Capítulo II

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Diego

Depois de quase três horas de viagem e um trânsito imenso, finalmente cheguei. Passei pelo letreiro da cidade já sentindo o cheiro das flores. Que saudade eu senti de Holambra! A cidade grande tem cheiro de fumaça, poluição... E aqui, é tudo flor.

Enquanto seguia pra casa do meu avô, fui dirigindo devagar apreciando a vista, e que vista! Tudo calmo, como eu bem me lembrava, as inúmeras floriculturas e praças, fiquei encantado com tudo.

Decidi parar em uma das tantas floriculturas que passei em frente, tive a ideia de comprar lírios pro meu vô, já que eram as flores favoritas da minha vó e eu sei que ele vai adorar.

Assim que entrei, dei de cara com um vaso de lírios e pelo que pude perceber estavam novos.

- Olá, posso ajudar o senhor? - veio até mim uma atendente muito prestativa.

- Eu gostaria levar esse vaso de lírios roxos, por favor.

- É lilás, não quer dar uma olhada em outros tipos de lírio?

- Tipos de lírio? - fiquei surpreso, pra mim só existia um tipo.

- Sim. – ela sorriu. – temos outros tipos e cores, cada um com um significado diferente.

- Interessante, mas eu to com um pouco de pressa, fica pra outro dia... Hoje vou levar essas roxas, digo, lilás mesmo.

Ela assentiu e levou o vaso, embalou de forma bem delicada pra que não se danificassem pelo caminho, então paguei e saí.

Quando cheguei no carro, coloquei os lírios no porta-malas, pra não estragar, quando fechei e me virei, acabei esbarrando numa mulher que carregava um caixote de girassóis e todos caíram no chão.

- Desculpa, eu não te vi! – disse antes mesmo dela falar qualquer coisa, e então ela se virou pra mim. Uma moça linda, morena da pele clara, usava um vestido florido, o cabelo tingido de preto, combinando perfeitamente com o rosto angelical que ela possui e quando ela me olhou, eu poderia morar naquele olhar, mesmo sabendo que ela estava brava.

- Mas é claro que você não me viu, ou faria isso de propósito? Ai meu deus, eu tô ferrada! É hoje que sou mandada embora... – ela colocou as mãos no rosto, expressando um certo desespero.

- Ei, calma! Elas só caíram, dá pra recuperar... – e de novo ela me olhou feio, era melhor eu ter ficado calado.

- Recuperar? Tá falando sério? Você acha que flores são como objetos que a gente pode passar uma cola e ta tudo certo? Meu chefe vai me matar!

Ela se abaixou pra pegar os girassóis e eu abaixei em seguida para lhe ajudar. Por um momento nossas mãos se tocaram, ela tirou rapidamente e a olhei com um sorriso, não consegui disfarçar que gostei desse pequeno toque. Não foi um toque qualquer, rolou um certo atrito pelo meu corpo, a coisa mais estranha e boa que já senti.

- Deus, hoje não é meu dia mesmo... – ela resmungou baixinho.

- Posso comprar esses girassóis? - e então ela me olhou com cara de espanto.

- Você vai comprar essas flores caídas? Pra que? Vai colocar na cova de alguém que você não gosta?

- Han? O que? - não contive a risada – nada disso, apesar de não ser má ideia... Só não quero te deixar no prejuízo.

- Tá falando sério? - de repente ela me olhou de um jeito menos agressivo e eu vi a doçura dos seus olhos.

- Tô falando muito sério. – sorri e tirei a carteira do bolso. – Será que duzentos reais cobrem o prejuízo?

O presente do meu passado (Versão wattpad)Onde histórias criam vida. Descubra agora