Bem vinda ao espetáculo.

Capítulo 1

*Pov Sally*

Nesse exato momento eu e Yuri, meu melhor amigo, estamos sentados no sofá e assistindo TV, mas não estamos assistindo algo comum como um filme, série, desenho ou algo do tipo, estamos assistindo um vídeo de um trio chamado "Os barbixas". Ele é um super fã desses caras, sério, e eu como uma boa amiga, tenho que aguentar todo o escândalo que ele faz por causa desses três.
Acabou de acabar um dos vídeos e o Yuri logo coloca outro, só que eu percebo que um vídeo repetido.

- Yuri, a gente já assistiu esse. - Falo isso após beber um pouco do meu café e pondo a caneca em cima da mesinha de centro.

- Eu sei, mas esse é tão bom! - Ele diz isso deixando sua caneca em cima na mesinha de centro e se ajeitando no sofá para prestar atenção no que estava acontecendo na cena.

Eu olho pra TV e vejo que está passando um musical, eu gosto desses, é divertido até, e o mais divertido ainda é escutar o Yuri cantando as músicas, sem errar uma letra! Por mais tosca que seja..
Em meio a esse momento de distração, eu tomo um susto com Yuri subindo em cima do sofá com o controle da TV na mão.

- O POUPA TEMPO NÃO POUPA TANTO TEMPO ASSIM!.. - Ele canta e dança com o controle da TV perto de sua boca simulando um microfone.

- Yuri! Desce daí log.. - antes que eu pudesse terminar de falar, Yuri puxa a minha mão me fazendo ficar em pé no sofá também.

- Vai! Canta comigo! - Ele diz isso todo animado e com o sorriso no rosto.

- .... - Eu não digo nada e faço uma cara de brava enquanto cruzo os braços.

- Vai, Sally! Por favor.. - Ele diz isso fazendo um biquinho e uma cara fofa, e eu não aguento quando ele faz essa carinha!.

Eu solto uma leve risada e coloco minha mão perto da minha boca para simular um microfone e canto junto com ele a tão amada música do "poupa tempo". Fazíamos isso enquanto a gente dançava e pulava em cima do sofá.
Eu gosto de ter esses momentos com o Yuri, é tudo de bom! Ele é o único amigo que tenho, e acaba que esses momentos, mesmo curtos, sejam transformados em momentos extraordinários pra mim.
Depois de um tempo, a musica acaba e a gente se senta no sofá de novo, ofegantes e rindo muito.

- Não sei porquê não admite logo que gosta deles, eles são incríveis!

- Em momento nenhum eu falei que não gostava deles, é só que... - Eu viro a cara e coloco meu cotovelo no braço do sofá e apoio minha cabeça em minha mão.

- E só que..? - Ele diz isso se aproximando um pouco de mim.

- É só que eu não gosto de ver eles fazendo uma coisa que tenho tanta vontade de fazer também, Entende? - Digo isso olhando olhando pra ele

- Você não faz porque você não quer!

- Não é porque não quero, você sabe bem disso. - Me levanto, pego minha caneca e a dele e vou andando pra cozinha.

- Você não faz porque não quer sim!, você já teve ótimas oportunidades de se envolver com isso, você só travou e arranjou várias desculpas. - Ele dizia isso enquanto me seguia até a cozinha

- Yuri, eu tenho que trabalhar! Eu tenho que focar na casa! Eu tenho mil coisas pra fazer! Inclusive lavar essa louça que você deixou! - Digo isso colocando as canecas na pia e começo a lavar tudo que tem dentro dela.

- Primeiramente, não foi eu que fiz essa bagunça toda. Segundo, o seu trabalho é péssimo pra ser focado!.

- Yuri! Não fala assim do meu trabalho! - Falo isso tacando um pouco de água no rosto dele.

- Ué, eu tô mentindo? Vai me dizer que você adora ficar vestida com aquele uniforme estranho, servindo os outros sem ao menos ganhar gorjeta?! - Ele dizia isso enquanto limpava a água que estava em seu rosto.

- É.. você tem razão.. - Digo isso e volto a lavar a louça.

- E terceiro, eu sei que você não vai atrás disso por causa desses seus "traumas" do passado. - Ele diz isso fazendo gestos mexendo os dois dedos.

- Eu sei que não são traumas, ok? Mas é difícil pra mim fazer qualquer coisa que envolva arte já sabendo que sou péssima e não nasci pra isso. - Digo isso concentrada na louça.

- Para de dizer que você não nasceu pra isso. Não é porquê as pessoas disseram isso, que quer dizer que seja verdade.. - Ele diz isso se encostando na parede.

- Olha.. eu.. não quero falar sobre isso, tá? Só.. vai assistir os seus vídeos e me deixa em paz.

- ... ok, você que manda. - Ele sai da cozinha com uma cara de chateado.

Eu sinceramente não gosto de falar assim com ele, mas eu também odeio chegar nesse assunto, é doloroso pra mim. Dês de pequena eu nunca pude ter a oportunidade de me expressar através da arte, seja ela qual for. Eu já tentei fazer treatro, canto, dança e etc.. mas meus pais, familiares e "amigos" sempre diziam que isso não me daria um futuro bom, que eu não teria dinheiro suficiente, e o pior, eles sempre disseram que eu não era boa suficiente pra isso, sempre me fizeram acreditar que eu nunca chegaria até onde eu queria. Infelizmente acabei deixando com que essas palavras interferissem na minha vida. Agora eu sou simplesmente uma garçonete de um restaurante de São Paulo. Sinceramente, as vezes me pergunto o que que eu fiz da minha vida durante esse tempo.