- Ilê aiê, sua beleza se transforma em você... - As duas cantavam junto de Caetano, enquanto Gabriela dirigia.
- Vou estragou essas músicas pra mim... - Carol falou e Gabi sorriu porque entendeu o que ela quis dizer. - Você nunca parou pra pensar que eu sentia falta de cantar com você as nossas músicas? E da sua voz...
- Sinceramente? Às vezes eu me perguntava se você sentia minha falta,, mas nunca pensei nesses detalhes. - A paulista falou. Estava prestando atenção na direção, mas sentiu os olhos da morena sobre ela. - Eu não achei que tivesse te marcado a esse ponto. Mas você deixou vários fragmentos, tudo me lembrava você, porque a gente é tão parecida... Eu te encontro em livros, músicas, comidas... Em praticamente tudo que eu gosto.
Gabriela olhou para Carolina por uns segundos e elas trocaram um sorrisinho.
- Eu sinto falta do encaixe do nosso abraço, do seu toque, de dançar com você, do jeito que você me conduzia... - A baiana falou e se perdeu olhando pela janela. Lembrou do quanto sofreu com o afastamento de Gabriela, das vezes em que quis despejar na outra tudo que pensava e sentia, coisas boas e ruins, próprias da paixão que a maltratou. E do quanto lhe doeu não poder sequer falar.
- Não dá pra negar que a gente tem uma conexão muito forte. Eu tive que me virar pra me vestir sem você, tem noção? Que eu peguei dependência até em te pedir ajuda nisso?
- Eu tenho consciência disso...
- Até quando eu vou comer maionese, eu escuto a sua voz me julgando... Parece que você se deixou em mim... Sabe? Parece que você pegou um carimbo e fez assim... - Gabriela bateu na perna de Carolina e fez um barulho "pá!".
A baiana engoliu a angustia diante daquilo que a outra havia dito. "Parece que você se deixou em mim", aquilo atingiu diretamente o peito da morena, porque se deu conta de que o que sentiu dentro daquela casa era real: Gabriela gostava muito dela. E a sensação de que tinha sido esquecida naqueles últimos meses não era condizente com a realidade. Carolina via nos olhos e nas palavras de Gabi o quanto era adorada. "Parece até que ela gosta mais de mim do que eu dela, se é que tem pra onde caber tanto...", Carol pensou. Sentiu uma vontade enorme de confessar a dimensão do que sentia, que ela lhe causava dores no peito, náuseas, fraqueza. Ver a vulnerabilidade exposta de Gabriela era seu ponto fraco.
A percussionista percebeu o silêncio de dor da outra e voltou a falar.
- Você me deixou muita coisa, através dos seus hábitos, da sua forma de enxergar a vida... Sua disposição... - A paulista continuou buscando colocar em palavras aquilo tudo que sentia. - A forma com que você me entendeu... O seu olhar que sempre me disse tanto... - Ela olhou para Carolina, que permanecia calada olhando para a rua. - Tá tudo bem?
- Tá, é que eu gosto tanto de você que me dá medo. Tudo que é sobre você me atinge de uma forma... Que eu não to acostumada.
Gabriela encostou o carro de repente, parando torto numa vaga, e se livrou do cinto de segurança para abraçar Carolina.
- Te saber vulnerável, ainda que seja por mim, me dói. - A baiana completou o desabafo e Gabi soltou um gemido, abafado pelo cabelo da outra. - Eu nem acredito... Que você possa me enxergar dessa forma, se sentir assim por mim. Acho que eu tenho sorte.
- Sorte? - Gabi perguntou e se afastou um pouquinho, para olhar nos olhos de Carol, ainda com os braços em torno dela. A baiana apenas assentiu. - Não, você tem luz. Se eu tenho esse carinho todo por você, eu tenho motivos. Muitos motivos. Muitos, além dos que eu citei aqui. Não duvida disso não.
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POV GABRIELA - HOTEL
- Vamos pro banho? - Carol me puxou pela blusa, fazendo uma carinha de oferecida, assim que pisamos no quarto dela.
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Medo de amar
FanfictionGabriela não foi capaz de esquecer Carolina. E é isso que culmina numa atitude involuntária que acaba com o seu relacionamento com Maria Luísa. Após esse término repentino com a mulher que não amava, o destino acaba trazendo Carolina de volta para a...