Capítulo 19

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Charlotte
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        O cheiro característico e o ambiente melancólico do hospital, deixavam meu estado emocional mais abalado do que já estava. O médico acabara de sair e as notícias que ele deixou não eram boas. É incrível como tantas coisa acontecem ao mesmo tempo, as vezes a vida nos dá baques um atrás do outro em intervalos curtos, no meu caso, parece que um trator passou por cima de mim. Em diferenças de apenas algumas horas, meu marido descobriu que sou infiel da pior maneira possível, logo depois o homem que pensei que era perfeito, me fez uma proposta odiosa e por fim, descobri que ele estava doente. Penso o que virá em seguida, não é possível as coisas piorarem mais, tudo parecia um pesadelo.

Olhei para o leito onde Paul dormia sob efeito de sedativos, a hemorragia já foi controlada. O médico havia me dito que poderia ir para casa descansar, mas que casa? Não tenho mais uma, poderia ir para a casa dos meus pais, no entanto naquele momento, não queria dar explicações. Minha vida estava uma verdadeira bagunça e não vejo uma maneira de concertar tudo isso, na verdade não há, terei que encarar de frente e tentar ser forte.

Verifiquei as horas no relógio da parede, quatro da manhã, parecia que tudo havia acontecido a meses.

O diagnóstico do médico foi definitivo, Paul tem câncer no fígado em estado avançado. É um tumor único que já cresceu o suficiente para obstruir os vasos sanguíneos do órgão. O tumor foi descoberto a um pouco mais de um mês atrás, mas segundo o doutor, que era o médico que sabia do quadro clínico dele, Paul não quis começar o tratamento imediatamente, ele tentou persuadi-lo, pois o tumor já estava avançando e para o sucesso terapêutico o quanto antes começasse, as chances de uma sobrevida aumentaria. No entanto, Paul não queria parar sua vida, ele simplesmente ignorou sua doença, pediu para o médico lhe receitar morfinas para dor e seguiu como se nada tivesse acontecendo.

Contudo, agora não tem mais o que ele fazer, a partir daquele dia o tratamento será iniciado, ele não poderá trabalhar, por esse motivo, aquela proposta que me fez não tem fundamento. Vou fingir que ele nunca me fez tal moção. Sobre o Max, mesmo o amando, o quero longe de mim e do Paul, por isso, já perguntei para o médico se era possível transferi-lo para outro hospital em outro estado. Felizmente o plano de saúde, que a empresa do Max paga, é um dos melhores e tem cobertura em todo o país, então depois que resolver tudo aqui, iremos embora.

Sei que sofrerei, será difícil demais deixar o Max, mas sei também que se eu continuar perto dele, não conseguirei resistir, nunca consegui e definitivamente não quero continuar essa relação enquanto meu marido passa por um período difícil. Além do mais, o que ele fez não merece perdão, Max foi vil e cruel em arquitetar aquele flagrante. Sei que ele não faz ideia do dano que causou, mas também não o isentarei da culpa, tenho certeza que fez tudo isso por vingança e ego ferido, não tem nada a ver com amor, como me disse, não acredito em seu amor.

O Paul precisa do meu apoio, a fim de passar por essa árdua etapa com força e determinação. Não o abandonarei em hipótese nenhuma, e minha decisão não é revogável, ficarei do seu lado e passaremos por essa juntos. Segundo o médico, apoio familiar é fundamental para o sucesso do tratamento.

Estava tão absorta em meu próprio sofrimento que nem percebi as horas passarem, olhei para o relógio que agora marcavam seis da amanhã. Decidi verificar o celular, terei que ligar para meus pais e comunicar a eles a estado do Paul, também pedir  para mamãe ligar para os pais dele, não quero falar com aquela mulher. Ao pegar o aparelho, vi que haviam milhares de chamadas do Max, mensagem de voz e de texto, ignorei todas. Também havia chamadas da mãe do Paul e dos meus pais. Fiz a chamada para minha mãe

Infiel (concluído) Onde histórias criam vida. Descubra agora