Capítulo 1

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      Charlotte
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        O toque do celular soou estridente. Eu me movi preguiçosamente na cama, abri os olhos devagar e verifiquei as horas: eram seis da manhã. "Quem está me acordando a essa hora?" pensei ainda sonolenta. O toque parou e peguei o aparelho para ver quem estava ligando. Não me surpreendi ao descobrir que era minha mãe. Abri um sorriso e aguardei por mais um minuto até que o telefone tocasse novamente. Quando isso aconteceu, sorri antes de atender.

— Bom dia mãe, espero que seja algo muito importante para me acordar às seis da manhã
— Mas é claro que é, seu casamento, hoje é a última prova do seu vestido
— Eu sei mãe, está marcado para as dez horas, nesse momento são seis da manhã
— Por isso mesmo te liguei, quero que venha tomar café da manhã aqui em casa, logo após iremos todos juntos, sua avó está muito ansiosa e eu também
— Mãe, eu gostaria de dormir mais um pouco, esse é meu primeiro dia de folga do trabalho e queria ficar na cama até às oito da manhã.
— Nada disso Charlie, para de ser preguiçosa, parece que não está animada para o próprio casamento
— Não é nada disso mamãe, é que faltam só três dias para o casamento e minha chefe me deu uma folga só agora, queria descansar um pouco
— Charlotte, por favor, não seja teimosa. É seu casamento e você precisa estar presente em cada etapa. Venha tomar café conosco e se arrume tranquilamente. Tenho certeza de que depois de tomar um café da manhã gostoso e conversar um pouco com a família, você ficará mais animada para o grande dia. Além disso, sua avó está tão animada para ver você vestida de noiva que não conseguiria esperar mais um minuto sequer. Por favor, venha para cá e não nos faça esperar mais.

Diante da insistência da minha mãe, decidi ceder. Quando ela me chama de Charlotte, não há nada que ela não consiga me convencer a fazer, mesmo que eu não esteja com vontade. Sorrio, amo minha mãe e sei que ela só quer o melhor para mim. Estiquei-me e levantei da cama, caminhando em direção ao banheiro.

— Ok, mãe. Vou me aprontar agora e em uma hora estarei aí.

— Não se atrase.

Desliguei o celular e comecei minha rotina de higiene matinal, tomei um banho quente e vesti um vestido leve de verão. Estamos em julho, a estação mais esperada do ano. Paul e eu decidimos casar nessa época do ano porque adoramos o calor.

Pensei no meu noivo. Estou prestes a dar o passo mais importante da minha vida. Nós nos conhecemos desde o Ensino Médio. Ele já estava no último ano quando ingressei. A princípio, era apenas uma amizade. Ele me ajudava nas matérias exatas, sempre fui ruim em cálculos e diluições, mas ele era um gênio, muito inteligente, e sempre me tirava das enrascadas das provas.

Com o tempo, nossa amizade foi se transformando em algo mais. No entanto, como eu ainda era muito jovem e estava na escola, meus pais não permitiram nosso namoro. Foi muito difícil, mas eu não podia fazer nada. Jamais desobedeci meus pais e Paul também soube respeitar a decisão deles. Nós nos afastamos. Nesse meio tempo, Paul mudou-se para outro estado para cursar a faculdade, e passamos um longo período sem nos ver.

Quando ele se formou, voltou para nossa cidade. Eu também já havia me formado no ensino médio e trabalhava meio período em um supermercado e fazia um curso profissionalizante à noite. Então, nos reencontramos e descobrimos que ainda havia um sentimento entre nós. Como eu já era maior de idade, apenas comuniquei aos meus pais que estava namorando o Paul e eles aceitaram.

Os pais de Paul frequentavam a mesma igreja que nossa família. Minha mãe, muito religiosa, me incentivava a participar das atividades paroquiais. Comecei como coroinha e hoje canto no coral como solista. Por esse motivo, nossas famílias ficaram muito unidas e, desde que começamos a namorar, a cobrança para que nos casássemos era grande.

Infiel (concluído) Onde histórias criam vida. Descubra agora