Capítulo 12

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Charlotte
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A igreja está cheia, era domingo, estava na sacristia com o grupo de canto que faço parte, pela primeira vez não me sinto digna de estar participando, tentei argumentar com a coordenadora  que não queria cantar, mas ela insistiu dizendo que não tinha outra pessoas para fazer o solo, acabei cedendo, meu único consolo era que não transei com o Max no dia anterior. Voltamos de viagem na sexta-feira e nos Sábados não trabalho, por isso não o encontrei, mas minha consciência pesada fazia me sentir uma fraude.

— A missa começará em um minuto, vamos nos posicionar nos nossos lugares, Charlie, está preparada?
— Sim
— Então Vamos

Seguimos para o pequeno tablado onde havia um piano. O nosso grupo haviam cinco meninas contando comigo e a coordenadora, ela toca o piano, eu faço os solos e as meninas o coro. Depois de hoje pretendo me afastar, sentirei muito, mas não posso cantar em uma igreja sabendo que sou uma adúltera.

Olhei para as pessoas sentadas, meus pais, minha avó, o Paul na primeira fileira com seus sorrisos orgulhosos, acompanhados dos pais do Paul e seu irmão mais velho. Também identifiquei minhas amigas, Debby e Emma. Todos na comunidade me conheciam, tinham orgulho de mim, definitivamente não continuarei enganando essas pessoas, não sou digna de nem entrar em uma igreja, muito menos cantar para Deus.

Os primeiros acordes do canto de entrada iniciou, respirei fundo e comecei a cantar. Tenho uma voz doce, suave, não sou uma cantora excepcional, mas consigo transmitir um timbre tranquilo e afinado as canções. O cortejo adentrou a nave da igreja, até o altar. Assim iniciou a missa.

Já estávamos nos preparando para o canto final, levantei-me da banqueta e fiquei de frente para o microfone, assim que a coordenadora iniciou o piano, cantei a música suave. Ao olhar para o fundo da igreja, engasguei e sai do compasso, era ele, Max de pé, poderoso me observando. Meu coração palpitava como louco, eu não conseguia cantar, o pequeno murmurinho se formou, a coordenadora parou de tocar e perguntou baixinho

— Está sentindo alguma coisa?

Rapidamente sai do choque, não deixarei que isso me abale, não sei o que ele está fazendo na igreja, mas com certeza veio para me atormentar. Uma raiva, seguido de mágoa apoderou-se de mim, respirei fundo
— Está tudo bem, só esqueci a letra, mas podemos recomeçar
— É claro
Ela reiniciou e eu cantei como nunca antes o olhando diretamente, ele continuou no mesmo lugar, mãos nos bolsos e ar de soberba. Consegui chegar até o final sem desafinar, até me surpreendi.

Quando terminou fui até a sacristia e Paul entrou logo em seguida acompanhado do Max, quase tive um colapso, mas mantive a postura

— Charlie, olha quem está aqui, o Max
— Como vai Senhor Di Santis — Falei polidamente atendendo a mão para ele
— Muito bem Charlotte, tem uma voz muito bonita

Ele apertou minha mão firme, ficamos nos encarando, em seu rosto via o cinismo, claramente estava se divertindo com a situação. No meu íntimo me senti triste, ele quer me machucar, me fazer sentir pior do que já sinto. Decidi desafia-lo

— Não sabia que era religioso Senhor Di Santis, não parece o tipo de pessoa que frequenta igrejas
— As aparências enganam, nem sempre só um rostinho de anjo e uma voz doce indica que alguém é digno de frenquentar uma igreja

Meu mundo desabou naquele momento, em absoluto ele se referia a mim, se estava me sentido mal, com essa declaração só piorou, esse homem está destruindo minha vida, acabando com meu espírito, a troco de quê? De uma obsessão? Desejo sexual? Vingança por tê-lo "usado"? O silêncio era constrangedor, Paul como sempre se mostrava nervoso pela situação, ele percebia que entre eu e o chefe dele havia alguma coisa, mas para ele era apenas implicância minha, uma antipatia da minha parte. Ele interviu como sempre ralhando comigo

Infiel (concluído) Onde histórias criam vida. Descubra agora