Capítulo 6

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Carol riu e se levantou com a ajuda de Gabi, que continuou segurando a mão da baiana e a guiou até o quarto.

O cômodo era simples, a king size com lençóis brancos ocupava praticamente todo o espaço, que contava com um armário também branco, um criado-mudo e uma bancada com notebook, caixinha de som e cadernos.

- Vou deitar na sua cama com o corpo todo salgado. - Carolina comentou, já tirando os chinelos e se ajeitando ali. Se apoiou nos travesseiros apoiados na cabeceira da cama e esticou as pernas.

- Hmm, sabe que eu amo sal, né?! - Gabriela brincou. Enquanto confinadas, a morena vivia implicando com a quantidade de sal que ela colocava na comida. Carol riu, meio sem graça. - Tá calor, né? - A paulista procurou o controle do ar-condicionado e ligou o aparelho.

- Ai, que delícia, falta só uma musiquinha.

- Vou resolver isso agora.

Gabriela andou de um lado para o outro procurando o próprio celular, sendo observada pela morena. Assim que o encontrou, conectou na caixinha de música e botou uma playlist calma mas alto-astral para tocar, com Gil, Luiz Melodia, Tim Maia, Alceu, Chico, entre outros artistas que ela e a baiana amavam. Ela zapeou pela lista enorme de músicas e selecionou Quase fui lhe procurar para tocar primeiro.

- Nossa, essa é foda... - Carolina comentou.

- Né?! Pra gente...

Carol concordou com a cabeça, sorrindo de lado.

- Você gosta de fumar unzinho? - Gabriela perguntou, achando graça ao constatar o quanto conhecia e não conhecia Carolina, ao mesmo tempo.

- Oxe... - A morena revirou os olhos, chegando a virar a cabeça para trás. - Claro...

A anfitriã abriu o armário e tirou uma bolsinha de lá, cheia de repartições e apetrechos. Se sentou ao lado de Carolina na cama, pegando a piteira, a seda e o saquinho com a erva já soltinha.

- A casa tá mais ou menos, mas a bolsinha da ilicitude toooda organizadinha, tá certo.

- Prioridades, né?! - Gabi rebateu e começou a bolar o cigarro.

- Porra, que habilidade, hein, gata?!

- Batucar e bolar baseado são só duas das ótimas habilidades manuais que eu tenho... - Gabi falou e encarou Carolina, que sorriu com a resposta, enquanto mordia o lábio inferior. - Eu também desenho, pinto... Eu sou artista plástica, te contei, né? - Brincou.

- Jura? Não sabia... - Carol falou em um tom debochado.

- A gente se conheceu ontem, né?! Não deu tempo de falar muita coisa. - Gabriela falou enquanto terminava de ajeitar o baseado.

- Porra, é uma artista mesmo, ficou lindo. Ó... - Carol estalou a língua no céu da boca. - Tô aguando.

Gabi riu e foi atrás do isqueiro e do cinzeiro na sala. Quando voltou, fechou a porta atrás de si e voltou a se sentar ao lado de Carolina, que deu mais espaço para a percussionista e se arrumou com a coluna ereta para fumar.

A voz de Gal cantando Quando você olha pra ela ecoava pelo apartamento todo enquanto as duas fumavam em silêncio, apenas balançando o corpo no ritmo da música.

- Adoro fumar e ficar deitada igual uma estrela do mar escutando música. - Gabriela comentou.

Carol concordou, sorrindo, e acrescentou:

- Assistir umas coisas cabeça também, eu gosto, dar umas viajada.

- Amo...

Preta pretinha começou a tocar e Gabriela levantou animada, depois de passar o cigarro pra Carol.

Medo de amarOnde histórias criam vida. Descubra agora