Capítulo 2

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Gabriela ocupou seus dias fazendo um trabalho como modelo e se dedicando a combinar os detalhes para um show que tinha naquela sexta, em uma coffee house na Lapa.

O fim de semana havia chegado e ela acabou sua apresentação tarde, já eram mais de três da madrugada. Comprou uma cerveja ali mesmo e subiu para o terraço, acompanhada da baixista da banda, Júlia, e de Nelson, um funcionário ali do bar com quem havia feito amizade mais cedo, antes de passar o som.

Os três dividiam um baseado e Gabriela escutava as histórias que o rapaz contava da época em que trabalhou produzindo eventos, enquanto encarava o céu estrelado do Rio de Janeiro. Sem que percebesse, sua cabeça voou dali. 

Começou a pensar em qual havia sido a última notícia que tinha tido de Carolina. Ela via algumas postagens da baiana de vez em quando. Nos últimos meses tinha se esforçado para não ir atrás de informações sobre ela, não fuçava o instagram e evitava o grupão em que todos estavam no whatsapp, por respeito ao seu namoro. Lógico, algumas horas depois daquela conversa com a psicóloga, não aguentou, pegou o celular e foi logo no instagram da baiana. Olhou as fotos mas não abriu nenhuma. Não quis olhar as localizações e legendas. Ao mesmo tempo que queria notícias, não queria caçar nada, por medo do que poderia achar.

Suspirou e sentiu o vento agradável dali. Se lembrou de viver o momento e voltou a prestar atenção no papo e tomar sua cerveja. Estava muito feliz, como sempre ficava depois de tocar.

Tomou mais algumas latas, fumou e chegou em casa bem altinha, com o dia já amanhecendo. Tomou dois copos de água e sentiu uma palpitaçãozinha no peito quando se lembrou do que estava com vontade de fazer há dias: stalkear a morena.

Fez questão de se ajeitar para dormir antes disso. Tomou banho, escovou os dentes e só então se jogou na cama com o celular na mão. Assim que desbloqueou o aparelho, viu várias notificações de whatsapp chegando. Era normal ter muita gente falando com ela, mas não naquele horário – 6h45 da manhã. Começou a rir quando viu o que era. Carolina Peixinho mandando mensagens no "pior edição BBB19". Hariany tinha colocado aquele nome durante uma conversa irreverente no grupo, depois que jogaram na roda uma coisa que Tereza havia dito. Todos riram e acabou que ninguém mais mudou, até porque não costumavam falar muito ali.

- Ô destino... - Gabi falou sozinha. Não estava acreditando que a mulher havia aparecido bem na hora que ia procurar por onde ela andava. Abriu o grupo e viu as mensagens dela chegando.

06:45 Bom diaaa, galera! Como estão todos? Bellovisk e Diego estão indo pro Rio fazer um evento na terça!

06:45 Eu to por aí direto e ninguém aparece nunca! Mas já que meus irmãozinhos que não vão pro rj há um tempão estarão por aí vocês podiam topar da gente se juntar, fazer uma resenha!

06:46 Bora geral que tá pelo rio... Tomar uma cervejinha gelada... To chegando em terras cariocas hoje depois do almoço e os meninos chegam segunda.

06:46 Vou passar a semana e estou com as noites livres!

06:47 Quem se anima?

Gabriela sorriu, imaginando a pequena escrevendo aquelas mensagens. Quem sabe tomando algum chá enquanto fazia aquilo? Já estava toda enérgica logo cedo.

Estava doida para vê-la, mas não sabia se Carolina sentia o mesmo.

Queria muito ter uma conversa franca com a baiana, saber o que ela sentia, mas isso era uma coisa totalmente distante, sem condições de introduzir uma conversa dessa depois de quase nove meses sem vê-la, depois de escancarar nas suas redes que tinha voltado com a ex. Não se sentiria à vontade para isso, ela e Carolina nunca haviam chegado perto de falar sobre algum envolvimento entre as duas. Fora que a baiana se dizia hétero.

Medo de amarOnde histórias criam vida. Descubra agora