Capítulo XIX

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Brenda

Jamais na minha vida imaginei ser modelo. Além de não me sentir bonita o suficiente para tal, eu era (acho que ainda sou) muito desengonçada e baixinha. Mas poder tirar aquelas fotos na agência, ainda mais pelo meu namorado, foi uma experiência incrível. Me senti poderosa, uma deusa dos cliques. Só não sei se realmente é algo que eu queira para mim. Sinto que precisava disso pra me sentir melhor comigo mesma e acho que toda mulher deveria fazer um book pra sempre olhar e pensar "uau, eu sou um mulherão".

O mais legal de ter bancado a Gisele Bündchen por um dia, foi o dinheiro que eu recebi. Achei que só fosse dar uma força, sem pretensão de ganhar nada. Aí a dona Francine me deu um envelope com quatrocentos reais que me fizeram quase chorar de emoção.

Minha viagem pra São Paulo foi estendida, mas a grana, não. Eu já estava no vermelho, fazendo minhas contas e vendo o que sobrava pra gastar e agora com esse dinheiro que ganhei posso ficar mais aliviada.

Combinei com a Duda e com a minha sogra de passearmos no Brás, preciso de mais vestidos coloridos pra trabalhar e elas me disseram que nesse Brás eu encontro tudo baratinho.

- E aí, todas prontas? - pergunta Duda empolgada com o passeio.

- Acho que sim! – digo conferindo minha carteira e colocando o celular na bolsa.

- Brenda, é melhor deixar o celular. Esse centro de São Paulo é um perigo! E você não está acostumada. – me alerta Laura.

- Leva só o dinheiro! Coloca no sutiã. - diz Duda.

- No sutiã?!

- Sim, melhor que carteira! – ela pega o dinheiro de dentro da carteira e me mostra como fazer.

- Uau, vocês tem umas estratégias estranhas por aqui. – digo rindo enquanto faço o que ela me ensinou.

- Um dia te ensino todas as manhas pra se dar bem nessa cidade sem ser assaltada na esquina, agora vamos.

Saímos do hotel e andamos até o metrô. Fiquei sabendo que ir pro Brás de carro é um erro terrível.

Descemos na estação, eu nunca vi tanta gente saindo e entrando num trem ao mesmo tempo. Fiquei um tanto assustada, mas eu e meu dinheiro no sutiã sobrevivemos, isso que importa.

Assim que começamos a andar pelas ruas, fico tão fascinada com a quantidade de lojas e pessoas apressadas que mal olho tudo. Duda e Laura andam comigo de mãos dadas, como se eu fosse uma criança que pudesse se perder a qualquer momento, e é exatamente assim que eu me sinto.

Entramos numa loja de calçados e eu vejo vários tênis de marcas famosas por preços muito baratos! Fiquei chocada até minha sogrinha cochichar pra mim que são falsos. Mas são réplicas muito bem feitas, ou quase. Vi um tênis da Nike que o logo está ao contrário, mas se você não olhar direito, passa batido esse detalhe.

Acabo comprando três rasteirinhas e um all star, Duda compra vários tênis pro Cauê e uma sandália com um salto enorme pra ela. Laura não compra nada, fica só nos observando.

Entramos numa loja cheia de vestidos floridos, com certeza é nessa que eu vou achar o que eu preciso.

Não demoro muito e acabo achando vários modelos perfeitos pra trabalhar na floricultura. Acabo comprando oito vestidos, um de cada cor, cheios de detalhes com flores, nada a ver comigo. Mas tudo a ver com o meu trabalho. Eu sei que é coisa da minha cabeça, mas as pobres florzinhas podem se sentir ameaçadas pelo meu preto básico, gosto de pensar que agrado a elas.

Saio dessa loja com os braços cheios de sacolas e entramos em uma outra. Eu não aguento mais andar e estou com fome.

Duda compra um vestido pra Laura, que reluta em aceitar, mas pega. Eu compro uma sandália pra combinar com o vestido e por mais que ela fique sem jeito, sabemos que ela amou o nosso mimo. Soube que o Carlos regula o dinheiro, ela tem umas economias guardadas que usa só pra urgência. Como pode um marido ser tão insensível com a própria esposa? Ela faz de tudo para agradá-lo e ele simplesmente ignora e a trata como se não fosse nada.

O presente do meu passado (Versão wattpad)Onde histórias criam vida. Descubra agora