Capítulo 3

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Gabi desceu do uber e caminhou em direção ao bar em que encontraria os colegas de confinamento. Estava um pouco atrasada por causa do horário de rush. Chegou ao local combinado e já escutou o falatório dos amigos. Avistou Carol, Bella e Diego ainda em pé conversando, mais para o fundo do bar.

Reparou na dona da sua cabeça, de shortinho jeans e tênis, com o cabelo solto e liso. Sorriu de um jeito bobo, se entregando totalmente.

- Gabi! - Isa gritou, vendo a paulista se aproximar.

Diego estava de costas e se virou, cumprimentando-a primeiro. Depois foi a vez de Bella. Carolina a observava com um sorrisinho.

Os olhos das duas se encontraram e um sentimento intenso atingiu o corpo de Gabriela. Era felicidade, mas também era uma quase agonia, uma espécie de enjoo. Talvez fosse o coração batendo rápido demais.

Com Carolina não foi diferente. Estava se sentindo estranha desde antes de enviar o convite no grupo, só pela possibilidade de vê-la. Estava disposta a ser o mais distante possível. Sentia rancor por tudo que Gabriela a havia feito passar. Alimentava a raiva a cada vez que via uma foto da percussionista com a namorada. O pior é que não desabafava isso com ninguém, não queria que ninguém achasse que sentia ciúme. Não saberia explicar seus motivos, então guardava tudo para si.

A baiana reparou quando Gabi respirou fundo ao encará-la. Se olharam por alguns segundos, Carolina se demorou nos olhos, boca, bochechas e cabelo da paulista – que, por sua vez, se fixou apenas nos olhos da mulher à sua frente. Percebendo então a checada que recebeu e a doçura que cresceu ali nas profundezas castanhas que a estudavam.

Foram poucos segundos que se arrastaram, até que as duas se abraçaram. O velho encaixe delas, um braço envolvendo a cintura e o outro os ombros. Carolina sentiu Gabriela a apertando, puxando seu corpo pro dela. Não resistiu e devolveu a mesma intensidade, soltando o ar e relaxando o corpo naquele aconchego.

Fechou os olhos e sentiu o cheiro de Gabi, o que provocou uma pontadinha no coração. Tensionou novamente o corpo, rejeitando o poder que a paulista tinha sobre ela. Soltou o abraço.

- E a Chêro, não veio? - Perguntou de supetão. Gabriela deu um sorrisinho triste, que Carolina infelizmente conhecia bem. - Queria ser apresentada!

- Não tem mais Chêro.

- Oxe... - Peixinho se controlou. Quis dizer "mas não se amavam tanto?", mas deixou quieto.

Gabi deu de ombros.

- Morreu o sentimento, sabe?

- Terminar é difícil de qualquer forma, mas ficar solteira é bom também. Deve estar cheia de fã atrás. - Carolina falou e então olhou para Isabella, que permanecia ao lado da amiga mas participava de uma conversa paralela com Diego. Ela deu um tapa no braço da miss, com seu jeitinho típico, o que fez Gabriela dar uma pequena risada. - Ó, ela faz show, imagina as fãs... enlouquecidas... gritando... - Ela falou dando ênfase em cada palavra e mexendo as mãos. - Deve chover mulher!

Isabella riu junto com Gabriela.

- Tá pegando muito, Gabi? - A loira perguntou.

- Eu tiro umas casquinhas só... - Brincou a paulista, logo negando com a cabeça. - Eu to querendo é ficar quieta na minha.

- E a sua banda? Parou? - Perguntou Carol.

- A gente faz uns shows juntas às vezes, quando dá pra conciliar. Eu to sozinha, arranjei um pessoal, a maioria aqui do Rio... Rô me ajudou, ele conhece bastante gente. Nada definitivo ainda, né, to esperando as coisas assentarem um pouco. Mas to surfando na onda enquanto dá e fazendo o máximo de shows possível.

Medo de amarOnde histórias criam vida. Descubra agora