Capítulo Um

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Sete anos se passaram, a princesa, Leia era seu novo nome, estava crescendo como uma garota normal, recebendo todo o amor e carinho dos pais e sempre muito responsável. Há quem diga que a princesa poderia ocupar o cargo de sua mãe, Helena.

Certo dia, Leia já houvera levantado de sua cama, efetuado suas higienes matinais e se dirigiu ao salão de jantar, onde cumprimenta seus pais com um doce e simples "Bom dia" e logo se senta àquela enorme mesa, com um café da manhã que mais aparentava ser um banquete de natal para toda uma linhagem real. A sensação do pão ainda quente... Ver a manteiga derreter ao entrar em contato com a massa... Aquelas eram sensações simples que Leia gostava, pois, diferente de seu pai, não ligava tanto para o capital e outros bens materiais, ela adorava as coisas simples da vida, assim como aprendera com a rainha Helena.

Seu pai, Leon, como sempre mal-humorado, não ditava mesmo uma palavra sequer durante aquele momento de reunião familiar, algo que incomodava Helena e Leia, mas não as impediam de animar a mesa, afinal, sempre se mantinham bem humoradas.

[...] Leia agora estava em seu quarto, de frente a sua penteadeira, apenas arrumando seu cabelo, até que ouve duas suaves e demoradas batidas na porta.
-Entre! - Ela dizia ainda enquanto olhava o espelho.

Assim sua mãe entra e, ao ver a dedicação de sua filha para se manter apresentável, sorri e então se senta na cama da garota, observando-a. Ela encara a filha por um tempo e então diz:
-Sabe... Hoje eu vou até o comércio, estou pensando em comprar roupas novas e fazer um novo vestido para o baile da semana que vem. Você quer vir comigo?
-O quê?! Posso mesmo?! - Leia se vira para sua mãe, bastante animada.
-Claro que pode! Aproveitamos e fazemos um vestido para você também.
-Ah, que legal! Vamos!

Leia abraça sua mãe e não poupa esforços para demonstrar sua excitação. Assim, a princesa termina de pentear seu cabelo enquanto Helena se dirige ao seu quarto para trocar o seu vestido para um mais adequado. Assim que aberta a porta, ela se depara com Leon. O rei, logo que vê sua rainha escolhendo outras vestes, demonstra certo interesse - Curiosidade seria uma escolha melhor de palavras - em sua saída.
-Para onde você vai? - Ele perguntou friamente.
-Apenas sair para comprar roupas. Preciso ir à casa da senhora que faz os meus vestidos, necessito de um novo para o baile da semana que vem.
-Então a Leia irá permanecer trancada naquele quarto mais uma vez?
-Não, ela vai comigo.
-Ah, tudo-- Sua fala é interrompida por um momento, pois logo ele se lembra da costureira oficial de Helena. - Você diz... Aquela senhora que tem um filho parecido com a Leia? Na vila aqui perto?
-Sim, ela mesma. Pode até ser uma boa chance da Leia arranjar um novo amigo. Fica tanto tempo presa nesse quarto...

Leon se cala por um instante, ele não sabe o que falar, como reagir, nem como fingir que esta não é uma notícia que o choque. Seu coração acelera drasticamente, o rei começa a suar frio e sua garganta seca em um instante, pode-se dizer até que estava tremendo um pouco. O homem bruto fora derrubado por meras palavras. Leon então engole em seco e tenta dizer sem gaguejar:
-Entendo... Então é isso. Bem, tenham um bom dia então.
-Ah, obrigada amor!

O rei então sai de seus aposentos o mais rápido possível e caminha com uma expressão irritada - pior que a de costume - e se dirige ao estábulo. Após ordenar um criador a pôr a cela em seu cavalo, ele sobe, depois de pronta tal tarefa, em sua montaria e parte em direção à costureira de Helena. Chegando nos limites da vila, o cavalo diminui a velocidade e caminha de maneira calma até a casa da costureira. Ao parar, ele desce do cavalo e se dirige a entrada da residência, batendo na porta com um pouco de força. Logo uma voz fraca e quase falha surge de dentro da casa:
-Já vai... - Foi o que disse a costureira enquanto se aproximava da porta. - Ah... Então é você... - Seu tom é alterado para um tom de decepção. - Eu esperava ver a rainha hoje, mas não o rei de Demiurth.
-É, eu também não estou muito feliz estando aqui. Não é como se eu tivesse vindo tomar o cházinho das onze com você.
-Então diga-me logo que quer e se retire antes que a rainha chegue. Creio que este não seja um evento muito agradável. - A senhora então se senta em uma cadeira de balanço, quase sem alcançar o chão.

A costureira tem uma pele morena, com cabelo já branco e uma estatura de mais ou menos 1,50m. Graças ao segredo que ela e o rei dividem, ele come na mão dela, mas em troca de manter o segredo, ele envia doações até que bem generosas para ajudá-la a se manter e ainda a criança.

-Isso é ótimo, vejo que já está a par das novidades... Pois bem, sua rainha decidiu que a princesa precisava vir até você, simplesmente ignorando a costureira do castelo, e é aí que você entra...
-O que quer que eu faça? Finja que não estou até ela aceitar sua costureira?
-Não. Você vai pôr esse garoto para fora de casa até a Helena ir embora! Leia e esse seu garoto não podem ser vistos juntos em momento algum!
-Hum... E se eu decidi que chegou a hora deles se encontrarem?
-Então eu decidirei que você e esse bastardo vão ter que arranjar uma casa nova no inferno! - Ele dizia enquanto se levantava, tentando intimidá-la com sua estatura alta. - Nosso assunto está encerrado!

O rei sai da casa da costureira e monta seu cavalo, desta vez seguindo um caminho mais longo, afinal, em pouco tempo a rainha estaria fazendo o mesmo percurso que Leon houvera feito para chegar até a vila.

[...]Enfim a rainha chegara à vila com sua carruagem e já é bem recebida de - literalmente - braços abertos pela costureira.

-Helena! Finalmente chegou!
-Iná! - Helena respondia com a mesma animação enquanto abraçava a costureira.
-Oh... Essa é a Leia... - Iná encarava Leia fixamente - É tão linda quanto tinha dito!
-Ela é sim!

Leia estaria um pouco tímida, então apenas fez uma simples reverência à senhora a sua frente.

-Ora, querida... Não precisa disso... Vamos entrando, ainda temos muito trabalho a fazer.

[...] Após um certo tempo, Iná conseguira tirar as medidas de Leia e até fez um desenho de seu vestido atendendo aos gostos da garota, então, agora seria a vez de Helena. Leia, um pouco entediada, se dirige até a porta.
-Mãe... Eu vou ficar aqui fora um pouco...
-Tudo bem, filha, mas cuidado!
-Certo!

Leia sai da casa e, enquanto caminha pela grama ao lado da casa de Iná, um garoto que corria olhando para trás acaba por se bater com Leia. O garoto a segura antes que pudesse cair e logo seus olhos se encontram por uns instantes. Logo Leia se encontra observando o garoto por inteiro, desde seus olhos azul claro, até o cabelo tão dourado quanto o seu, porém um pouco mais longo.
-Peço mil perdões, eu estava distraído! - Dizia o garoto enquanto ajudava a princesa a se manter reta e de pé novamente.
-N-não... Tudo bem...
-Meu nome é Gareth, e o da madame? - Ele perguntava com um belo sorriso no rosto.

Servo do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora