o jogo de videogame que a gente estava jogando e olhei em sua direção.
– Bem, falar palavrão não te faz mesmo muito angelical – ri – Mas, você sabe que vai ser um ótimo anjo cupido, né? Só ainda não chegou sua hora.
– Mas a hora de comprar comida já chegou e eu PRECISO COMER – ele gritou as últimas palavras – Sério, eu aceito qualquer um, pode ser até um humano presidiário apaixonado, não ligo.
Eu ri de novo, embora imaginasse que aquilo fosse mesmo angustiante. Quase todos os novos anjos cupido já tinham arranjado trabalho, alguns já até tinham concluído o primeiro. E eu vivia na casa da Vienna agora, o que deixava o Gabriel praticamente sozinho o dia inteiro. Eu estava prestes a dizer que daria um jeito de conseguir alguns trocados para que ele pudesse fazer as compras da semana, quando ouvi a voz da Vienna nos meus ouvidos, assim como no outro dia.
– Ei, você ouviu isso? – perguntei assustado.
– O quê? Minha barriga roncando? – ele perguntou, embora estivesse comendo.
– Eu estou ouvindo a voz da Vienna – expliquei – Aconteceu o mesmo um dia desses... como se ela estivesse me chamando dentro da minha cabeça.
Gabriel me olhou como se nunca tivesse ouvido falar sobre algo assim antes.
– Cael já explicou sobre isso em alguma aula? Você sabe que eu sempre durmo – insisti.
– Não... – ele estava com os olhos arregalados – Nunca ouvi dizer que os humanos podem chamar um anjo cupido...
Eu continuava ouvindo claramente a voz dela nos meus ouvidos, e assim como da outra vez, tinha certeza de que não estava alucinando. Mas por que algo assim estava acontecendo?
– Será que é por que ela tocou nas minhas asas? – perguntei confuso, mais para mim mesmo do que para ele.
– ELA TOCOU NAS SUAS ASAS? – Gabriel gritou chocado e eu me dei conta de que não tinha contado isso para ele.
Oops...
– Preciso ir – falei e antes que ele me enchesse de perguntas, apertei o botão do meu relógio e me vi no meio do quarto da Vienna, em frente a ela.
Eu ainda estava com um salgadinho de queijo na mão quando olhamos um para o outro.
– Então eu realmente posso te chamar – ela declarou parecendo muito satisfeita.
– E isso não devia acontecer – respondi enquanto comia o salgadinho – Acho que é porque te deixei tocar nas minhas asas.
– Sério?
Assenti, embora não tivesse certeza daquilo. Desde que cometi esse "pecado", as coisas tinham ficado muito estranhas, especialmente porque não tínhamos nenhum parâmetro de comparação, já que nenhum outro anjo cupido tinha essas "intimidades" com o humano com o qual trabalhava.
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Estúpido Cupido
FantasyVienna Taylor Roy está perdidamente apaixonada pelo capitão do time de basquete da universidade, Noah Hwang. No entanto, ela não tem coragem de declarar seu amor e não sabe como se aproximar do amado. Vendo isso, os céus lhe mandam uma ajuda um tan...