Capítulo 5

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Ao meio dia, Carolina estava na praia do Arpoador e Gabriela acordando. A primeira coisa que a percussionista fez foi mandar um whatsapp para a outra.

G: Eu fiz alguma coisa que você não gostou ontem?

A baiana viu logo a mensagem. O rancorzinho do dia anterior se juntou à mágoa já guardada, desde as questões do jogo até o namoro com a ex que não era ex, a ponto de Carolina não sentir vontade de conversar. Ela não queria assumir qual era o problema, até porque o ciúme era algo que a morena não admitia nem para si mesma.

C: Oxe, claro que não, Gabi.

G: Tem certeza? Achei que você falou seca comigo.

C: Que horas?

G: Antes de ir embora.

C: Se você não lembra de ter feito nada, é porque não deve ter feito mesmo. Eu estava cansada só, deve ter sido isso.

G: Estávamos bem, fui fumar com a Hari e quando voltei você estava emburrada. Depois ficou me tirando.

Carolina visualizou e não respondeu. Gabriela esperou vinte minutos e mandou outra mensagem.

G: Não quer mesmo conversar? Eu devo ter feito alguma coisa e quero me desculpar. Mas pra isso eu preciso saber o que fiz.

G: Onde você está?

C: Arpoador.

G: Posso ir te encontrar?

C: Oxe, pode... mas não tenho nada pra conversar. To curtindo meu sol.

G: Acredito em você, se diz que não foi nada. Curte sua praia aí, peixinha!

Carolina respondeu apenas com emojis de beijinhos. Gabriela descontou a frustração escutando música alta e cozinhando o próprio almoço. Foi tomar banho e em seguida checou o celular. A baiana tinha mandado mensagem cinco minutos antes.

C: Tá em casa é?

G: Tô sim!

C: Qual seu endereço? To saindo da praia e vou praí, pode ser?

O coração da paulista disparou. Ela mandou um áudio explicando onde morava e correu para ajeitar minimamente o apartamento.

Colocou um short verde-água de tecido leve e uma blusa de alcinha preta, deixando o cabelo preso um pouco de lado.

Quase quarenta minutos depois, o interfone tocou e o porteiro avisou que Carolina estava subindo.

O barulho da campainha foi o suficiente pra boca de Gabi secar. Abriu a porta e viu Carolina com uma expressão séria, o cabelo em um coque, de chinelos, o corpo dourado recém-bronzeado, a parte de cima do biquíni rosa e uma saia estampada de rosa e verde-musgo amarrada de lado na cintura.

A baiana lambeu o lábio inferior ao se sentir analisada por Gabriela, que logo lhe deu passagem.

- Fica à vontade.

Carolina olhou em volta, o apartamento ainda tinha caixas de papelão fechadas, as paredes todas brancas, mas, ainda assim, havia um charme. Algumas plantas bem cuidadas, cinzeiros espalhados, livros empilhados no chão dividindo o espaço com quadros que ainda não haviam sido pregados.

- Massa seu apartamento.

- Tudo cagado, né?! Não tenho nem desculpa, tô há meses aqui já, mas falta saco pra parar e organizar tudo. Tenho nem cadeira pra te oferecer.

- De boa. - Carolina falou e logo se sentou no chão da sala, colocando a bolsa de estampas indianas ao lado dela, no chão. Gabi sorriu.

- Quer água, suco, cerveja?

Medo de amarOnde histórias criam vida. Descubra agora