Capítulo 10

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Charlotte
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        Na manhã seguinte, preparei um café forte, minha cabeça estava explodindo, hoje serei demitida com certeza, já são sete horas e nem comecei a me arrumar, meu horário de trabalho era as oito. Só irei para que minha chefe me demita logo. Nunca me senti tão mal em toda a minha vida, nunca me senti tão culpada. Paul chegou tarde na noite passada, eu fingi que estava dormindo. Hoje de manhã saiu cedo, apenas me deu um beijo no rosto.

Não queria encara-lo, não podia fazê-lo, ele era a única pessoa inocente nisso tudo. Eu havia transado com o homem não só uma vez, mas duas e na mesma noite. Suspirei fundo desanimada, não há salvação para mim, eu sou verdadeiramente uma vadia.

Decidi me aprontar, não havia mais o que fazer. Eram sete e quarenta quando sai de casa, se minha chefe não me demitir hoje, no mínimo não me designará a secretariar o novo chefe. Minhas chances de crescimento na carreira esvaiu-se entre os meus dedos. Também não me importei, no estado de espírito que me encontrava, seria um desastre e com certeza seria despendida pelo próprio chefão. Só fico triste por decepcionar a Senhora Mendes. Não tinha nem coragem de ligar para ela e avisar que chegaria atrasada.

Minha cabeça não parava de pensar no que tinha acontecido, como eu me entreguei a ele daquele jeito, tento ordenar meus sentimentos em relação a ele, não o amo, não sinto nada por ele além de atração sexual, a química entre a gente é forte, não posso negar, mas desde quando desejo sexual é algo sólido para manter uma relação? Principalmente para mim, que tenho um marido que amo. A imagem do Paul veio a minha mente, ele é tão bom, um homem digno, honesto, não merece viver com uma pessoa suja como eu, só não peço o divórcio porque sei que a magoarei demais, além do mais que desculpa darei? E ainda, não quero deixar o caminho livre para o Max.

Quase cuspo ao pensar em seu nome, ele é um egocêntrico safado, sabe jogar as cartas direitinho, só está nisso por causa do ego ferido, tenho certeza disso, ele não tem escrúpulos, mas se pensa que sucumbirei novamente, melhor tirar o cavalinho da chuva, se ele me procurar lhe darei um fora.

Meu corpo gelou quando pensei na transa do carro, tento esconder essa vergonha de mim mesmo, mas não consigo. Ainda tem o agravante da gente ter transado sem proteção. Eu preciso marcar uma consulta com meu ginecologista, não posso nem sonhar em engravidar, isso seria a minha vergonha, Paul jamais me perdoaria.

Cheguei na empresa quarenta minutos atrasada, assim que apareci na minha mesa a senhora Mendes me chamou, claramente irritada. Entrei na sala dela cabisbaixa e sentei na cadeira, ela me encarava esperando alguma desculpa vindo de mim, o que diria?
— Não tem nada a dizer? — Ela falou
— Sinto muito, eu tive alguns problemas...
— Sem desculpas esfarrapadas Charlotte, isso aqui é uma empresa, custava ter ligado
— Não tinha o que falar, entenderei se me demiti
— Você sabia que o chefão estaria aqui hoje e que iria secretaria-lo, o homem chegou às oito em ponto e onde estava a moça que recomendei ser uma ótima funcionária?

Não conseguia falar nada, as lágrimas rolaram em meu rosto. A senhora Mendes levantou-se e chegou perto de mim, agachou-se e segurou minhas mãos, olhou profundamente para mim
— Te darei mais uma chance, por incrível que pareça o homem ainda a quer o secretariando mesmo com seu atraso, ele ligou duas vezes para cá perguntando por você. Aproveita essa oportunidade e não me decepcione mais Charlotte, eu preciso que faça o seu melhor, sei que é capaz.

— Obrigada Senhora Mendes, eu agradeço imensamente
— Agora vai, não deixemos o homem esperando mais

Levantei-me, enxuguei as lágrimas e ajeitei as roupas, Estava pronta para sair quando a Senhora Mendes falou
— Espero que seu problema não seja com o Paul
— Não, é outro assunto
— Se quiser desabafar, pode contar comigo
— Obrigada!

Infiel (concluído) Onde histórias criam vida. Descubra agora